A história do correspondente do Wall Street Journal Daniel Pearl, seqüestrado e morto por terroristas no Paquistão, em 2002, pode ir parar nas telas de cinema, informa Christian Moerk, do New York Times [31/7/05]. Pearl iria entrevistar o líder de uma organização fundamentalista no Paquistão quando foi seqüestrado e posteriormente decapitado. O assassinato, que chocou a opinião pública, foi filmado e divulgado no mundo todo pela internet. O jornalista tinha então 38 anos e sua mulher, Mariane, estava grávida de sete meses.
O caso já foi tema de dois livros, lançados em 2003. Um deles foi escrito por Mariane, que também é correspondente internacional, chamado A Mighty Heart: The Brave Life and Death of My Husband Danny Pearl (Coração Valoroso: A vida e morte de meu marido Daniel Pearl). O outro livro, Who Killed Daniel Pearl? (Quem matou Daniel Pearl?), foi publicado pelo filósofo e escritor francês Bernard-Henry Lévy, que levanta a hipótese de que os extremistas islâmicos optaram por executar o jornalista porque ele havia descoberto que estava sendo tramado um ataque terrorista muito pior do que o de 11 de setembro de 2001, possivelmente com o uso de armas nucleares.
Atração pelo drama
Em outubro de 2003, o estúdio Warner Brothers concordou em pagar mais de US$ 500 mil pelos direitos da filmagem do livro escrito pela viúva de Pearl. Em fevereiro do ano seguinte, o estúdio Beacon Pictures, os diretores Edward Zwick e Marshall Herskovitz e o produtor Charlie Lyons desenvolveram um projeto para comprar os direitos da filmagem do livro de Lévy.
Na Warner, o trabalho foi se desenvolvendo lentamente e, 20 meses após adquirir os direitos do livro, o estúdio ainda não havia apresentado nenhum pré-roteiro. O estúdio, a viúva de Pearl e representantes do roteirista John Orloff não quiseram se pronunciar sobre o atraso. Executivos da Warner, entretanto, alegam que a escolha do roteirista foi demorada devido à delicadeza do projeto. O roteiro seria focado na história de amor do casal e na vigília da esposa à espera de um marido que nunca retornou.
Já a Beacon Pictures aponta para um outro enfoque. De acordo com Lyons, produtor do filme, o assunto da proliferação nuclear aliado ao terrorismo estará presente no longa. O roteirista e jornalista Peter Landesman, que estava a trabalho no Paquistão na ocasião da morte de Pearl, contou que encontrou rapidamente o jornalista no país e afirmou que o roteiro será autêntico e respeitoso: ‘Eu tenho uma forte compreensão do que é ser um jornalista em uma situação perigosa’.
Seqüestro de italiana também será filmado
A jornalista italiana Giuliana Sgrena também terá seu seqüestro no Iraque contado em filme, informa a EFE [4/8/05]. Giuliana, correspondente do Il Manifesto, passou um mês em poder dos seqüestradores no início deste ano. Depois de ter sido libertada, o carro em que era levada ao aeroporto foi alvejado por soldados americanos. Giuliana foi ferida no ombro e o agente secreto italiano Nicola Calipari, que a acompanhava, morreu no incidente. O longa terá o nome de Fuoco amico (Fogo Amigo, tradução literal). Segundo Giuliana, o nome do filme tem duplo significado, pois ela era contra a ocupação do Iraque.