Os jornalistas da L´Express, revista semanal de informação mais antiga da França, decidiram, na noite da quinta-feira (2/6), suspender a greve iniciada na manhã do mesmo dia, em uma assembléia geral, com 97 votos contra 36. Na redação da revista, cartazes vermelhos sinalizando a paralização ainda estavam presos nos computadores, elevadores e paredes.
A revista foi comprada pelo grupo Dassault, presidido pelo empresário Serge Dassault, há quase um ano. Na ocasião, os jornalistas pediram garantias da independência da redação em relação aos interesses econômicos do grupo. Recentemente, aproveitando a saída de Jacques Duquesne da presidência do conselho de vigilância – de acordo com a lei de novas regulações econômicas, o limite de idade fixado é de 75 anos –, Dassault colocou seu conselheiro no cargo de presidente, descartando Bernard Brunhes e Jean Peyrelevade, dois nomes fortes e considerados ‘independentes’. O conselho de vigilância, criado em 1997, é composto por representantes da equipe editorial, acionistas e personalidades de fora da revista e tem por objetivo fiscalizar seu funcionamento e conteúdo. Para garantir a independência editorial da L’Express, os presidentes do conselho são sempre pessoas exteriores a ela.
Protesto e Concessões
Diante da mobilização dos funcionários, o grupo Dassault voltou atrás e anunciou que irá nomear novas pessoas para os cargos de presidente e vice-presidente antes do fim do mês. Elas serão escolhidas em acordo entre a diretoria, os acionistas, a sociedade dos jornalistas da L’Express e os membros do conselho editorial.
No sítio da revista na internet, comunicado aos leitores afirma que, pela primeira vez em sua história, a redação da L´Express decidiu recorrer à greve para defender os valores que a guiam há mais de meio século. Segundo a sociedade dos jornalistas, ‘o desmantelamento do conselho de vigilância desencadeou na categoria uma reprovação vigorosa e unânime, o que ocasionou as concessões, substanciais porém insuficientes, do grupo Dassault. O movimento está suspenso, mas é com uma vigilância sem falha que queremos preservar nosso código genético: liberdade de espírito, liberdade de tom e respeito ao leitor.’ Informações de Pascale Santi [Le Monde, 3/6/05] e L´Express [6/6/5].