Pegou mal a suspensão da conta do jornalista Guy Adams, correspondente em Los Angeles do jornal britânico Independent, no Twitter. Nos primeiros dias dos Jogos Olímpicos de Londres, Adams foi um crítico incisivo da cobertura esportiva da rede americana NBC, que detém os direitos de transmissão do evento nos EUA.
No mesmo dia em que escreveu uma matéria sobre as queixas do público diante das falhas na transmissão da NBC – que deixou de exibir diversos eventos esportivos ao vivo para guardá-los para o horário nobre –, o jornalista teve seu perfil bloqueado no microblog.
De acordo com o Twitter, a suspensão ocorreu por conta de uma mensagem postada durante a cerimônia de abertura dos Jogos – que não foi exibida ao vivo. Adams identificou o executivo da rede responsável pela cobertura: “O homem responsável por a NBC estar fingindo que as Olimpíadas ainda não começaram é Gary Zenkel”. E não parou por aí: disse aos internautas que dessem sua opinião a Zenkel, informando o endereço de email de trabalho do executivo.
O Twitter informou a Adams que a conta havia sido suspensa pela divulgação de informações privadas de outra pessoa, “como email pessoal, endereço residencial, número de telefone ou documentos financeiros”, violando assim as regras do site. O jornalista respondeu que não publicou o email pessoal do executivo, e sim um endereço corporativo, “amplamente disponível a qualquer um com acesso ao Google”.
Mais críticas
A notícia da suspensão aumentou ainda mais as críticas à NBC, com mensagens raivosas circulando pelo Twitter. As informações sobre quem teria pedido a punição ao jornalista são desencontradas. A rede de TV foi acusada de ter solicitado ao Twitter o bloqueio da conta e, em declaração, chegou a dizer que abriu uma queixa “porque um usuário tuitou uma informação pessoal” de um de seus executivos. Posteriormente, surgiram notícias de que a NBC teria sido avisada pelo próprio Twitter sobre a mensagem com o endereço de email de Zenkel. “Nosso departamento de mídia social foi alertado pelo Twitter e a partir daí submetemos a queixa”, explicou o vice-presidente de comunicação da NBC, Christopher McCloskey.
Adams recebeu diversos comentários de apoio no microblog, como dos jornalistas Jeremy Vine, da BBC, e Piers Morgan, da CNN. O escritor escocês Irving Welsh, autor de Trainspotting, escreveu: “A proibição de Guy Adams no Twitter ilustra três tendências do poder hegemônico; 1) odeia críticas, 2) se leva a sério, 3) não tem senso de humor”.
Posteriormente, o Twitter restaurou a conta de Adams e pediu desculpas pelo “erro”. Com informações de Sam Masters [Independent, 31/7/12] e Josh Halliday [The Guardian, 31/7/12].