Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cobertura para o bem e para o mal

No congresso mundial do International Press Institute, realizado em Nairóbi, no Quênia, presidentes de países africanos debateram com jornalistas a cobertura que a mídia internacional faz da África. Um dos principais interventores do debate, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, disse que a imprensa tem que passar a refletir as mudanças positivas por que passa o continente e não divulgar apenas os acontecimentos ruins. Ele citou como exemplos positivos as eleições pluripartidárias celebradas por 42 governos da região nos últimos 10 anos e o crescimento econômico acima dos 5% registrado por 18 países africanos em 2004.

Como informa a Voz da América [22/5/05], o diretor de programação da emissora internacional estatal alemã Deutsche Welle, Joachim Lutz, afirmou que não aceita que a África, assim como qualquer outra região, possua valores próprios que devam ser levados em conta para sua cobertura jornalística. ‘Como jornalista, só posso aceitar valores universais. Não posso dar desconto a algum continente por causa de seus valores’. Ele acrescenta que os editores têm espaço restrito e que, quando têm de escolher entre um tópico negativo e outro positivo, o primeiro costuma chamar mais sua atenção.

O correspondente da Reuters na África, John Chieheman, afirmou que, no passado, a cobertura dos meios internacionais de fato embutia estereótipos negativos, mas que a situação hoje é bastante diferente. Ele contrariou Kagame, que criticou a má imagem que a imprensa criou de Ruanda durante o genocídio ocorrido no país em 1994. O jornalista argumentou que o destaque dado ao massacre ajudou a chamar a atenção da comunidade internacional, o que naturalmente foi positivo para aqueles que corriam o risco de também se tornarem vítimas da violência.