Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Empresa denunciada por prática imprópria

Em 2002, para conseguir emplacar os hits da cantora Jennifer Lopez, executivos da Sony BMG presentearam o diretor de programação de uma estação de rádio de San Diego com um aparelho de TV de plasma de 32 polegadas. Toda a negociação do chamado ‘jabá’ (ou ‘payola’, em inglês) foi feita através de e-mails e outros documentos, divulgados na segunda-feira (25/7) pelo procurador-geral de Nova York, Eliot Spitzer. A denúncia de que a Sony BMG pagava a promotores independentes para que suas canções fossem tocadas nas rádios levou a companhia a realizar um acordo se comprometendo a pagar US$ 10 milhões e a abandonar a prática.


O acordo não a proíbe, no entanto, de dar brindes para ouvintes e presentear funcionários de rádio com ingressos de shows, presentes de pequeno valor e refeições que custem até US$ 150 por pessoa. Cantores da empresa também vão poder se apresentar nos eventos patrocinados pelas rádios.


Segundo Spitzer, executivos da Sony BMG ofereceram diversos presentes para os promotores das rádios, entre bilhetes de avião, dinheiro, pacotes de viagem, aparelhos de DVD, laptops e videogames. Um outro método usado foi a contratação de garotas para ligarem para as rádios, passando-se por ouvintes, pedindo determinadas músicas. Em comunicado, a empresa informou que vários funcionários realizaram, em nome da companhia, práticas promocionais erradas e impróprias com estações de rádios. Um vice-presidente de promoções foi demitido.


Tocar músicas nas rádios é considerado uma das ferramentas de divulgação mais poderosas pelas gravadoras. A prática do ‘jabá’ já existe na indústria fonográfica americana desde os anos 30, com DJs aceitando dinheiro, drogas ou prostitutas em troca de inserir determinadas músicas na programação.


Em 1960, o Congresso dos EUA aprovou uma lei anti-jabá proibindo estações de rádios de aceitar dinheiro ou outros objetos de valor em troca de tocar músicas específicas – a não ser que o acordo se tornasse público aos ouvintes.


Além da Sony BMG, Spitzer também investiga outras três grandes gravadoras – Universal Music Group, EMI Group e Warner Music Group – e as maiores estações de rádio do país. Intimações judiciais foram enviadas a algumas companhias de telecomunicações, como a Clear Channel Communications, a Infinity Broadcasting, da Viacom, e a Cox Radio. Todas as três proibiram o uso de promotores independentes. Informações da Reuters [25/7/05], de Charles Duhigg e Walter Hamilton [Los Angeles Times, 26/7/05] e da Economist [28/7/05].