‘O Le Monde já foi considerado o mais ilustre jornal da França, seu ‘jornal de referência’, leitura obrigatória em todas as capitais européias e uma das publicações mais prestigiosas do planeta’, resume o jornalista americano Doug Ireland em artigo publicado em seu blog político [http://direland.typepad.com].
Depois de décadas de destaque, o sexagenário jornal enfrenta agora uma profunda crise, dissecada há pouco mais de um ano pelo livro La face cachee du Monde (A face escondida do Le Monde), escrito pelos jornalistas Pierre Pean e Philippe Cohen e publicado pela editora Fayard. Nele, são revelados os bastidores da controversa administração dos diretores Jean-Marie Colombani e Edwy Plenel e do presidente do conselho Alain Minc, desde 1994 no controle do jornal. O título, produzido em sigilo e impresso na Espanha, para evitar vazamentos e chantagens, virou best seller no país em pouco tempo.
Na semana passada, mais um capítulo da conturbada história de parcialidade, sensacionalismo e abuso de poder veio à tona. A edição de 24/11 do jornal parisiense Liberation noticiou o surgimento de rumores de que Plenel perderia seu emprego em breve e de que o jornal estaria com uma dívida de 135 milhões de euros – tendo perdido, apenas este ano, 35 milhões.
A entrada de novos investidores como solução para a crise financeira do Monde, afirma o Liberation, teria como conseqüência a ameaça de perda da independência editorial sonhada por seu fundador, Hubert Beuve-Mery – que, para garantir que o jornal estivesse sempre na mão de jornalistas, deu a eles, através da Societe des Redacteurs, a associação de jornalistas do Monde, o controle da maior parcela de ações e o direito de escolher em eleições seus diretores e presidentes.