Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Debate divide empregados e patrões

Um encontro realizado na semana passada em Genebra reuniu jornalistas, executivos de organizações de mídias, associações e membros de governos para discutir a qualidade do trabalho na Sociedade da Informação. Sob o comando da Organização Internacional do Trabalho (ILO, sigla em inglês), entidade da ONU, o evento teve como objetivo determinar o impacto das novas tecnologias da comunicação no futuro das condições de trabalho dos jornalistas e da qualidade da mídia, da cultura e da indústria gráfica.

Liberdade ou camuflagem?

Um dos tópicos debatidos causou polêmica e dividiu as opiniões de importantes organizações de defesa do jornalismo, que posteriormente publicaram declarações com seus pontos de vista. A World Association of Newspapers (Associação Mundial de Jornais) e a European Newspaper Publishers Association (Associação Européia de Publishers de Jornais) não concordam com a possibilidade de interferência externa na qualidade editorial dos veículos de comunicação.

Em uma declaração conjunta, as duas Associações – que representam mais de 20 mil jornais – afirmaram que ‘qualquer interferência no conteúdo editorial dos jornais constitui uma violação perigosa e inaceitável na liberdade de imprensa e na independência de publishers e jornalistas.’ Elas pedem que a ILO ‘evite a inclusão do conteúdo editorial em sua análise sobre a qualidade da mídia’ e defendem que a liberdade de imprensa deveria ser ‘o princípio básico da discussão sobre o trabalho e a qualidade na Sociedade da Informação’.

Já a Federação Internacional de Jornalistas – que representa 500 mil jornalistas em mais de 100 países – acusou as duas Associações de usarem a liberdade de imprensa como um ‘escudo cínico’ para camuflar a onda de cortes em gastos editoriais que atingiu jornais em todo o mundo e que tem prejudicado a qualidade do jornalismo. Segundo o secretário-geral da Federação, Aidan White, os empregadores de mídia tentam evitar o escrutínio internacional sobre o impacto do enxugamento das redações. White definiu o protesto contra a análise da qualidade editorial como uma ‘tentativa nada convincente de se escapar da responsabilidade’.

Outras questões

Durante o encontro, as duas Associações ressaltaram que o crescimento de infrações de direitos autorais e a pirataria do conteúdo jornalístico, que acontece principalmente na internet, representam uma grande ameaça para a qualidade dos jornais. Já a Federação, em nome dos jornalistas, propôs que sejam repensadas as falhas e deslizes nos padrões jornalísticos e reforçou a importância do apoio a organizações que lutam pelo aumento da qualidade destes padrões. Informações da World Association of Newspapers [18/10/04] e da International Federation of Journalists [19/10/04].