Leio no site do jornal Correio do Brasil: “Ação do Facebook despenca 7% com desvalorização de US$ 4 bilhões“
“As ações do Facebook despencaram mais de 7% nesta quinta-feira, para o menor nível desde o IPO da rede social, eliminando mais de US$ 4 bilhões em valor de mercado da empresa depois que o primeiro de vários períodos de retenção de venda dos papéis por detentores que têm relação com a companhia chegou ao fim.” (…) “O Facebook, maior rede social do mundo com 955 milhões de usuários, tem visto queda em suas ações desde a estreia que havia definido valor de mais de US$ 100 bilhões para a empresa.”
Taí uma notícia que revela mais do que a simples análise da situação do Facebook em operações bursáteis.
Como assim? Explico, ou tento explicar.
Observe que a matéria indica que se trata da “maior rede social do mundo com 955 milhões de usuários”. E daí? Daí que, considerando que atualmente a população mundial gira em torno dos 7 bilhões de pessoas, se deduzirmos destes os cerca de 1 bilhão de usuários do Facebook, restariam 6 bilhões de pessoas suspeitas de serem terroristas em potencial ou de denotarem alterações patológicas das faculdades mentais.
Como assim?! (Ora, o sanduba é seu, e você come do jeito que lhe der na telha.)
Acontece que recebi por e-mail outra matéria tratando de questões relacionadas ao Facebook, uma nota a mim enviada pelo meu amigo João Tertuliano, professor universitário, uma pessoa que só pôde comprovar sanidade mental depois de ter criado perfil do Facebook.
Como assim?! (Ora, você pode comer do jeito que achar mais conveniente, não precisa se preocupar com etiquetas.)
Mas… vamos aos fatos, ou à desfaçatez dos factoides.
A nota, publicada internet adentro, intitula-se “Não estar no Facebook pode ser sinal de perturbação mental, dizem psicólogos”.
“O Facebook se tornou um espaço tão comum para os internautas que não estar presente na rede social transformou as pessoas em estranhas. A revista alemã Der Taggspiegel chegou a traçar uma relação entre os assassinatos em massa cometidos pelo americano James Holmes e o norueguês Anders Behring Breivik: nenhum dos dois tinha perfil no Facebook.
“Em outro indício de que a falta no site nos torna ‘suspeitos’, a Forbes.com reportou recentemente que os departamentos de recursos humanos das empresas dos Estados Unidos estão mais cautelosos quanto aos candidatos que escolheram ficar de fora.
“A ideia dos recrutadores, como ressalta o Daily Mail, é que se a pessoa não quis criar uma conta no Facebook, tem uma vida complicada demais para se expor. E o Daily ainda traz o exemplo do repórter de tecnologia Farhad Manjoo, que escreveu uma coluna para o Slate.com dizendo que não se deve namorar quem está fora da rede social.
“‘Se você tem uma certa idade e vai se encontrar com alguém com quem pode acabar indo para a cama, e essa pessoa não tem uma página no Facebook, pode ser que você tenha recebido um nome falso’, afirma. ‘Poderia ser um tipo de bandeira vermelha.’
“Mas Manjoo acredita que isso é uma situação válida apenas para os jovens, já que os mais velhos não tinham redes sociais até se tornarem adultos.
“Outro site de tecnologia, o Slashdot, resumiu o que sugestiona a Der Taggspiegel da seguinte forma: ‘Não ter uma conta no Facebook pode ser o primeiro sinal de que você é um assassino em massa’. Tanto Holmes, que matou 12 pessoas num cinema, quanto Breivik, que matou 77, deixaram pequenas pegadas virtuais, mas nenhum indício pelo site de Mark Zuckerberg.
“Em entrevista à revista alemã, o psicólogo Christopher Moeller defendeu que o Facebook se tornou atestado de sanidade porque mostra que as pessoas têm relações sociais saudáveis.
“E você, acha que o Facebook tem todo esse poder?”
Autêntico paranoico
Mas existe outro problema a ser resolvido.
Como assim?! (Ora, coma do jeito que achar mais cômodo, afinal, isso aí deve ser um coito consentido, ao contrário da acusação que pesa contra o Julian Assange.)
Trata-se de outra matéria do próprio Correio do Brasil, “Facebook reconhece ter 83 milhões de perfis falsos“
Então, nesse caso, deduzindo esses 83 milhões de perfis falsos dos “955 milhões de usuários”do Facebook, restam no mundo apenas 872 milhões de pessoas confiáveis, os que possuem perfis “verdadeiros” no Facebook. Somos, portanto, aproximadamente 6 bilhões de suspeitos e 83 milhões de comprovados loucos terroristas que invadiram o site.
Mas foi o mesmo amigo meu, o João, quem forneceu a pista para matar a charada da “lógica facebookiana”.
Ele enviou junto à nota o comentário de um leitor(a):
“Oi João
“Essa lógica é um pouco controvertida. Dizer que os dois indivíduos eram assassinos por não terem perfil no Facebook me lembra aquela velha piada do português que concluiu que ‘era lógico’ que quem não tivesse um aquário era bicha. Rsrsrsrs ….
“Mas, o fato é que o FB pode tomar tanto tempo que as pessoas podem até não ter mais tempo de matar as outras, OU de salvá-las da morte, também. Rsrsrs …
“Um abraço”
Na mosca! Ou no asterisco dos tais psicólogos.
Você já perguntou ao seu vizinho se ele registrou perfil no Facebook? Não?! Então você é um sujeito ingênuo! Não é um autêntico paranoico, como estão querendo fazer de toda a população mundial – um bando de esquizofrênicos paranoides.
Agora pode comer seu sanduba ou trepar à vontade.
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[Fernando Soares Campos é editor do blog Assaz Atroz]