Uma delegação do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) visitou, no Centro de Detenção de Alexandria, no estado americano da Virgínia, a repórter do New York Times Judith Miller, presa por recusar-se a entregar à justiça a fonte que lhe revelou que Valerie Plame, mulher de um ex-diplomata crítico de George W. Bush, era uma espiã da CIA. O ex-âncora da NBC Tom Brokaw, um dos integrantes do grupo, contou que, na conversa que tiveram, a jornalista, vestida com um uniforme verde com a palavra ‘prisioneira’ inscrita, voltou a defender sua posição: ‘Ficou claro que ela está convencida de que tomou a decisão certa’.
A delegação foi liderada pelo editor-administrativo do Wall Street Journal e presidente do CPJ, Paul Steiger. Em comunicado, o comitê condenou a prisão de Judith, afirmando que, com ela, o governo americano está prejudicando a liberdade de imprensa e dando um mau exemplo para outros países.
Mas não são todos da comunidade jornalística que vêem na repórter do New York Times um exemplo de defesa da liberdade de imprensa. Como informa a Editor & Publisher [30/7 e 3/8/05], a diretoria da Sociedade Americana de Jornalistas e Autores (ASJA, sigla em inglês) votou unanimemente para voltar atrás da decisão de conferir a próxima edição de seu prêmio anual ‘Consciência na Mídia’ à jornalista.
Em votação anterior, havia-se decidido que ela levaria o galardão. O presidente da organização, Jack El-Hai, explica que a retirada do prêmio se deveu a dois fatores principais – a impressão de que a carreira de Judith, como um todo, não é digna do prêmio e as opiniões divididas sobre se sua recusa em colaborar com a justiça, ajudando uma suposta tramóia da Casa Branca, se enquadra na defesa do privilégio de sigilo de fonte. A repórter é alvo de certa polêmica, sendo citada como uma das jornalistas que foram pouco críticas às alegações do governo dos EUA sobre o arsenal de armas de destruição em massa de Saddam Hussein que, ao que tudo indica, não existia.
Robert Novak é suspenso da CNN
Enquanto Judith cumpre sua pena por obstrução ao trabalho da justiça, o colunista que primeiro publicou a que se dedicava Valerie Plame, Robert Novak, aprontou mais uma num programa da CNN. Além de escrever uma coluna que é reproduzida em dezenas de diários americanos, ele é comentarista contratado da rede de notícias.
Segundo nota de Jacques Steinberg [The New York Times, 5/8/05], Novak saiu no meio de um programa ao vivo em que debatia com um estrategista do Partido Democrata, James Carville. Após ser interrompido algumas vezes pelo consultor, o colunista soltou um xingamento, arrancou o microfone e saiu do estúdio. Porta-voz da CNN disse que novas aparições dele estão temporariamente suspensas. ‘Estamos caracterizando isto como uma decisão mútua’, acrescentou.