Repórter em período integral. Essa é a definição de João Garcia Duarte Neto, 65, dada por colegas de profissão que atuaram com ele ao longo das quase quatro décadas de jornalismo no interior paulista. “Falava muito pouco de si, mas dos outros, gostava de saber de tudo. Era sempre repórter”, afirma o jornalista Carlos Alberto Nonino, 66, que compartilhou boa parte da trajetória de João no jornalismo ribeirão-pretano.
Ambos atuaram na equipe comandada pelos jornalistas José Hamilton Ribeiro, repórter do Globo Rural e primo de João, e Sérgio de Souza (1934-2008), a partir de 1974. Na trajetória pelos jornais de Ribeirão O Diário, Diário de Notícias, Diário da Manhã e Domingão, esse mesmo grupo foi peça fundamental na modernização do jornalismo na região. Os textos mais opinativos, que dominavam as páginas, deram espaço a reportagens. O processo soube aproveitar a experiência de jornalistas veteranos da época, como Júlio José Chiavenato. “Vivia para a notícia”, diz Victor Cervi, 70, hoje editor de O Jornalzão, de Santa Rosa de Viterbo, cidade natal de João.
No início dos anos 1980, participou do nascimento da TV Ribeirão, hoje EPTV, afiliada da Rede Globo. Foi produtor, editor, chefe de reportagem e gerente de jornalismo. Foi a cabeça criativa de produções como O Canto da Piracema (1992), exibido pelo Globo Repórter e vencedor do prêmio Líbero Badaró. Em 2006, assumiu como diretor editorial do jornal A Cidade, do grupo EPTV.
Morreu anteontem (27/8), após passar mal em casa. Deixa mulher, três filhos e cinco netos.
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[Leandro Martins, daFolha de S.Paulo]