Paolo Gabriele, ex-mordomo do papa Bento 16, foi indiciado esta semana pelo roubo e vazamento de documentos do escritório do papa. Outro funcionário do Vaticano, o analista de sistemas Claudio Sciarpelletti, também foi acusado de envolvimento no crime. Sciarpelletti foi, no entanto, identificado como amigo de Gabriele, e não cúmplice, e teria tido papel limitado no vazamento, segundo o tribunal. Ele teria passado uma noite preso depois que um envelope com “material sensível” foi encontrado em sua mesa de trabalho.
Segundo o porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, sob as leis do Vaticano, Bento 16 pode, a qualquer momento, perdoar os dois acusados – não ficou claro, no entanto, se ele teria intenção de fazê-lo. Gabriele e Sciarpelletti devem ir a julgamento no fim de setembro. O ex-mordomo pode ser condenado a até seis anos de prisão.
O caso dos documentos vazados teve início em janeiro. A imprensa italiana explorou a história dos papeis secretos que revelavam disputas por poder dentro da Igreja e levantavam suspeitas de corrupção. Em maio, o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi publicou um livro com informações aparentemente baseadas nos documentos. Neste mesmo mês, Gabriele foi preso – e, segundo o tribunal, teria dito aos investigadores que pegou os papeis porque acreditava que o papa não estava bem informado sobre “o mal e a corrupção” em torno dele. Ainda de acordo com a acusação formal, o mordomo achava que um choque na estrutura do Vaticano, usando a mídia como meio, seria uma forma saudável de fazer com que a Igreja voltasse ao caminho certo. Informações de Alan Cowell e Elisabetta Povoledo, The New York Times [14/8/12].