A viúva de Samir Qaseer, jornalista anti-síria assassinado pela explosão de uma bomba colocada em seu veículo na quinta-feira (2/6) em Beirute, pretende iniciar uma investigação criminal na França, onde seu marido também detinha nacionalidade. Gisele Khoury, que é apresentadora da rede de TV al-Arabiya, reclamou da incompetência do inquérito libanês.
O FBI, polícia federal americana, e peritos da polícia francesa foram para Beirute a pedido do governo libanês e, segundo fontes ligadas à investigação, os investigadores libaneses teriam cometido grandes falhas, como remover o carro muito rapidamente, sem recuperar o detonador da bomba. Além disso, não foi realizada uma autópsia logo após a explosão, dificultando determinar que tipo de explosivo foi usado e traçar sinais infravermelhos do transmissor, que também não foi encontrado. A autópsia só se realizou seis dias depois do assassinato, após insistência da família e na presença de peritos franceses.
Protestos
Na semana passada, centenas de libaneses fizeram uma vigília em frente ao apartamento de Qaseer, na mesma rua em que ocorreu a explosão. O jornalista era professor de ciência política e seus alunos, amigos, parentes e colegas de trabalho colocaram velas e rosas vermelhas diante de sua foto. Um abaixo-assinado recolheu assinaturas para requisitar às autoridades de Beirute a renomeação da rua em sua homenagem.
Organizadores do movimento político co-fundado por Qaseer se reunirão dentro de uma semana para ler em voz alta os artigos do jornalista com críticas ao governo, para dizer aos assassinos que ‘a voz da verdade não pode ser silenciada’.
Mudanças políticas
Neste domingo (12/6), o anti-sírio Michel Aoun venceu a terceira rodada de eleições parlamentares e emergiu como a principal força política cristã no país. O ex-general, de 70 anos, que voltou recentemente do exílio, é uma esperança de mudanças no atual cenário político dominado por líderes tradicionais desde o fim da guerra civil em 1990. Os candidatos do seu bloco conquistaram 15 dos 16 assentos reservados à região cristã maronita a nordeste de Beirute. A última rodada das eleições será no dia 19/6. Informações da AFP [9/6/05] e de Alaa Shahine [Reuters, 13/6/05].