Uma nova prática do departamento de Justiça americano pode futuramente comprometer a relação dos jornalistas com fontes anônimas dentro do governo. A instituição vai enviar a pelo menos 80 pessoas envolvidas nas investigações sobre os envelopes de antraz que surgiram nos EUA em 2001 documentos que, uma vez assinados pelos destinatários, isentam do acordo de sigilo de fonte os repórteres a quem elas eventualmente passaram informações confidencialmente.
A iniciativa foi sugerida pelos advogados do especialista em bioterrorismo Steven Hatfill, que processa o governo pelo vazamento de informações que o fizeram ser citado na mídia como o possível remetente das cartas com antraz. Na época, a imprensa ficou sabendo que ele vinha sendo investigado pelo FBI.
Juristas especializados em imprensa ouvidos pelo New York Times [22/10/04] explicam que, sabendo da existência desse tipo de carta, fontes podem deixar de passar informações para jornalistas. Se viessem a receber esse documento, ficariam numa situação sem saída: se não autorizam a imprensa a dizer o que deixaram vazar, ficam sob suspeita de seus superiores e, se autorizam, correm o risco de serem identificados por algum repórter.
Os especialistas alertam que será um problema se esse procedimento se tornar rotineiro. Os pedidos de alívio de anonimato já foram usados no caso da agente da CIA Valerie Plame e, por isso, têm sido chamados de ‘isenções Plame’ no processo movido por Hatfill.