Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Deonísio da Silva

‘Antes de temperar Marilyn Monroe para dormir, o manjericão fez uma longa viagem até chegar ao português. A origem remota da palavra que designa conhecido tempero é o grego basilikón, erva do palácio. No latim recebeu o nome de ocimum basilicum (legume do palácio).

Na Idade Média, o ofício do verdureiro que vendia legumes e hortaliças de porta em porta ou nas feiras era conhecido como ocimum cantare (anunciar legumes).

Na viagem que fez até chegar à nossa língua, a palavra pode ter começado o caminho no grego basilikon, relativo a palácio ou edifício público, que em latim virou basilicum, conservando o significado. Passou, porém, a ser pronunciado masilicum no latim vulgar, cuja variante tornou-se magiricum, de onde chegou ao português antigo mangericão. Em francês, manjericão é basilic; em italiano, basilico. O espanhol, porém, por influência dos árabes, adotou albahaca para designar o mesmo tempero.

Às vezes, porém, uma essência culinária pode desdobrar-se em outras finalidades e este é o caso do manjericão. Recentemente pesquisadores descobriram que se pode obter do manjericão um óleo essencial à fabricação daquele perfume, que era o único item que a atriz Marilyn Monroe borrifava sobre sua pele de seda antes de se deitar, em geral para dormir sozinha, que foi como morreu.

O manjericão entrou no ramo dos perfumes como opção ao pau-rosa, da Amazônia. Além de tantos méritos, talvez evite a extinção dessas árvores, que passaram de sete por hectare para apenas uma para cada sete hectares. Na fabricação do perfume, foram acrescidos ao manjericão o coentro, a laranja, o louro, a canela, a camomila, a sálvia e a lavanda.

Outra palavra de origem curiosa é melindroso, radicada no espanhol melindre, designando vários tipos de doces e biscoitos cobertos de finas camadas de mel ou de açúcar. Saborosos, quase derretem na boca, de tão macios. Por metáfora, serviu de base à palavra melindroso, designando indivíduo afetado, incapaz de aceitar qualquer crítica, pois, à semelhança daqueles tipos de guloseimas, se desmancharia em afetações, trejeitos e até lágrimas.

Quem primeiro registrou melindre, no espanhol, designando exagerada delicadeza foi Santa Teresa d’Ávila. Como veio a ocorrer no português, no século 17, a palavra já estava mesclada com o latim Melita, nome de uma das nereidas e designação original da Ilha de Malta, onde havia mel em abundância, e com o reino de Melinde, onde a frota de Vasco da Gama deixou um degredado, além de muitas palavras, antes de seguir viagem. Os degredados desempenharam função importante na difusão do português no mundo.

Na volta, capitães e marinheiros enriqueceram o português com novas palavras que foram arrecadando de porto em porto.’



Pasquale Cipro Neto

‘‘Deixem-no morrer…’’, copyright O Globo, 5/06/05

‘OS QUE JÁ ULTRAPASSARAM A BARREIRA dos 50 anos certamente se lembram de Geraldo Vandré, um dos grandes nomes da música brasileira da década de 60. Vandré foi cantor, músico e letrista dos bons (muitos críticos o julgam melhor como letrista do que como cantor ou músico). Entre outras maravilhas, Vandré escreveu a letra de ‘Disparada’ (cuja música é de Teo de Barros), redigida num registro lingüístico muito próximo do formal. Os rigores formais, por sinal, estão presentes nessa e em muitas outras letras desse compositor paraibano. Uma delas é ‘O plantador’ (cuja música é de Hílton Aciolly), que integra o antológico disco ‘Canto geral’: ‘O dono quer ver a terra plantada, / Ri de mim, que vou pela grande estrada’. Em outra passagem da letra, surge a voz do ‘dono’: ‘Deixem-no morrer, não lhe dêem água, / Que ele é preguiçoso e não planta nada’. A quem se referem os pronomes ‘lhe’ e ‘no’ (este, na verdade, é o resultado da adaptação fonológica do pronome ‘o’ à forma verbal ‘deixem’)? Esses dois pronomes (oblíquos) se referem ao mesmo elemento, que, no caso, é o narrador (e personagem) da letra de Vandré.

E por que os pronomes são diferentes (‘no’ e ‘lhe’), se fazem referência ao mesmo elemento? Pode-se começar a resposta pela explicitação dos termos que os pronomes representam. Suponha que o ‘dono’ da terra se referisse ao narrador (que é também personagem) pela expressão ‘esse cidadão’. Teríamos algo como ‘Deixem esse cidadão morrer, não dêem água a esse cidadão’. Como se vê, a expressão ‘esse cidadão’ se liga aos verbos ‘dar’ e ‘deixar’ de maneiras distintas. A relação com o verbo ‘dar’ é feita por meio da preposição ‘a’(‘Não dêem água a esse cidadão’), enquanto a ligação com o verbo ‘deixar’ é feita diretamente, ou seja, sem a intermediação de nenhuma preposição (‘Deixem esse cidadão morrer’).

Chegamos ao xis da questão. Na língua formal, emprega-se o pronome oblíquo ‘o’ (ou ‘a’, ‘os’, ‘as’) para substituir termos que não se ligam a verbos por preposição: ‘Procurei você’ = ‘Procurei-o’; ‘Procurei seu pai’ = ‘Procurei-o’; ‘Não desejo esse destino’ = ‘Não o desejo’; ‘Não procurei você’ = ‘Não o procurei’; ‘Não procurei seu pai’ = ‘Não o procurei’. Para substituir termos que se ligam a verbos por preposição (especialmente pelas preposições ‘a’ e ‘para’), empregam-se os pronomes ‘lhe’ e ‘lhes’: ‘Comprei um livro para você’ = ‘Comprei-lhe um livro’; ‘Comprei um livro para ele/ela’ = ‘Comprei-lhe um livro’; ‘Eu não relatarei o caso a você’ = ‘Eu não lhe relatarei o caso’; ‘Eu não relatarei o caso ao professor/à professora’ = ‘Eu não lhe relatarei o caso’.

Não custa repetir o que já foi dito nesta coluna: em ‘Deixem-no morrer’, o pronome oblíquo ‘o’ se adapta fonologicamente à forma verbal ‘deixem’, que termina em ‘m’. Em casos como esse, o pronome ‘o’ passa a ‘no’ (o pronome ‘a’ passa a ‘na’ e assim por diante): ‘Encontraram o rapaz’ = ‘Encontraram-no’; ‘Viram a moça’ = ‘Viram-na’; ‘Salvaram as meninas’ = ‘Salvaram-nas’. Esse processo ocorre também quando a forma verbal termina em ‘ão’ ou ‘õe’: ‘Dão o resultado rapidamente’ = ‘Dão-no rapidamente’; ‘Expõe o pai ao ridículo’ = ‘Expõe-no ao ridículo’.

É óbvio que essas formas que vimos hoje só têm vida nos registros formais da língua, sobretudo na escrita. Na oralidade, por exemplo, a questão muda radicalmente. Algo como ‘Viram a moça’ não se transforma em ‘Viram-na’; transforma-se mesmo em ‘Viram ela’. É a velha história: quem teria coragem de gritar, no meio da multidão, algo como ‘Peguem-no, peguem-no!’ para pedir aos presentes que detivessem um ladrão que tivesse acabado de perpetrar um furto? Você teria?

Até domingo. Um forte abraço.’



Renata Cafardo

‘Call center quer ‘estar mudando’’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/06/05

‘As empresas de call center cansaram, enfim, de ‘estar enviando’, ‘estar transferindo’ e ‘estar confirmando’. Depois de proliferarem o gerundismo, elas agora contratam professores de português, promovem concursos de redação e até diminuem a bonificação salarial de funcionários que insistirem na prática. Além da irritação do cliente, a ligação fica mais longa e se perde dinheiro, justificam. A população agradece.

Ninguém tem uma explicação comprovada, mas o que se diz no setor é que o gerundismo veio de carona em manuais de call center, escritos em inglês. O telemarketing, que é a venda pelo telefone, e o serviço de atendimento ao consumidor (SAC) explodiram no País no fim dos anos 90, com a privatização das telecomunicações. Os grupos estrangeiros trouxeram prontos alguns scripts – como são chamados os textos que aparecem na tela do computador enquanto o operador fala com o cliente. Neles, ‘I will be sending’, por exemplo, teria sido traduzido como ‘Eu estarei mandando’.

Não foi difícil multiplicar esse, digamos, futuro do gerúndio quando se fala em um dos setores que mais emprega no País atualmente. São quase 600 mil profissionais, a maioria jovens em seu primeiro emprego. ‘As pessoas imaginam que, usando uma estrutura mais rebuscada, se preserva a seriedade do produto vendido’, diz o lingüista José da Silva Simões, que elabora uma tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre gerúndio. ‘Dizer apenas ‘vou mandar’ parece uma estrutura muito popular.’ Simões não acha errada a estrutura que se convencionou chamar de gerundismo, mas diz que é pesada e poderia ser evitada.

O professor de português do Anglo, Odilon Soares Leme, completa dizendo que o gerundismo é um ‘falso eruditismo’. Para ele, assim como prevêem as gramáticas da língua portuguesa, o uso só é permitido quando indicar um futuro simultâneo (ver quadro abaixo).

PRAGA

‘É uma praga’, diz a vice-presidente da Associação Brasileira de Telemarketing (ABT), Ana Maria Moreira Monteiro, que é também presidente da AM3. ‘De cada cem currículos que recebemos na empresa, só dez não têm problema com gerundismo.’ Os funcionários da AM3 hoje fazem exercícios em que têm de decupar o que falam ao telefone. São desafiados a transformar 20 linhas de conversa em apenas duas. ‘Tirando o gerundismo diminui bem. Com ele, a ligação fica longa e a gente paga mais’, completa Ana Maria.

Na primeira seleção que fez na empresa, Cristiane Reina, de 23 anos, foi recusada pela dificuldade em usar o futuro simples. Acabou sendo chamada depois para outra vaga e teve de passar por um rápido cursinho de português antes de ser contratada. Uma placa de ‘proibido gerundismo’ ao lado do computador a ajudou a eliminar o problema. ‘Soa bonito e eu achava que era certo’, diz. ‘Mas hoje já dói o ouvido.’

A Dedic, do grupo Portugal Telecom, que tem 14 mil funcionários, também oferece aulas regulares de português a seus funcionários e criou um concurso que premia o melhor conto ou poesia. Um dos objetivos é acabar com o gerundismo. ‘O atendimento tem de ser conclusivo. Se o operador diz ‘vou estar alterando seu cadastro’, o cliente não entende se ele já alterou ou não’, diz o presidente da Dedic, Miguel Cui Filho. Lá, assim como em outras empresas do setor, as ligações são gravadas e o funcionário perde pontos em sua avaliação de qualidade quando usa o gerundismo. Menos pontos significam menos adicionais no salário.

Para a operadora Valéria Nobre Barone, que tenta se livrar do vício, o gerundismo funcionava como uma maneira de se eximir da responsabilidade. ‘A gente diz que vai estar transferindo, daí se não transferir a culpa não é nossa’, brinca.

‘Engraçado que ninguém fala: ‘vamos estar tomando um chopinho?’, diz o gramático Francisco de Moura, que foi contratado pela Dedic e notou que quem não usa o futuro simples acha que está sendo ‘mais polido’, por isso a estrutura fica restrita ao ambiente de trabalho.

Na ACS, a campanha do português correto inclui joguinhos, competições e até gincanas de festa junina neste mês. ‘O gerundismo não é agradável para o cliente’, diz a diretora de Talentos Humanos, Maria Aparecida Garcia, que identificou o problema em pesquisas de satisfação. A Soft-way contratou professor e cobra desde o ano passado redações periódicas de seus funcionários. Neste ano, o foco está nos mais jovens – operadores que ainda estão no ensino médio e que a empresa não quer que aprendam o gerundismo com os mais antigos.

‘Devemos procurar sempre clareza e simplicidade no dizer’, afirma o professor de lingüística da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor do Dicionário Unesp de Língua Portuguesa, Francisco Borba. ‘Não é questão de ferir a norma, mas é um modismo desnecessário.’

Mesmo nas estruturas tidas como gramaticalmente corretas, o gerúndio não era bem-vindo no século 19 nem na literatura nem na imprensa brasileira. ‘A forma fazia parte do português clássico já nos séculos 16 e 17, mas foi abandonada em Portugal, que passou a usar ‘estou a ler’ no lugar de ‘estou lendo’, explica o professor Simões. Atualmente, alguns manuais de redação e estilo de jornais e revistas também não recomendam o uso exagerado do gerúndio, por dar a idéia de uma ação que ainda está em curso.’



Eduardo Martins

‘Uma espécie de patinho feio do estilo’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/06/05

‘O mais grave, nesse uso discutível e exagerado do gerúndio, talvez não sejam as construções que muita gente não agüenta mais ouvir, como ‘vamos estar enviando amanhã’ ou ‘você vai poder estar começando a fazer as inscrições na segunda-feira’. Bem pior foi o efeito colateral, que em rigor até demorou para aparecer: não foram poucas as pessoas que, por não saberem quando e em que circunstâncias poderiam recorrer a essa forma verbal, simplesmente a riscaram do seu vocabulário.

Diga-se, a bem da verdade, que o gerúndio, mesmo empregado segundo as mais rígidas prescrições gramaticais, sempre constituiu uma espécie de patinho feio do estilo, a tal ponto que os puristas criaram uma palavra politicamente incorreta para caracterizar o abuso e o uso pouco vernáculo dessa forma verbal, a endorréia (de endo, terminação do gerúndio, mais réia, fluxo, corrimento, derramamento).

O ‘uso pouco vernáculo’ diz respeito a frases como ‘recebeu uma caixa contendo roupa’, em vez de ‘uma caixa com roupa’. Segundo M. Rodrigues Lapa, na Estilística da Língua Portuguesa, a ‘construção cheira a francesia, e é na verdade contrária aos usos da língua clássica e popular’.

Também é verdade que o gerúndio jamais gozou da predileção de grande parte dos jornalistas. Na imprensa, por exemplo, criou-se uma proibição presente em diversos manuais de redação (mas não no do Estado): não se deve iniciar frase com gerúndio. Qualquer gramática, no entanto, inclui citações como: ‘Estalando de dor de cabeça, insone, tenho o coração vazio e amargo.’ (Otto Lara Resende).

Antipatias à parte, como então conviver com o gerúndio? De modo geral, há dois tipos de gerúndio, o simples e o composto. O primeiro expressa uma ação em curso: Chegando a hora, todos partiram. O composto, uma ação concluída: Tendo chegado a hora, todos partiram.

O gerúndio normalmente define uma circunstância adverbial (de causa, tempo, meio, modo, concessão, etc.). Pode ainda modificar um substantivo: Vi o homem fazendo um esforço sobre-humano.

Acompanhado da preposição em, tem emprego quase exclusivamente literário: Em se dando conta do seu erro, pediu desculpas. No português do Brasil, aparece com maior freqüência na locução verbal (ver quadro), forma que deu origem ao vício importado do inglês.

Se nenhum escritor brasileiro ou português precisou lançar mão desse recurso nos seus textos (as gramáticas nem sequer registram a ocorrência do gerúndio no futuro), por que não tentar bani-lo do dia-a-dia de todos nós? Vamos fazer de conta que não existiram manuais de telemarketing mal traduzidos. O ouvido de todos nós e o bom gosto lingüístico certamente ficarão gratos.

* Eduardo Martins é autor do Manual de Redação e Estilo do Estado’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘‘Eu já fui preto’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 2/06/05

‘Em entrevista a Sérgio Rangel, da Folha de S. Paulo, o craque Ronaldo, também conhecido como Fenômeno, disse que não consegue entender o racismo:

‘Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância. A solução é educar as pessoas’. Conta que o preconceito com ele ‘é outro, bem menos grave; as pessoas me chamam de gordinho.’

Janistraquis leu, depois foi ao computador, analisou todas as fotografias deste que Parreira trocou pelo contundido Grafite e meteu a colher na discussão:

‘Considerado, acho que o Fenômeno foi atacado por aquele mal que tornou famoso um jogador do Fluminense dos anos 50, o meia Róbson, o qual declarou certa vez: eu já fui preto…’

(Leia os detalhes da história de Róbson no Blogstraquis)

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Espada afiada

O considerado Porfírio Castro, vice-diretor de nossa sucursal no DF, único jornalista de gabarito a viajar o mundo em companhia do presidente da República, nos enviou de presente uma afiada espada de samurai, souvenir da recente viagem ao Japão. Vinha acompanhada de um bilhetinho:

Andei mandando notas para você mas devem ter se perdido no espaço. Veja esta pérola do site de O Globo, citando o discurso do deputado Roberto Jefferson ao se defender de pesadas acusações:

‘Não é uma luta política. É uma luta que envolve interesses contrariados na diretoria de contratação dos Correios’ – afirmou para o plenário parcialmente cheio de deputados, que o ouviam de pé.

Porfírio anexou o seu protesto:

Parcialmente cheio? Não poderia estar parcialmente vazio?

Claro que poderia, ó Porfírio; acontece que para um jornal ‘politicamente correto’, nenhum ‘recipiente’ está mais ou menos vazio e sim, sempre e sempre, mais ou menos cheio. Janistraquis acha, todavia, que o saco do leitor, este anda ‘pelas bordas’.

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Data venia

O considerado Maurício Khalil, que andava mais sumido do que o Luís Eduardo Greenhalgh, reapareceu cheio de amor pra dar:

Veja só que excelentes advogados o Michael Jackson arranjou. Segundo o Portal Terra, que publicou a notícia, a defesa do cantor resolveu pedir ao juiz a absolvição do astro pop. Isso é que são advogados porretas. Já pensou se ele tivesse contratado advogados que resolvessem pedir sua condenação?!?!?!?!

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De porre…

Deu na Folha de S. Paulo de 30/5:

ÁLCOOL LIBERADO

A venda de bebidas alcoólicas não é proibida na França em dias de eleição. Assim, antes ou depois de votar, os franceses aproveitaram a temperatura amena e lotaram os cafés e restaurantes no horário do almoço. Questionado pela Folha sobre o consumo de álcool em datas eleitorais, o gerente de um restaurante afirmou: ‘Acredito que as pessoas bebam até mais’.

Janistraquis foi preparar um armagnac pra nós e gritou lá do bar:

‘Pois é, considerado; já aqui a bebida é proibida em dia de eleição e o eleitor, sem nenhum gole de cachaça na mufa, votou no Collor e no Lula!!!’

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Dialeto

O considerado Jorge Ribeiro Neto, de Indaiatuba, que também andava mais sumido do que o José Eduardo Greenhalgh, enviou simpático bilhetinho:

Esta saiu no caderno de esportes do Estadão:

(…) Ao saber do problema, o Corinthians, por intermédio de Kia, deslumbrou a possibilidade de conseguir uma casa para a família de Jean Carlos e emprego para os pais do garoto.

Não seria vislumbrou?

Janistraquis garante que pode ser deslumbrou mesmo, Jorge; afinal, depois da gestão do inesquecível Vicente Matheus, tudo é possível no linguajar corinthiano.

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Carta de leitor

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de onde se divisa o vasto gramado da Esplanada dos Ministérios, onde, qual burrinho da Sagrada Família, pas… passeia o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, pois Roldão, o mais antigo e competente fiscal dos jornais brasileiros, aos quais escreve quase diariamente, enviou ingente desabafo à coluna.

Rogo ao considerado leitor que leia no Blogstraquis a diatribe do mestre.

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Provectos

Do Erramos da FSP:

Diferentemente do que deu a entender texto à pág. D1 (Esporte) em 11/5, Carlos Tevez tem 21 anos, e não 51 – esta é a idade do ex-técnico Daniel Passarella.

Janistraquis ficou decepcionadíssimo:

‘Considerado, quando li a matéria achei que estava tudo bem, pois o Tevez tem cara de cinqüentão. E Romário, que teria 39, já passa dos setenta e tantos e tem tudo para se transformar num ícone da terceira idade.’

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Torturadores

A matéria da Folha de S. Paulo de um desses domingos começava assim:

‘Batiam, tinha pau-de-arara, choques, colocavam em cima de latinhas’, relata Adaílton Bezerra sobre a ação do Exército contra a guerrilha.

Enfermeiro reanimava presos sob tortura

Alí, asfixiadas no entremeio de longa entrevista sobre as atrocidades no Araguaia, jaziam pergunta e resposta:

Folha – Os corpos ainda estão lá?

Vieira Bezerra – É muito difícil. O comentário que houve é que depois, na operação limpeza, eles tinham resgatado esses ossos. Mas ninguém tem certeza. Nós demos baixa e não acompanhamos. O buraco da Walquíria já estava cavado quando nós fomos para a cidade.

Janistraquis ficou perplexo, não apenas com a ação do Exército em Xambioá, de resto já conhecida do público, mas também com o ‘buraco da Walquíria’:

Considerado, custava o redator escrever ‘a cova da Walquíria já estava aberta quando…’? Esse negócio de buraco é, além de feio, desrespeitoso!

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Televisão – 1

A coluna dá as boas-vindas a William Waack e Christiane Pelajo, que desde segunda-feira apresentam o Jornal da Globo com simpatia e competência. Naquele horário sempre tardio, um casal que se reveza e dialoga funciona melhor que a jornada solitária de Ana Paula Padrão.

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Televisão – 2

Conforme anuncia o Jornalistas & Cia., do nosso considerado Edu Ribeiro, Eleonora Paschoal recebeu (e aceitou) convite de Carlos Nascimento para dar o seu recado no Jornal da Band. Eleonora foi uma das melhores repórteres dos meus tempos de Fantástico, entre 1984 e 1985; sabe conduzir qualquer grande reportagem, ‘segura’ como poucos uma transmissão ao vivo e, o que é melhor, jamais faz cara feia se convocada à mais insana trabalheira.

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Borbagato!!!

Andava estacionada em nosso arquivo inanimado esta notinha enviada pelo considerado Robson Marques, leitor da coluna desde os tempos da revista Imprensa, ‘no século passado’, como ele diz:

Robson ficou intrigado com a matéria publicada por Zero Hora, no caderno Sobre Rodas:

Oito dias de pura adrenalina, redescobrindo o Brasil. Tal qual as Entradas e Bandeiras, a reportagem da Agência RBS rodou 3.780 quilômetros de São Paulo a Ilhéus – passando por Goiânia, Brasília e Salvador -, a bordo das Maserati Spyder e Coupé, empurradas por um propulsor Ferrari de 390 cavalos.

A bater pinos de perplexidade, Robson balbuciou:

E eu não sabia que Raposo Tavares e Borba Gato dirigiam as fabulosas Maserati em suas expedições pelo interior do país! Vivendo e aprendendo.

A gente também ignorava inteiramente, porém Janistraquis lembra que esses moderníssimos discos voadores que costumam aparecer em Brasília são máquinas de milhões de anos atrás. Anos-luz, é claro!!!

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Currículo

Veja, ilustre passageiro deste veículo de comunicação, o quanto tem trabalhado pela vida afora este veterano colunista, tudo para continuar pobre, sem poupança nem aposentadoria e sem condições até para pagar um plano de saúde. No Brasil é assim: se você trabalhar honestamente, acabará quase sempre na maior m… Confira o currículo que está exposto à visitação no Blogstraquis e solidarize-se com o colunista, o qual, também por ser brasileiro, não desiste nunca…

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Nota dez

A reação do governo à sombra da CPI dos Correios adquire contornos de obra de arte no texto de Augusto Nunes em sua coluna do Jornal do Brasil. Dê uma olhadinha na abertura e continue a leitura no Blogstraquis:

O estranho pânico dos inocentes

Instados a comentar o escândalo dos Correios, documentado em vídeos tão obscenos quanto os piores filmes pornográficos brasileiros, figurões do governo e do PT se penduram numa linha de raciocínio aceitável. Os corruptos apadrinhados pelo deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, não agiam na estrada principal – o caminho que termina no gabinete do presidente. A roubalheira ocorreu num desvio desmatado por pastores petebistas, que atravessa o território onde rebanhos de afilhados engordam contas bancárias suspeitíssimas (…)

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Errei, sim!

‘PRECIOSO LÍQUIDO – Depois de longos anos de estudo, Janistraquis chegou à conclusão de que a boa Imprensa é aquela capaz de evitar o vexame absoluto. Infelizmente, não é o caso da Gazeta de Alagoas, jornal de tanto prestígio e pedigree. A prova está na matéria intitulada ONU quer Antártica como reserva ecológica mundial.

Sabem o que ilustrava tal arrazoado altamente científico? Uma garrafa da centenária cerveja Antarctica, o lado de um espumoso copo contendo o, permitam-me, precioso líquido.

Janistraquis comentou: ‘Considerado, merchandising é isso! Nem novela da Globo se atreveria a tanto…’ (Julho de 1991)’