Pelo menos nove jornalistas que trabalham na mídia online e apóiam a reforma do regime político no Irã foram detidos pelo judiciário desde setembro e irão a julgamento em corte pública acusados de fazer propaganda contra o estado islâmico, informou a Reuters [9/11/04].
Segundo a organização Human Rights Watch [9/11/04], nenhum dos detidos foi acusado de qualquer crime. Autoridades judiciais têm dado razões diferentes para as prisões. Em 12/10, o porta-voz do poder judiciário, Jamal Karimi Rad, disse que os prisioneiros foram acusados de ‘fazer propaganda contra o regime, colocando em perigo a segurança nacional, incitando levantes públicos e insultando crenças sagradas’. O chefe do judiciário, Aiatolá Shahrudi, afirmou em uma entrevista para uma emissora de TV estatal iraniana, em 27/10, que ‘estas pessoas serão julgadas por conexão com crimes morais’.
A internet virou o refúgio de jornalistas que perderam seus empregos quando o judiciário fechou mais de 100 publicações pró-reforma nos últimos quatro anos. Reformistas, incluindo o presidente Mohammad Khatami, têm denunciado as prisões como sendo motivadas por razões políticas e acusado a linha dura de tentar reduzir a liberdade de imprensa, que já é limitada no país.
O governo iraniano tenta silenciar comunicações via e-mails e blogs, o último meio de comunicação que restava para a liberdade de expressão no país. O Human Rights Watch disse que as prisões, que começaram em 7/9, apontam para o desenvolvimento de uma política onde o governo, pela primeira vez, está atacando ativistas participantes de ONGs.
O advogado de defesa de alguns dos jornalistas presos, Nemat Ahmadi, foi repetidamente impedido de se encontrar com seus clientes e disse que eles estão sendo mantidos em confinamento solitário sem permissão para ver ou se comunicar com seus familiares.