Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A cutucada que a imprensa não valorizou

As primeiras reações da imprensa ao lançamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) oferecem um retrato fiel dos impulsos e mentalidades que dominam nossas redações.


Ao longo da segunda-feira (22/1), rádios, telejornais e portais da internet saíram atrás das medidas e providências de caráter econômico. Mas o lançamento do PAC foi um fato político – e da maior relevância. Não apenas porque significou o início efetivo do novo governo , mas porque contém uma resposta contundente ao show autoritário exibido na semana passada por Hugo Chávez.


Quando o presidente Lula afirmou que aqui não se crescerá sacrificando a democracia estava dizendo ao mundo que o Brasil não é a Venezuela. E, obviamente, também não é a Bolívia nem o Equador. Foi o mais incisivo e inequívoco posicionamento anti-Chávez do governo brasileiro.


A idéia não surgiu num improviso, foi pensada, repensada, inclusive pelos assessores que cuidam da nossa política continental. Na terça-feira (23), dos três jornalões nacionais apenas O Globo reproduziu-a em retumbante manchete, mas nos editoriais os três pareciam ter ensaiado o mesmo canto de louvor à iniciativa privada. E dos seis articulistas políticos que militam nestes jornalões, apenas um, também do Globo, soube enxergar a importância do tranco brasileiro nos delírios chavistas.


A imprensa brasileira já foi mais rápida no gatilho.