Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

BBC rejeita divisão de verbas com concorrentes

A tensão em relação ao futuro da BBC, rede pública britânica de rádio e TV, aumentou nos últimos dias. O presidente da companhia, Michael Grade, bateu duro na proposta de o dinheiro proveniente do ‘imposto da TV’, a taxa anual que os cidadãos pagam para sustentar os meios de comunicação públicos, ser dividida com redes privadas que se propusessem a produzir programas educativos. Ele classificou a proposta de ‘totalmente ruim’, argumentando que se os concorrentes recebessem financiamento dessa fonte, a fronteira entre o público e o privado seria derrubada. Além disso, a capacidade de investimento da BBC ficaria seriamente prejudicada.

Atualmente, o governo britânico está definindo os termos da renovação da licença da companhia pública, que garantirá seu sustento pela próxima década. Pesquisas apontam que, para a população, a emissora não está fazendo jus aos US$ 5.1 bilhões anuais que recebe dos contribuintes. Por isso, o diretor-geral Mark Thompson iniciou um programa de corte de gastos e uma reformulação da programação para convencer a opinião pública de que a BBC gasta bem esse dinheiro.

Thompson pretende demitir quase 4.000 funcionários nos próximos três anos, o que colocou os sindicatos em pé-de-guerra. Na semana passada, foi organizada uma greve geral que, segundo a direção da BBC, mobilizou apenas um terço dos trabalhadores. Após uma rodada de negociações, as outras paralisações previstas para esta semana foram canceladas como sinal de ‘boa vontade’, segundo os sindicatos, que têm de discutir internamente as propostas da direção da BBC.

A primeira paralização dos funcionários também não conseguiu prejudicar a programação da emissora. Com a substituição de alguns programas por reprises, por causa da falta de equipes de produção, os índices de audiência aumentaram. O Newsnight, da BBC 2, foi trocado por um documentário sobre o Coliseu romano, que já havia sido transmitido, mas ainda assim atraiu 100 mil espectadores a mais que aquele noticiário na semana anterior. As informações são de Press Association [27/5/05], The Economist [26/05/05] e The Guardian [23 e 24/5/05].