‘Anos 70 – Ainda sob a tempestade, organizado por Adauto Novaes. Editoras Aeroplano e Senac Rio, 486 páginas. R$ 65
Muito além do espetáculo, organizado por Adauto Novaes. Editora Senac São Paulo, 302 páginas. R$ 65
Os anos 70 foram um dos períodos mais conturbados e transformadores da recente História brasileira. Neles vivemos a fase mais sombria do regime militar, a anistia e a distensão política. Nessa época a cultura enfrentou impasses e desafios e um dos panoramas mais interessantes sobre o cinema, a literatura, a música, o teatro e a televisão no país pode ser encontrado no livro organizado por Adauto Novaes. Originalmente publicada em cinco volumes em 1979, a obra está sendo reeditada com comentários atuais de seus autores.
O ensaio de José Miguel Wisnik que abre o livro é tão instigante no conteúdo como livre na forma de escrever. Wisnik afirma que um sistema aberto como a música popular passa de vez em quando por saltos produtivos em que alguns artistas repensam toda a economia do sistema e fazem com que se precipitem formações latentes que estão engasgadas. Alguns desses momentos: o nascimento do samba em 1918, a bossa nova, o tropicalismo, o pós-tropicalismo.
Entrevistas com escritores e críticos da época
Os três artigos de Ana Maria Bahiana têm a costumeira competência da crítica e jornalista, principalmente o primeiro, em torno do trabalho e das idéias de Gonzaguinha e Ivan Lins. A mesma competência pode ser encontrada no texto de Heloisa Buarque de Hollanda e Marcos Augusto Gonçalves sobre a ficção brasileira, acompanhado de entrevistas esclarecedoras com alguns dos principais escritores e críticos da época. Também merece realce o artigo de Armando Freitas Filho sobre a poesia. Extremamente sensível, Armando nos leva a viajar pelo vigor e pelas delícias do fazer poético e joga um foco de luz sobre autores de alta qualidade pouco lembrados, como Luiz Aranha e Afonso Henriques Neto.
Mas nem tudo são acertos. Há equívocos nesta antologia e talvez um dos mais flagrantes seja considerar que o choro, por ter tido apoio oficial na década de 70, se descaracterizou. A multiplicidade e o alcance que este gênero musical apresenta hoje não só no Rio mas em muitas regiões é a maior prova de que isto não aconteceu.
Merecem menção ainda os excelentes artigos de Maria Rita Kehl e Elizabeth Carvalho, cujo texto sobre telejornalismo é fundamental para entender as transformações do nosso principal veículo de massa. A TV e ícones da época como Chacrinha também são analisados no artigo de Santuza Naves Ribeiro e Isaura Botelho.
Maria Rita Kehl também está presente em ‘Muito além do espetáculo’ com um artigo que dá nome à obra, o que prova que Adauto Novaes – cujos ciclos de palestras sobre filosofia estão completando 20 anos em 2005 – costuma ser fiel a seus pares. Ela defende a idéia de que nossos mitos são produzidos industrial ou hiperindustrialmente. ‘A função dos ídolos de massa na sociedade do espetáculo é viver o simulacro de uma vida plena que nos é continuamente roubada, como se não fossem, eles também, alienados dela’, escreve Maria Rita, para quem as imagens de figuras como Ronaldo Fenômeno ou Vera Fisher, por exemplo, são mercadorias dotadas do máximo valor de fetiche.
Visibilidade não depende do objeto nem do sujeito que vê
Hoje, as imagens e a capacidade de produzi-las e difundi-las são um dos eixos centrais do mundo. Por isto, Adauto Novaes observa que ‘somos dominados de ponta a ponta pelas imagens e graças a esse excesso não aprendemos a ver ainda. Se não sabemos ver, é porque a visibilidade não depende do objeto apenas nem do sujeito que vê, mas também do trabalho da reflexão: cada visível guarda uma dobra invisível que é preciso desvendar a cada instante e em cada movimento’.
O virtual tomou tal espaço em nossas vidas que as fronteiras entre ele e a realidade foram totalmente modificadas. Por isto, em seu ensaio, o físico Luiz Alberto Oliveira adverte: será que a função fabuladora, a capacidade de conceber e dinamizar o mundo imaginário não fica prejudicada pelo excesso de imagens e pela prevalência do virtual?
Qualquer que seja a resposta, ela passa pela constatação muito bem expressa no artigo de Renato Janine Ribeiro: todos nós, ‘ao recebermos uma comunicação, a entendemos com os instrumentos de que dispomos. Nós a recriamos. Receber uma mensagem é quase tão importante quanto produzi-la’.
ELIAS FAJARDO é jornalista’
EUA / MERCADO EDITORIAL
Randy Kennedy
‘Editoras pagam por destaque para livros em lojas’, copyright Folha de S. Paulo / The New York Times, 18/06/05
‘Se você visitar qualquer livraria da cadeia Barnes & Noble ou qualquer loja de livros de grande porte, há chances realmente boas de que você perceba grandes pilhas de um livro com uma capa vistosa e o título ‘Running the World: The Inside Story of the National Security Council and the Architects of American Power’.
Como muitos compradores, você pode acreditar que o livro estava em destaque simplesmente porque a livraria acreditava que se trata de um título importante, especialmente relevante no momento atual, e que praticamente se venderia sem ajuda.
Peter Osnos, o presidente-executivo da PublicAffairs, gostaria de acreditar na mesma coisa. Mas está no mercado editorial há tempo suficiente para saber que nada é tão simples. A fim de garantir que o livro estivesse em exposição nas mesas de destaques na entrada, sua empresa pagou um total de cerca de US$ 11 mil às grandes cadeias de livrarias.
Osnos se esforça por deixar claro que não está se queixando do arranjo, mas simplesmente descrevendo a complicada maquinaria que evoluiu ao longo dos últimos 15 anos no setor norte-americano de venda de livros.
As convenções antigamente simples quanto à exibição de livros -a vitrine da livraria de bairro, a mesa de livros recomendados perto do caixa- cresceram e se tornaram irreconhecíveis. De fato, muitos editores dizem que as mesas e os vistosos displays de papelão que lotam as partes frontais das unidades de grandes cadeias de livrarias emergiram como uma força de marketing tão poderosa quanto as maneiras tradicionais de atrair a atenção do público distraído para um livro.
O dinheiro pago pelas editoras serve para comprar o espaço nas mesas de destaques ou em estantes altas, de elevada visibilidade, conhecidas como ‘escadas’.
‘A ‘escada’ da Barnes & Noble é a melhor posição que existe’, disse um executivo veterano de vendas no setor que, como a maioria dos entrevistados para este artigo, não autorizou que seu nome fosse revelado. ‘Agora, quando vou a uma loja, praticamente me ajoelho diante da ‘escada’.’
Além disso, as editoras se queixam de que a chamada publicidade cooperativa não é um exercício cooperativo de maneira nenhuma. Alguns a comparam a um imposto, ou chegam a considerá-la extorsão evocando a prática do ‘jabá’ no setor de rádio. O que não quer dizer que a publicidade cooperativa seja realizada de maneira clandestina. O problema é que as livrarias não informam os clientes a respeito.
As editoras têm uma relação de amor e ódio com a idéia, desde o começo. ‘Tenho de dizer que na época provavelmente havia algumas editoras que viam o livro de um concorrente na vitrine da livraria e pensavam que pagariam por aquela posição, se pudessem’, disse o executivo veterano. E de fato, hoje em dia, as posições de destaque nas maiores livrarias são vistas por algumas editoras como uma maneira cada vez mais confiável de promover títulos.
O veterano executivo editorial disse acreditar que, em muitas das livrarias Barnes & Noble, cerca de 70% dos livros que estão nas mesas de destaques ocupam a posição porque o dinheiro dos acordos lhes garante o lugar.
Mas muitas editoras dizem que os custos para certos destaques estão se tornando altos demais.
Peter Osnos diz que, para pequenas editoras, o dispendioso mundo dos acordos com as livrarias o força a encontrar outras maneiras de atrair atenção.
‘O dinheiro é o caminho mais fácil’, acrescentou. ‘Mas não o único’.’
INTERNET
O Estado de S. Paulo
‘Dupla pesquisa sistema de teletransporte via internet’, copyright O Estado de S. Paulo, 18/06/05
‘Cientistas estão desenvolvendo nos Estados Unidos um sistema que poderia permitir que as pessoas ‘teletransportem’ uma reprodução sólida, tridimensional, de si mesmas pela internet, informou ontem o Portal Estadão (www.estadao.com.br). No sistema, câmeras registrariam o movimento de um objeto ou uma pessoa e estes dados seriam usados para estimular outros objetos pequenos à distância, que então se agregariam para produzir uma imagem exata do objeto original.
Todd Mowry e Seth Goldstein, da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, chegaram à idéia a partir de um processo conhecido como claytronics, uma técnica de animação que envolve o movimento de um boneco de argila quadro a quadro e sua filmagem. A técnica foi usada no desenho animado de longa metragem A Fuga das Galinhas, de 2000, por exemplo.
‘No nosso caso, a idéia é que você tenha uma ‘argila computadorizada’, de forma a permitir que o objeto se mexa por si só’, explicou Mowry. ‘Então, se (o objeto original) for um cachorro e você quiser que o cachorro se mexa, ele vai se mexer de verdade. Mas será um objeto sólido na sua frente e não uma imagem ou holograma ou algo assim.’
Goldstein prevê que os objetos originais submetidos à técnica serão recriados no futuro com nanopoeira – objetos minúsculos que poderiam ser programados para se juntar e se mover. No momento, porém eles tentam fazer o sistema funcionar com objetos muito maiores, do tamanho de uma bolinha de pingue-pongue.’
RÁDIO
O Globo
‘Em julho, CBN começa a tocar também em FM’, copyright O Globo 18/06/05
‘A CBN Rio vai tocar notícias também em freqüência modulada. A partir do dia 4 julho, o canal 92,5, ocupado pela Globo FM, vai dar lugar à programação da CBN, que manterá o canal 860 AM. A projeção do diretor-geral do Sistema Globo de Rádio, Rubens Campos, é dobrar a audiência que hoje já alcança 6% da população do Grande Rio:
– A rádio do Rio era a única entre as quatro emissoras próprias (inclui também São Paulo, Belo Horizonte e Brasília) que ainda não estava em FM. Repetindo o desempenho que tivemos em São Paulo, a tendência é a receita publicitária mais que dobrar, com a programação tocando em FM.
Com a entrada da CBN Rio na freqüência 92,5, a Globo FM sai do ar, ao menos por enquanto, informou Campos. A empresa tentou buscar uma nova freqüência, por meio de arrendamento ou aquisição. Mas, sem alternativa, disse o diretor, só restou ocupar o espaço da Globo FM:
– O mercado tende a valorizar mais a rádio voltada para o jornalismo do que a musical. Por isso, a decisão de usar o espaço da Globo FM. Nessa visão estratégica, decidimos consolidar nossa liderança num mercado que premia esse ramo com mais investimento.
Atualmente, a rádio tem 308 mil ouvintes. A média diária de pessoas ligadas à rádio, das 6h às 19h de segunda a sexta-feira, é de cerca de 25 mil por minuto, com pico de 45 mil das 8h às 8h30m.
Cobertura da rede CBN atinge 1,7 milhão de pessoas
Em São Paulo, desde 1995, a rádio toca nas duas freqüências (AM e FM). Com a medida, a audiência subiu de uma média de 40 mil ouvintes por minuto para 70 mil. A cobertura em São Paulo chega a 984 mil ouvintes. No pico de audiência, alcança 131 mil pessoas.
Não vai haver mudanças na programação com a entrada do canal em FM. A rádio manterá o time de comentaristas, entre os quais Miriam Leitão, Franklin Martins, Arnaldo Jabor, Artur Xexéo e Carlos Heitor Cony. Segundo Campos, a nova freqüência vai atrair um público jovem que se afastou dos canais AM.
A rede, que cobre uma população de 1,7 milhão de ouvintes, foi criada em 1991 e hoje é composta por 23 emissoras, sendo 19 afiliadas.’