Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O primeiro ombudsman do rádio

O jornalista Jeffrey Dvorkin criticou recentemente a National Public Radio (NPR, rede pública de rádio americana) em sua atuação na cobertura da guerra do Iraque. Disse também que a administração da rede não soube lidar com a demissão do popular apresentador Bob Edwards e acusou a repórter Terry Gross de ter sido ‘injusta’ ao entrevistar o apresentador da Fox News Bill O’Reilly.

Em um país livre, não há nada demais em se criticar publicamente veículos de comunicação. O diferencial, no caso de Dvorkin, é que ele trabalha para a NPR. É o primeiro ombudsman da emissora e o único funcionário pago por uma rede americana de rádio para criticá-la. Enquanto jornais importantes como o Washington Post e, mais recentemente, o New York Times mantém seus representantes do leitor, nenhuma emissora de televisão tomou a iniciativa de adicionar o cargo a seu quadro de funcionários.

‘Isso é uma vergonha’, afirma Dvorkin em entrevista a Howard Kurtz, do Post [22/11/04]. Ele conta que, quando assumiu o posto, em 2000, a tarefa de criticar jornalistas e administradores foi bem difícil. ‘Jornalistas estão sempre na defensiva, e criticá-los em público ou privadamente nunca é uma idéia agradável’, brinca.

O presidente da NPR, Kevin Klose, diz que gostou da idéia do cargo de ombudsman desde os tempos em que ele próprio trabalhava no Post – o posto foi criado no jornal há 34 anos. Segundo ele, hoje é mais importante do que nunca que a rede tenha um representante responsável por monitorá-la e fiscalizá-la: a audiência da NPR subiu de 13 milhões de ouvintes para 22 milhões nos últimos anos.