Samir Qaseer, importante jornalista libanês e ferrenho crítico da Síria, foi morto na quinta-feira (2/6) pela explosão de uma bomba colocada em seu veículo, em um bairro cristão em Beirute, capital do Líbano. O atentado ocorreu quatro dias depois do início das eleições parlamentares no país, que ainda se recupera do assassinato do ex-primeiro- ministro Rafik al-Hariri, em fevereiro deste ano.
O jornalista escrevia uma coluna para o An Nahar, um dos maiores jornais libaneses, e freqüentemente fazia críticas ao governo pedindo o fim do domínio sírio no país. A Síria mandou soldados para o Líbano em 1976, um ano depois do início da guerra civil libanesa, que acabou em 1991, com o desarmamento dos grupos extremistas. Na ocasião, os sírios deveriam ter deixado o país, o que não aconteceu. A Síria encerrou seus 29 anos de presença militar no Líbano em abril, sob pressão internacional e popular.
A oposição acusa a Síria e seus aliados libaneses do atentado e exige que o presidente Émile Lahoud renuncie ao cargo. Líderes anti-sírios afirmam que o assassinato do jornalista está ligado à morte do ex-primeiro-ministro, líder da oposição libanesa e um dos maiores críticos do atual governo.
Protestos e homenagens
Na última sexta-feira (3/6), jornalistas libaneses se reuniram na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, para protestar contra o assassinato de Qaseer e pedir pela liberdade de expressão. Liderados pelo recém-eleito membro do parlamento Jibran Tueni, diretor do An Nahar, os manifestantes fizeram uma hora de silêncio em homenagem ao jornalista.
Uma multidão acompanhou o funeral com bandeiras libanesas e fotos de Qaseer, numa procissão pelas ruas do centro de Beirute até a catedral ortodoxa grega Saint Georges, onde aconteceu a cerimônia fúnebre. À frente da procissão estavam a mulher do jornalista, Gisele Khoury, apresentadora da rede de TV al-Arabiya, seus filhos, o líder oposicionista anti-Síria Walid Jumblatt e Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro assassinado. Informações de Nadim Ladki [Reuters, 2/6/05], al-Jazira [3/6/05], United Press International [3/6/05] e Hassan M. Fattah [The New York Times, 5/6/05].