Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mercado jornalístico em expansão

Ao fazer um estudo sobre os maiores jornais do mundo, na década de 90, o diretor-administrativo da Condé Nast Nicholas Coleridge ficou surpreso ao descobrir que o Calcutta Telegraph, maior jornal em inglês vendido na Índia, empregou diversas pessoas com a função de ficar tentando telefonar para os escritórios do jornal ao redor do mundo, na esperança de finalmente conseguir completar as ligações.

Passados 10 anos, o ambiente de alta tecnologia nos escritórios do Daily News and Analysis (DNA) – jornal em inglês lançado na semana passada em Mumbai – difere totalmente das observações de Coleridge. O diretor do jornal, Girish Aggarwal, afirma que ele não fica atrás de nenhum veículo ocidental.

A família de Aggarwal é dona de um império de mídia, que inclui o jornal Dainik Bhaskar, com tiragem diária de 2.4 milhões de cópias, e a Zee, maior emissora de TV privada do país, ambos no idioma oficial da Índia, o hindi. O inglês é um território novo para a companhia. De acordo com o editor do DNA, Gautam Adhikari, o jornal recebeu um investimento de 100 milhões de libras e irá empregar inicialmente 300 jornalistas.

Aggarwal afirma que o DNA foi lançado em Mumbai porque o mercado de jornais local, comparado à capital indiana, Nova Déli, não é desenvolvido. A cidade tem as mesmas proporções em termos de renda e alfabetização que a capital.

Nova Déli, por sua vez, conta com dois grandes jornais, o Times of India e o Hingustan Times. O Times of India é dirigido por famílias da religião jainista. Os membros mais novos do clã assumiram o jornal há uma década e, segundo Randeep Ramesh, do Guardian [27/7/05], o transformaram num veículo de marketing, no qual até o espaço editorial é vendido para anunciantes e suas matérias tratam os leitores mais como consumidores do que como cidadãos. Em um contra-ataque ao lançamento do DNA, a editora do Times of India lançou em junho o jornal em inglês Mumbai Mirror.

Abertura gradual

Gradualmente, investidores estrangeiros são autorizados a investir no mercado indiano. Títulos como Wall Street Journal e International Herald Tribune podem em breve começar a ser impressos na Índia. O Financial Times pagou 3.4 milhões de libras por 26% das ações do Business Standard. O The Independent gastou 2 milhões de libras para comprar 1/4 do grupo de mídia indiano Dainik Jagran.

Enquanto nos EUA o índice de leitura de jornais caiu 8% em 2004, espera-se que a quantidade de leitores da Índia fique em torno de mais de 20% da população, que é de mais de um bilhão de pessoas, nos próximos três anos. De acordo com os números oficiais, foram vendidos um total de 142 milhões de exemplares de jornais (incluindo os em inglês) no ano passado, comparado a 55 milhões vendidos nos EUA.