Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ossos do ofício

O livro O que é ser jornalista faz parte de uma coleção da Editora Record que já publicou ‘O que é ser…’ médico (Paulo Niemeyer Filho), maestro (Isaac Karabtchevsky), fonaudióloga (Glorinha Beuttenmüller), cineasta (Cacá Diegues), arquiteto (João Filgueiras Lima, o Lelé), e outros mais.


A proposta de cada livro é muito simples: o autor fala de sua trajetória profissional e ao mesmo tempo reflete sobre a profissão.


Noblat fez um livro, dividido em 13 capítulos, preocupado antes de tudo em contar muitas histórias inéditas, bastidores do que viveu e observou nos últimos 37 anos enquanto trabalhava nos jornais Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, A Tarde, Jornal do Brasil, O Globo e Correio Braziliense, e nas revistas Manchete, Veja e IstoÉ.


A narrativa é pontuada por dicas, críticas e reflexões sobre o exercício do jornalismo por estas bandas. Ela passa, por exemplo, pela demissão de Noblat do Jornal do Brasil cinco dias depois da eleição de Fernando Collor. E conta tudo sobre as dificuldades que ele enfrentou ao longo de quase nove anos para ajudar a modernizar o Correio Braziliense. O conflito Correio vs. governador Joaquim Roriz abre e fecha o livro.


O pano de fundo da trajetória profissional de Noblat é o quadro político nacional – do início do regime militar à explosão da bomba no Riocentro, da eleição de Tancredo Neves à vitória de Lula, a quem o jornalista conheceu ainda como metalúrgico em São Bernardo do Campo.


Trechos do livro


** ‘Quem deseje levar a sério o jornalismo há de se tornar refém de suas leis universais e até certo ponto desumanas. Uma delas ensina que a glória de um repórter dura, no máximo, 24 horas. Outra lei estabelece que o jornalismo deve ser exercido em tempo integral. Isso quer dizer: do momento em que o jornalista acorda até o momento em que vai dormir. Manda outra lei do jornalismo que se duvide sempre de tudo e de todos.’


** ‘Para fazer bom jornalismo, você tem de deixar preferências e preconceitos políticos de lado (é o mais difícil), escancarar sua mente (é difícil) e estar disposto a ir buscar informações com quem quer que elas estejam (é o menos difícil). Direito a voto, você conserva. Direito a declarar o voto, você perde.’


** ‘O jornalista está obrigado a tentar ser justo e impiedoso (devo ter sido mais impiedoso do que justo). E a provar o tempo todo que é independente. Pois não basta ser. Tem que parecer.’


** ‘Porque creio sinceramente – por mais que isso traia uma visão romântica do jornalismo – que a imprensa existe antes de tudo para socorrer os aflitos. E afligir sem dó os seus algozes.’