‘Na última quinta-feira (2), aconteceu no centro do Rio de Janeiro mais um conflito entre camelôs e a guarda municipal. No dia seguinte, o jornalismo carioca estampava manchetes sobre um idoso que teria sido baleado durante o tumulto, por um tiro que, segundo os camelôs, nunca foi disparado – mas que se tornou realidade porque foi publicado nos jornais. É um exemplo, infelizmente, recorrente, e que se enquadra na prática já consolidada de criminalização dos movimentos sociais por parte da grande imprensa nacional e que conta com episódios ainda surpreendentes.
‘A imagem de marginalização dos camelôs vendida pela mídia impede que a população entenda que esse povo precisa trabalhar, que desempenhamos um papel fundamental na economia do Rio e que, por isso, é possível convivermos em paz. Todos os dias, há 12 anos, os camelôs apanham dos jagunços do governo municipal. Mas ninguém fala isso e o enfoque que a imprensa nos dá é de criminalização e pirataria. A gente fica preso ao que os jornais querem passar para a população. A gente faz audiências púbicas, participa de debates e não sai uma linha. Agora no dia do confronto a imprensa toda está lá para ver a cidade pegar fogo, para passar essa imagem de bandidos que não somos’, relata emocionado Idson Silva, coordenador do Movimento Unido dos Camelôs do Rio de Janeiro, o Muca.
Idson Alves dividiu sua história com cerca de cem representantes de movimentos sociais e sindicatos que participaram, neste final de semana, no Rio de Janeiro, do 10o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação. Intitulado ‘Comunicação, Ideologia e Política na Batalha da Hegemonia’, o encontro debateu a importância da comunicação para que os trabalhadores e os setores populares lutem para alcançar seu objetivo de construção de um país mais justo. Uma tarefa que passa, principalmente, pela desconstrução de conceitos mal formatos – como o dos camelôs contrabandistas – e impostos pela grande mídia à sociedade cotidianamente.
O exemplo mais claro é o do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. São raríssimos os artigos publicados pela grande imprensa sobre as 300 cooperativas altamente produtivas que funcionam em assentamento do MST ou sobre os 65 cursos formais de educação – dos quais 25 de ensino superior – realizados pelo movimento, que fazem com que os sem-terra sejam responsáveis por uma educação de alta qualidade para suas crianças no campo. A mídia prefere tachar o MST de baderneiros e perigosos para a democracia brasileira.
‘Insistem, por exemplo, em nos cercar no tema da corrupção, usando táticas como o pedido de uma CPMI para nos colocar no mesmo patamar dos bandidos do país. Isso não é só coisa de um Josias de Souza [repórter da Folha de S.Paulo] e dos Mesquita [grupo Estado]. Faz parte de um projeto de Estado. Todo o aparato de mídia no Brasil faz parte de um conjunto à serviço da luta de classes para minar a organização dos movimentos sociais e populares. Na medida em que pobre tem ideologia e conhecimento, ele se torna perigoso para a elite’, acredita João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do movimento. ‘Por isso não podemos discutir os meios de comunicação no país sem discutir um projeto para o Brasil. A elite brasileira teve a capacidade de garantir que a reforma agrária nunca acontecesse em 500 anos de história. Com a limitação do Estado democrático, não foi mais possível usar o canhão, como em Canudos, ou os aviões com bomba que atacaram Contestado. Agora a elite usa os meios de comunicação, que fazem este ataque e entram todos os dias na casa das pessoas’, afirma.
Para fazer essa disputa contra-hegemônica, o MST tem investido há muito tempo na comunicação com a sua militância. Há 23 anos publica o Jornal Sem Terra, há sete lançou uma revista, possui uma página na internet, desde 2001 envia quinzenalmente um boletim eletrônico para milhares de endereços de e-mail, está ligado ao jornal Brasil de Fato e, mais recentemente, colocou no ar uma rede de 25 rádios comunitárias em seus assentamentos. Outras 50 estão previstas para o ano que vem. Na visão do movimento, no entanto, isso ainda é pouco, pois o diálogo ainda está limitado aos que já apóiam a causa da reforma agrária. Seria preciso atingir a sociedade como um todo.
‘É preciso fazer um debate político e ideológico com a esquerda para se construir um novo modelo de país. A idéia não é acabar com a Globo; e não podemos ter a ilusão de que vamos influenciar a grande mídia. Mas podemos seguir o exemplo da Venezuela e construir novos instrumentos de comunicação para falar com o nosso povo. As rádios comunitárias são uma ferramenta importante para isso. E, neste caso, temos que usar do mesmo mecanismo empregado na ocupação da terra. Colocar no ar para depois legalizar. Nessa disputa, precisamos usar da desobediência civil para transformar a realidade’, diz João Paulo Rodrigues.
Direito à comunicação
Para além do uso da comunicação como ferramenta essencial de mobilização social e disputa contra-hegemônica, começa a crescer no Brasil o número de organizações sociais que vêem a comunicação como um direito, portanto, essencial para a construção de uma sociedade igualitária. Entre elas, estão a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), a Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), o Centro de Cultura Luiz Freire e o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Estas e outras 30 organizações lançaram recentemente uma articulação nacional pelo direito à comunicação, denominada CRIS-Brasil (Communication Rights in the Information Society – Direitos da Comunicação na Sociedade da Informação), que integra um articulação internacional sobre o tema. O principal objetivo da CRIS-Brasil é lutar pelo reconhecimento e efetivação do direito humano à comunicação, buscando, para isso, a garantia de políticas públicas e a apropriação do conhecimento e de seus processos de produção e difusão por toda a sociedade.
‘A disputa contra-hegemônica só vai se resolver quando tomarmos conta da mídia. E, para isso, temos a legislação a nosso favor. Os canais de rádio e TV são concessões públicas, mas 97% dos alunos do segundo grau não sabem disso. Vivemos um impasse sobre como fazer com que a comunicação seja um bem público e que a mídia seja um porta-voz da sociedade, uma esfera de debate público. Se não houver de fato apropriação desse bem, não haverá democracia. Enquanto houver donos da mídia, não haverá sociedade democrática’, afirma o professor Pedrinho Guareschi, da PUC do Rio Grande do Sul.
Questões imutáveis
Antes do período marcado pelo surgimento de novos veículos de comunicação alternativa dispostos a combater o pensamento único – como a revista Caros Amigos, a revista Reportagem, o jornal Brasil de fato e a Agência Carta Maior, todos nascidos no final da década de 90 ou início desta – a imprensa sindical desempenhou um importante papel no espaço de luta contra-hegemônico. Na década de 80 e durante o governo Collor, por exemplo, cerca de 700 profissionais ligados aos sindicatos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) colocavam diariamente nas ruas do país milhares de exemplares de seus jornais. A imprensa sindical foi pioneira em se posicionar contra as privatizações e o projeto de desenvolvimento implementado pelo primeiro governo eleito democraticamente após a ditadura militar.
Cerca de 15 anos depois, essa imprensa pouco avançou. Uma pesquisa realizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e divulgada durante o curso revelou que a internet é um instrumento pouco utilizado pelos sindicatos e que as pautas do jornalismo sindical continuam corporativas. ‘Há uma dificuldade em fazer a relação daquilo que interessa ao trabalhador com as grandes questões da política nacional. A pauta continua muito umbiguenta’, explica Cláudia Santiago, do NPC.
‘Além disso, percebemos dois grandes dilemas vividos pela imprensa sindical. O primeiro é como se relacionar com este governo que ajudamos a eleger, enquanto imprensa dos trabalhadores, e que agora conta com os representantes do sindicalismo em seu interior. O que fazer agora com a reforma da previdência, que ajudamos a impedir no governo FHC e foi aprovada por este? O que fazer com a reforma sindical e trabalhista em curso? O segundo dilema é que a CUT deixou de ser consenso entre os sindicalistas. São duas questões novas que a imprensa sindical ainda não sabe como resolver’, analisa Cláudia.
Para a jornalista, algumas questões seguem imutáveis. A classe trabalhadora, por exemplo, ainda não tomou consciência acerca da centralidade da comunicação na luta política, o que fica claro pelos poucos recursos destinados a essas iniciativas. Daí a necessidade de cursos como este promovido pelo NPC. Para saber mais sobre a iniciativa, visite a página www.piratininga.org.br.’
ENTREVISTA / PEDRO BIAL
‘O dr. Roberto não era o demônio’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 11/12/04
‘ ‘Sou surfista de onda grande.’ Assim o jornalista, apresentador de TV, poeta e cineasta Pedro Bial, 46 anos, explica por que não hesitou um minuto antes de aceitar a incumbência de escrever o perfil biográfico de um dos maiores empresários da história do Brasil, Roberto Marinho. E por que hesitaria? Bom, talvez porque outros incautos escalados no papel de biógrafo do homem ao longo do tempo – Otto Lara Resende, Cláudio Mello e Souza, Evandro Carlos de Andrade – tenham, todos, dado um jeito de pular fora. ‘Eles saíram de fininho e a roubada sobrou para mim’, admite Bial. Talvez, ainda, pelo fato de a encomenda ter partido da própria família Marinho, que dificilmente se satisfaria com menos que um livro simpático ao patriarca. O resultado é ‘Roberto Marinho’ (Editora Zahar), que comemora o centenário de nascimento do homem que gostava de ser chamado de ‘nosso companheiro’.
O volume, cheio de histórias saborosas escritas em tom de conversa, tem o potencial de dar mais dor de cabeça ao autor do que seu mergulho anual nas profundezas da televisão popular, como apresentador do Big Brother Brasil. Não há como negar coragem a Bial. O livro não tem traço do personagem em que a esquerda brasileira se habituou a projetar todos os males nacionais. Funcionário da Rede Globo há 24 anos, Pedro Bial assume que escreveu sobre o patrão como um apaixonado. Literalmente. ‘Eu procurei o demônio e não o encontrei’, garantiu em entrevista de duas horas a um batalhão de jornalistas de NoMínimo: Guilherme Fiuza, Pedro Doria, Sérgio Rodrigues, Tutty Vasques, Xico Vargas e Zuenir Ventura. A conversa foi cordial, espirituosa, mas com momentos de nervosismo: por três vezes, Bial queixou-se de ter esquecido o Rivotril, um tranqüilizante.
Agora que está destruído o mito de que Roberto Marinho não iria morrer, ele está morto, você não acha que está criando um outro mito, o do homem sem defeitos?
Bial: Não tem defeitos no livro? Caramba, isso é uma crítica séria… Eu procurei apontar, mas então eu acho que não fui bem sucedido. Tem a ganância, não é? Mais que defeito, é considerado até um pecado, e está dito lá com todas as letras que ele era um homem ganancioso, que em primeiro lugar só pensava nas suas empresas… Bom, talvez isso não seja um defeito para um empresário. Falo também da teimosia, que ele foi um pai ausente. Era um homem que demitia fácil, eu acho que isso fica claro no livro, tinha um coração duro. Também tinha afetos arrebatados e um dia se cansava, pessoas de quem ele não desgrudava eram chutadas de repente para escanteio. Talvez isso eu pudesse ter explicitado mais, mas era uma característica dele.
Você é de uma geração que cresceu ouvindo a esquerda dizer que Roberto Marinho era o demônio. E se você encontrasse o demônio em suas pesquisas, o que diria para a família?
Bial: Eu procurei o demônio e não encontrei. Num balanço, eu acho que ele fez mais bem do que mal, gerou muita prosperidade. Se for para botar na mesa visões de mundo antagônicas à dele, como a do Brizola ou a da esquerda brasileira que acreditava que o Estado seria a solução de todos os problemas, eu estou muito mais afinado com ele mesmo. E acho que esse papo de demônio é um vício renitente no jornalismo, essa coisa de sair para fazer uma matéria pensando: contra ou a favor? Esse tipo de pensamento está morto e enterrado, chega disso. Estou cansado de ver jornalista indo pra rua já sabendo quem é o vilão. Eu quero mais é ouvir a versão do Silveirinha e não sair dizendo que o Silveirinha já é culpado antes dele falar. Esse maniqueísmo é do século 20, e a gente está no 21. Eu no livro não sou contra nem a favor. Só agora, pelo que vocês estão me dizendo, estou pegando as primeiras reações dos leitores e percebendo que talvez o livro tenha ficado mais para o favorável, digamos assim. Mas quer ver um exemplo brilhante de biografia? O ‘Cobras criadas’, do (Luís) Maklouf. É brilhante porque ele descreve o David Nasser de um jeito que o título poderia ser ‘Perfil de um crápula’, e no entanto não faz um juízo de valor durante o livro inteiro, não usa adjetivo.
É claro que alguma coisa excepcional a figura de Roberto Marinho tinha, ou não teria começado a fazer uma televisão aos 60 anos, quando 95% das pessoas se aposentam.
Bial: É como eu disse, eu não queria que o livro fosse uma hagiografia de Roberto Marinho, mas eu fui o tempo todo deixando bem claro que eu estava me apaixonando pelo personagem. Eu fui escrevendo enquanto fazia a pesquisa, descobrindo como era o sujeito junto com o leitor. Quando percebi que estava apaixonado, já tinha acontecido, não foi algo pensado. Fui fazendo e ele foi me ganhando.
Você está traçando um perfil de um sujeito que foi um grande comedor de gente. Por que não entregar mais coisas, dar uma lista de mulheres?
Bial: Eu usei o que era pertinente para compor o perfil biográfico dele. Eu não estava fazendo a revista ‘Caras’, teria material para fazer, mas achei que seria impertinente e deselegante. Eu me orgulho do que consegui fazer, foi uma façanha. Acho que teve esse defeito do autor ter se apaixonado pelo personagem, mas isso é bastante comum, não fui o primeiro. O livro é digno.
Não faz falta uma investigação melhor sobre aquilo que o Chatô aborda, a negritude do Dr. Roberto?
Bial: O Irineu era evidentemente mais mulato, eu acho que isso era da mãe do Irineu. Inclusive o Irineu, junto com outros poucos empresários e membros da elite, bancou a ida dos Oito Batutas (grupo de Pixinguinha) para Paris em 22, quando o Epitácio Pessoa proibia negros na seleção brasileira de futebol. Eu não consegui identificar quem era o negro da família. Os filhos também não sabem, embora o João diga com todas as letras que tem sangue negro. Mas eu não fiz genealogia, não. Tinha até uma que o Ricardo Marinho (irmão de Roberto) tinha feito, mas eu não usei. Era uma coisa mais de buscar as origens nobres da família Marinho na Península Ibérica. Agora, tem certas coisas no livro que eu achei que iam chamar mais a atenção…
Quais?
Bial: Por exemplo, a primeira doença venérea, aos 16 anos. E a música sobre a cocaína que o Donga dedicou a ele. Isso era uma coisa que se cochichava nos corredores, e o Sérgio Cabral me socorreu ali, contando a briga entre Donga e a turma de Pixinguinha e Sinhô, que era a turma do Roberto também. Quer dizer, a música pode ter sido uma provocação.
Quais foram os limites que a família traçou?
Bial: Eu adorei um conselho que o João Roberto me deu quando fui entrevistá-lo. Eu falei: ‘Vou fazer uma reportagem com vocês como sempre fiz na Rede Globo, porque vocês sabem que eu sou um ser global, comecei a trabalhar na Globo e nunca mais saí, vou fazer 25 anos de TV Globo’. E falei que lá eu nunca fui aporrinhado, nunca me disseram como contar, o que fazer, nunca fui incomodado. O conselho do João: ‘Você pode tratar de todos os assuntos, contanto que seja com naturalidade’. Eu adorei esse conceito de naturalidade porque é subjetivo pra chuchu e ao mesmo tempo me ajudou a entender o Roberto Marinho, como ele lidava com as situações mais embaraçosas e potencialmente explosivas. Ele utilizava a arma da naturalidade. Tem aquele episódio logo depois da porradaria da Time-Life, a briga violenta com os Diários Associados. O João ‘Calmão’, como ele chamava, o convida para uma reunião no ‘Cruzeiro’ e ele, para surpresa de todos, vai. Entra no ‘Cruzeiro’ na maior naturalidade. Todo mundo sai correndo quando o vê. Percebi que o João estava me dando aquela orientação porque aquilo ele ouviu do pai, era parte da munheca política dele.
Todos os filhos foram fontes?
Bial: O Roberto Irineu foi, o Zé Roberto foi um pouco menos, o João foi. Todos foram fontes porque deram entrevistas generosas, abertas e francas. O Roberto Irineu, por exemplo, descolou um grampo de 1940 do DIP. O João sabe muito da história do jornal. E o Zé contou histórias muito bacanas, como a do pai lhe dizer que era simpático à revolução sexual, ao amor livre da década de 60, e explicar: ‘Na minha época, as meninas iam na minha casa na Urca, faziam de tudo e depois casavam virgens’.
Você ouviu conselhos de amigos dizendo para não entrar nessa de biografar Roberto Marinho, que era uma roubada? O seu psicanalista não achou que você estava maluco?
Bial: Eu ouvi o seguinte do meu editor, Bob Feith, da Objetiva, e interpretei um pouco como despeito dele: ‘Estou procurando ver as vantagens, mas só vi as desvantagens’. Eu sempre gostei de onda grande, sou surfista de onda grande. Recebi o convite nas condições mais engraçadas, eu estava em Berlim fazendo umas matérias para o ‘Fantástico’ e me ligou o (Luís) Erlanger (diretor da Central Globo de Comunicação), que é o autor da idéia do meu nome. Três horas da manhã, eu dormindo, toca o telefone: ‘Vem cá, você não quer escrever um perfil biográfico do Roberto Marinho?’. Ele me consultou antes de apresentar a idéia aos filhos, foi meio de supetão. Aceitei na hora porque eu queria escrever. Já o meu psicanalista achou uma boa oportunidade de enfrentar o nosso inimigo declarado, que é o senso comum. Nós, do jornalismo, somos muito pautados pelo senso comum. Nesse sentido, eu aproveitei a chance de humanizar um sujeito sobre quem todo mundo já tinha idéias solidificadas e ninguém sabia nada. Eu sou meio papagaio das idéias do meu psicanalista, tenho que confessar. Admiro muito o Francisco Daudt da Veiga, não só por ser o sujeito que mantém minha precária saúde mental, mas pelos livros que ele escreve.
Em nenhum momento você se arrependeu?
Bial: Não, me arrepender, não. Eu fiquei foi muito estressado com o negócio do tempo, do prazo. Quando escrevi metade do livro, achei que era melhor mandar para os filhos lerem, e eles gostaram tanto que a idéia de ter tudo pronto até o dia do centenário do nascimento (no último dia 3) foi abandonada. ‘Vai escrevendo, quando terminar terminou’, me disseram. Mas o deadline já estava introjetado e eu não conseguia pensar em outra coisa. Eu estava possuído por esse senhor aí, não conseguia dormir, para dormir tinha de tomar pílula. E sonhava com ele, acordava pensando nisso. Andava pelo Jardim Botânico com a última linha do livro na cabeça e chorava: quando é que vou conseguir chegar lá? É difícil escrever, pôr uma palavra atrás de outra, uma frase atrás da outra. Na televisão, a gente tem os artifícios de edição, mas escrever é muito chato. Literalmente, é catar milho, e no começo eu catava milho até oito horas, dez horas por dia. Aí percebi que o trabalho das últimas duas, quatro horas, eu tinha de reescrever no dia seguinte.
Quanto tempo levou esse mergulho?
Bial: Eu comecei a trabalhar no livro em novembro de 2003. Em janeiro, fevereiro, março e início de abril fiquei fazendo entrevista e pesquisa, acumulando com o ‘Big Brother Brasil’, e era aquela esquizofrenia, dois universos completamente opostos: de manhã eu estava fazendo uma entrevista de quatro horas com o Jorge Serpa, ali na Rua São Bento, à noite tinha paredão. E eu não podia confundir uma coisa com a outra. Só comecei a escrever mesmo em meados de abril. Foram menos de três meses escrevendo, mas literalmente enclausurado.
Você tinha uma equipe trabalhando com você?
Bial: Tinha o Projeto Memória, que já tinha começado um trabalho de organização e levantamento da memória das Organizações Globo, isso desde 99. Mas era um trabalho mais geral e não específico sobre o dr. Roberto.
Há duas fontes raríssimas no livro, o Jorge Serpa e o José Luís Magalhães Lins…
Bial: O Jorge Serpa, que é genial, topou falar depois de muita cantada. O José Luis até que foi mais receptivo porque era muito amigo e tal. Muitas entrevistas eu tive que refazer depois que o dr. Roberto morreu, porque uma coisa é falar do homem vivo… Depois da morte as pessoas ficavam mais à vontade, antes tinha uma cerimônia muito grande, tinha certos assuntos tabus. O principal, que eu coloco logo no início do livro, para chutar o pau da barraca, é a coisa da senilidade. Ninguém falava, não se podia falar nisso, e resolvi abrir assim.
Tem a ver com você mostrar logo de cara que tem uma liberdade de trabalho?
Bial: Eu acho que tem mais a coisa de pegar o leitor logo nas três primeiras páginas, com uma imagem surpreendente que ninguém sabia, e ao mesmo tempo que todo mundo se identifica, que é esse inconformismo com a idade. Eu acho que todo mundo se olha no espelho e fica muito bravo. Eu, por exemplo, não estou com 46 anos e sim com meus 25 anos, e acho que todo mundo tem esse inconformismo com o tempo que Roberto Marinho tinha. É mais uma isca mesmo, para pescar a atenção do leitor.
O que você deixou fora do livro?
Bial: Do que eu achei mais pertinente para traçar o perfil, não deixei muita coisa fora. Só certas intimidades e coisas que eu não podia comprovar 100%, que não tinha como bancar. Uma coisa que eu não falei é que, tanto no jornal quanto na televisão, muito do sucesso do Roberto Marinho se deve à incompetência da concorrência também. Teve vários momentos em que ele ousava começar uma coisa e a concorrência só ficava torcendo para dar errado, como no episódio em que o Boni junta o João Saad (da Bandeirantes) e o dr. Roberto Marinho na casa do Cosme Velho e propõe uma rede, a primeira rede do Brasil. E o João disse que era muito dinheiro, que não ia entrar nisso.
Essas pesquisas mudaram de alguma forma sua visão sobre o golpe de 64?
Bial: Não mudou muito. É até ridículo dizer que sou um castellista porque eu tinha uns 6 anos quando se deu o golpe, só me lembro que eu fiquei feliz porque não teria aula no dia seguinte no Chapeuzinho Vermelho, mas historicamente eu sou simpático ao Castello. Familiarmente, também: o meu pai estava meio que fazendo as malas depois do comício da Central. Ele era um judeu fugido do nazismo, tinha tido experiência com os comunistas também, ficou apavorado com o que ia acontecer no Brasil. Odiava o comunismo, embora tivesse grandes amigos comunistas, como o Vianinha. Mas eu acho que a ditadura mesmo começa em 68. O Castello era um legalista, o grande erro dele foi prorrogar por um ano o seu mandato. Aí toma aquele pau nas eleições estaduais e pronto, a história fica cada vez mais triste…
Qual é o papel dos filhos de Roberto Marinho na modernização e na abertura, digamos, democrática pela qual passaram tanto o jornal quanto a TV?
Bial: O envolvimento cada vez maior dos filhos foi um processo. Nunca poderia haver uma ruptura porque ele não suportava a idéia de sucessão. No caso do ‘Globo’, o João tinha uma interlocução com o pai que nenhum dos outros filhos teve, eles passavam as manhãs conversando e, segundo me disse o João, entravam em desacordo, discutiam, esgrimiam. O João teve a habilidade de, através de longas conversas, ir abrindo o jornal. Mas, como o Roberto andou muito obcecado na década de 60 em colocar a Rede Globo de pé, ele tinha meio que deixado de mão o jornal. Acho que é até o (Henrique) Kaban (ex-executivo do ‘Globo’) que fala isso no livro: houve um momento em que o jornal estava à direita do dono, já não representava mais o tipo de jornal que ele gostaria de fazer.
Você diz no livro que, quando Roberto Marinho volta a se encontrar com a família Collor de Mello, ele tinha reservas em relação ao candidato porque nunca se esqueceu da ‘traição da mãe’. Mas Collor era sócio dele na TV Gazeta de Alagoas, uma das mais antigas afiliadas da Globo, desde 75. Estava longe de ser um estranho…
Bial: Uma coisa é você ter uma afiliada, ter um sócio numa afiliada, e outra coisa é decidir quem vai apoiar para presidente. Ele de fato tentou apoiar o Covas, isso aí é documentado, mas os dois não se suportavam. O Fernando Henrique e o Serra tentaram vender para o Covas o discurso do choque do capitalismo, mas o Covas e a esquerda do PSDB fugiram disso. Sobrou uma campanha ultrapolarizada entre o Collor e o Lula, que vinha dizendo que ia acabar com a Rede Globo.
Você já foi jogador de basquete, poeta militante com o grupo Os Camaleões, correspondente da TV Globo, dirigiu um filme (‘Outras Estórias’, baseado em Guimarães Rosa), apresenta o Big Brother. O que gosta mais de fazer?
Bial: De escrever, por mais chato que seja. O cinema foi minha experiência mais traumática porque eu perdi tudo, todas as economias que tinha feito durante a vida inteira. Ao mesmo tempo, o que o trabalho tinha de criação, esse lado autoral da direção, ficou na minha vida como uma redoma de encantamento. O que quero fazer agora é ficção. Estou com um projetinho meio encaminhado que é baseado em fatos reais mas é ficção também, e que trata de uma obsessão minha: falar sobre o meu pai, pesquisar a vida dele. Estou pensando em ir à cidade em que ele nasceu na Polônia, apurar para ver se tem algum caldinho ali. Essa idéia está forte agora porque vi outro dia em Londres uma encenação do ‘Hamlet’ pela Royal Shakespeare Company. Essa foi a peça que fez com que meu pai fosse um dos fundadores do TBC. Um dia, ele começou a ver os ensaios com dois jovens atores, Sérgio Britto e Sérgio Cardoso, no teatro dos estudantes. Ficou alucinado, via todos os ensaios, e no dia da estréia, quando deu uma paúra no diretor de cena, que é um nome mais pomposo para contra-regra, ele se ofereceu: ‘Eu sei de cor, eu faço’. Foi assim que começou a carreira do meu pai no teatro.
Você ainda escreve poesia?
Bial: Escrevo, mas é impublicável. Não tem qualidade para ser lançado, segundo o meu crivo. Lança-se demais, publica-se poesia demais e eu fico com uma dó ecológica das árvores que se sacrificam para publicar tanta porcaria. Nós temos belos poetas, mas é aquilo que o João Cabral falava: qualquer um que toma um pé na bunda da namorada acha que é poeta.
Você pode gostar mais de escrever do que de suas outras atividades, mas para o grande público é principalmente o Pedro Bial do Big Brother, não?
Bial: Exatamente. Mudou minha qualidade de vida para pior. Eu virei o Chacrinha, ninguém tem a menor cerimônia comigo. Às vezes é chato pra caramba, tenho que ser agressivo. Se for à praia com meus filhos e não der um chega-pra-lá no primeiro, junta um bolinho e acabou a minha praia. É um tipo de popularidade muito chata. O programa virou uma instituição nacional de início de ano. Estou com medo, no quarto ano eu já estava com medo e no quinto, agora, mais ainda, porque em algum momento vai cansar. O que eu acho mais interessante no Big Brother é a versão brasileira. Ele é um programa de conteúdo adulto feito pela Endemol para vender sempre para a segunda emissora de cada país, para que ela pela primeira vez chegue à liderança. Aconteceu isso em todos os países, menos no Brasil porque o SBT roeu a corda na última hora. E no Brasil o BBB virou um programa da família, tem público infantil, faz muito sucesso entre crianças e pré-adolescentes. Outra coisa que é absolutamente ausente nas edições internacionais é o humor. No Big Brother Brasil a edição deu um grande toque de humor, isso depõe favoravelmente ao país.
Você acha que ficaria menos popular se pusessem lá dentro uns intelectuais?
Bial: Eu acho que em dois dias os intelectuais mais brilhantes do Brasil estariam falando de xixi, cocô e sexo. Ninguém ia ficar discutindo a ‘Crítica da Razão Pura’. Na França fizeram isso, colocaram escritores, e ficou insuportável. O que eu acho que falta mesmo ali é velho, e mais de 40 já é velho para o BBB. É uma coisa maluca, mas bem típica do Brasil. O Nélson Rodrigues já falava que, para nós, ‘a juventude é uma qualidade em si’.
Você foi muito patrulhado por participar desse jogo?
Bial: Fui. Chegou um momento em que eu achei que não ia mais conseguir ler porra nenhuma. Mas aprendi a relativizar o que vem de determinados veículos porque existe uma guerra comercial: é fato que a TV Globo detém 70% do faturamento publicitário do Brasil, então é legítimo que os outros veículos comprem essa briga. Uma vez eu vi o Otávio Frias Filho (da ‘Folha de S. Paulo’) falando no ‘Observatório da Imprensa’: ‘Realmente, fazemos uma campanha contra a TV Globo’. Ele assume, o que eu acho maravilhoso, legítimo, embora isso vá criando um hiato cada vez maior entre Rio e São Paulo, que não é bom para ninguém. Mas isso me desobriga também de achar que é idônea qualquer crítica à TV Globo feita nesse jornal.
Como é o seu contrato com a Globo? Depois desse livro, a próxima renovação terá um teto alto, não?
Bial: O último contrato que eu fiz foi de cinco anos, em 2001. Ano que vem é o último ano, em 2006 tem a renovação. Mas não sei se essas coisas se transferem, não. Pode ser até o contrário, pode ser um ônus. O livro foi um acerto entre o Pedro Bial e os filhos do Roberto Marinho, não tem nada a ver com o funcionário da Rede Globo. O cacife que eu tenho é do Big Brother, porque hoje eles têm um apresentador muito mais versátil e que pode fazer várias coisas. O livro pode ser um ônus por ciumeiras políticas, porque supostamente eu teria tido intimidade com os acionistas. Gostei de lidar com eles, mas acabou. Agora, eles lá no Olimpo e eu na minha vidinha.
Quem é mais símbolo sexual: você ou o Jabor?
Bial: O Jabor, com vários corpos de vantagem. Eu estou cada vez mais caseiro nos últimos anos, avesso à badalação. Não que eu tenha parado de beber, mas bebo em casa. Não tenho muito traquejo social. Como dizia o Paulo Francis, eu tinha que beber muito para tornar as outras pessoas interessantes e acabava pagando mico, fazendo vexame. As apresentações dos Camaleões eram porres públicos. Nos últimos tempos meus valores passaram a ser family values. Gosto de ficar com minhas crianças, eu tenho um filho pequeno que é uma viagem. Não tem nada melhor que isso.
Você tem saudade da época de correspondente?
Bial: Eu tenho saudade no sentido de que foi meu período áureo, a minha melhor época como profissional. Por coincidência, foram os anos que determinaram o fim do século 20, com o fim da Guerra Fria, tudo aconteceu quando eu estava lá, dei sorte. Logo depois a cobertura internacional diminuiu muito porque o fim da Guerra Fria deixou muito complexa a história, e esse danado do relógio da audiência lá na Globo indicava também que o público não se ligava em assuntos internacionais. O Brasil é muito insular. Eu tive uma experiência interessante com os chineses, que são danados. Fui para a China semanas depois do 11 de setembro, quando aqui não se falava de outra coisa, era como se tivessem jogado os aviões aqui em São Paulo. Na China eles, estavam com uma postura de ‘olha só o que os americanos arranjaram para eles, vamos ver quais são as nossas oportunidades dentro da crise deles’. No Brasil, a atitude era de importar os problemas americanos para nós.
Você também está no site euodeiodiogomainardi?
Bial: Eu não. Ele erra muito mas acerta às vezes, é provocador. Eu acho que tive uma grande contribuição na carreira dele. Ele era crítico literário da ‘Veja’ e eu o entrevistei por causa do livro ‘Contra o Brasil’, que é muito engraçado, no ‘Espaço Aberto’ da Globonews. E ele, no ar, me falou que nunca tinha lido Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, coisas meio básicas para qualquer crítico literário. Não sei se houve relação de causa e efeito, mas um mês depois ele passou a ter uma coluna, deixou de ser crítico literário. Eu gosto de algumas pessoas que até tenho medo de dizer e ser apedrejado… Por exemplo, acho o Olavo de Carvalho da maior importância, ele às vezes diz coisas que têm de ser ditas. Sou fã do Ali Kamel e seus artigos, acho um primor de pensamento. É importante o Ali falar que a população média de emagrecidos nos países desenvolvidos é de 2% e no Brasil parece que é algo em torno de 4 a 4,5%, ou seja, não são 52 milhões de famintos, como dizem as estatísticas. Quando você fala em 52 milhões, a reação do leitor é de paralisia, de impotência, como se não houvesse nada a fazer. O Diogo Mainardi não acredita que o Brasil tenha jeito, mas eu acredito que o Brasil não é um fato consumado. Se não acreditar, vou mudar de país ou dar um tiro na cabeça.’
ROBERTO MARINHO
‘Roberto Marinho, o livro’, copyright Direto da Redação (www.diretodaredacao.com), 9/12/04
‘Apesar da grande promoção da mídia em torno do lançamento de ‘Roberto Marinho’, de autoria do jornalista Pedro Bial, creio que o livro já nasce sob o signo da suspeição.
A começar pelo seu autor. É inegável o mérito de Bial como repórter, e acredito mesmo que ele tenha produzido uma reportagem em forma de livro. O que não dá para acreditar é na total ‘independência’ que ele apregoa ter recebido dos herdeiros do Dr. Roberto para pesquisar os tais quatro mil documentos anunciados. Bial é funcionário de prestígio na Globo há mais de vinte anos e, como não podia deixar de ser, retrata seu personagem de maneira extremamente simpática e, até, parcial.
Na entrevista que deu ao repórter Darlan Alavarenga, do Ultimo Segundo, Bial mostra toda sua devoção pela empresa que o acolhe há tantos anos. Quando o repórter lhe lembra o bordão popular ‘o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo’, Bial retruca ‘o povo não é bobo, só vê a Rede Globo’. Tá certo, ele tem que defender quem lhe garante o sustento. Agora, então, com o livro, Bial assegura mais vinte anos na emissora dos Marinho.
O livro ‘Roberto Marinho’ faz parte do Projeto Memória, que já produziu ‘Dicionário da TV Globo’ e ‘Jornal Nacional – A Notícia faz História’. Trata-se de uma verdadeira força-tarefa criada para contar a versão da emissora sobre sua participação em momentos decisivos da história recente do país e, assim, tentar conquistar a credibilidade arranhada durante tanto tempo.
‘Roberto Marinho’ fica na periferia desses episódios. Bial limita-se a dar a versão oficial da emissora à parceria ilícita com o Grupo Time-Life, logo nos primórdios do império, ao caso Proconsult, recentemente dissecado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, à proibição de noticiar ou mesmo citar a palavra ‘Diretas’ em seus noticiários, à edição do debate entre os presidenciáveis Lula e Collor, em 1989. Acredito que os grandes acordos e conchavos e o tráfico de influência muito natural entre os barões da mídia e o poder jamais virão a público e esses certamente não passaram pelos pesquisadores do livro. Normalmente não deixam vestígios.
Em compensação, é rico em contar passagens amenas da vida pessoal de Roberto Marinho. Através do livro de Bial, ficamos sabendo que Marinho foi ‘um cara ultranamorador, boêmio, que nem os filhos imaginavam’, que era chamado de Deus, por alguns funcionários (entre eles o próprio Bial), que quase naufragou num barco em chamas, que teve uma decepção amorosa com uma moça chamada Elsa, que usava pó de arroz ‘em razão de um certo desconforto com a cor da pele’, que possuía uma coleção com 5.328 gravatas (?), que tomava apenas um copo de Romanée-Conti quando ia à casa do Boni, que voltou a montar a cavalo aos setenta anos e levou muitos tombos…enfim, em matéria de fofocas, aventuras e namoros o livro merece ser lido. Afinal, o povão que não tem onde cair morto alimenta enorme curiosidade em saber como vivem (ou viveram) os grandes milionários brasileiros.
À parte esse festival de amenidades – que está mais para ‘Caras’ do que para uma obra séria -, penso que ‘Roberto Marinho’ deve ser lido com cautela. Não se lhe pode conferir o peso de uma obra de valor histórico, uma vez que os pontos capitais da ligação de Marinho com o poder e o impressionante crescimento da empresa durante a ditadura militar são assuntos ‘tabú’ , que Bial tenta explicar, mas não consegue convencer, pois limita-se a dar a sua interpretação ou aquela que lhe foi pedida. São episódios duvidosos que a Globo, com o tempo, vai acabar impondo à opinião pública a sua versão, atropelando muitos fatos verdadeiros vivenciados por funcionários que já não estão na emissora e por alguns que ainda lá trabalham. (*) Ancorou o primeiro canal internacional de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos Jornais da Globo, da Manchete e do SBT e noticiarista da Rádio JB. Mora com a família em Miami onde presta assessoria de jornalismo e marketing.’