Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A cratera onde cabem todas as mazelas

A mídia paulista, como é natural, está angustiada com a cratera do metrô: o resgate dos corpos, o trabalho dos bombeiros e as aflições daqueles que foram obrigados a abandonar as suas casas criaram um vínculo de solidariedade que não é muito comum em cidades com estas dimensões. Já a mídia carioca, está proibida de esquecer a guerra contra os bandos terroristas que na terça-feira (16/1) queimaram mais dois ônibus, desta vez na Mangueira.


Com o governo em férias, as páginas de política tentam animar a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados que, afinal, apresentou a primeira novidade: o aparecimento de um candidato da terceira via.


O horror em Bagdá toma conta das páginas internacionais enquanto o aquecimento global começa a ficar mais visível, mas não o suficiente, nas páginas de ciência.


Ineficiência, incapacidade


Assim, não sobra muito espaço nem muito tempo para encarar uma das situações mais chocantes do país. Das 322 faculdades de direito avaliadas pela OAB em todo país, apenas 87 podem ser recomendadas – pouco mais de um terço. Há estados como Roraima, Amapá e Tocantins que não conseguiram emplacar uma única faculdade nesta categoria.


Este não é apenas um desastre educacional: é a matriz da corrupção, da ineficiência administrativa e, sobretudo, da nossa incapacidade para formar elites.


A cratera revelada pela OAB não atrai as atenções da imprensa, mas ela é tão grande, tão grande, que ali cabem todas as outras mazelas.