A rede de TV britânica BBC decidiu não divulgar as imagens da chefe do órgão humanitário CARE International, Margaret Hassan, mantida refém no Iraque. As imagens transmitidas pela Al Jazira mostram a refém implorando por sua vida e pedindo a Tony Blair que retire as tropas britânicas do país. A decisão da BBC faz parte da nova política da emissora, que acredita que os terroristas exploram a mídia ocidental para disseminar o terror.
O diretor de jornalismo da BBC, Roger Mosey, afirmou que a corporação não decidiu por deixar passar em branco os casos de seqüestro por grupos terroristas, mas que eles serão estudados caso a caso e só serão levados ao ar aqueles que tiverem estritamente valor jornalístico. No início deste mês, Mosey causou uma crise interna ao proibir a transmissão de imagens do refém britânico Ken Bigley apelando a Tony Blair para intervir por sua vida. O diretor alegou que a intenção do vídeo era fazer publicidade para ‘espalhar o terror’.
Contudo, canais de TV como o Sky News optaram por mostrar uma parte da filmagem, incluindo as palavras de Margaret: ‘por favor, me ajude’. O canal ITN também disse que deve levar ao ar alguma parte do vídeo depois de estudar o quanto deve ser mostrado; sua intenção é mostrar o mínimo necessário para contextualizar a informação e evitar o efeito de propaganda.
No início de outubro, o chefe da CNN International, Chris Cramer, afirmou que o crescente uso de gravações de reféns postadas em sítios na internet está colocando as organizações de mídia sob intensa pressão dos terroristas.
Cramer acredita que os noticiários acabam ficando sem saída. Segundo ele, se uma pessoa acessa páginas de internet e vê fotos, vídeos e textos a respeito de seqüestros, ela acusa os noticiários que não oferecem essas notícias de estarem envolvidos com censura. Mas se esses noticiários divulgam esse tipo de imagem e publicam essas informações, então são acusados de envolvimento ‘com jornalismo irresponsável’. Informações de Dominic Timms [The Guardian, 23/10/04].