Grandes eventos, como as convenções políticas americanas, parecem trazer o que há de melhor em inovações no jornalismo. Em 1924, na convenção do Partido Republicano, as primeiras emissoras de rádio anunciaram a vitória de Calvin Coolidge. Em 1940, a primeira estação de TV do mundo transmitiu ao vivo da convenção nacional. A convenção de 1940 em Filadélfia inaugurou a cobertura ao vivo, pela televisão através de estações experimentais naquela cidade e em Nova York. A estação de Filadélfia, atualmente conhecida como KYW, fez uma cobertura de assombrosas 62 horas ao vivo, o que representa um desafio até para as atuais emissoras.
“Móvel, social e vídeo”
Nas convenções deste ano, o Washington Post aproveitou para mostrar novidades em sua cobertura. Sua nova ferramenta de análise de vídeo interativa permite que usuários acompanhem o discurso e interajam com o vídeo. Usando informações do parceiro do Post no projeto, Voter Tide, os espectadores podem ver qual o trecho do discurso que recebeu mais tweets. Em seguida, podem ir rolando a ferramenta e fazer um zoom no trecho que causou o frenesi no Twitter. À medida que o discurso progride, o espectador pode assistir ao que o Post disse sobre questões levantadas pelo orador. A ferramenta interativa proporciona rápidos links com a rubrica que verifica a veracidade das informações (Fact Checker), além de coberturas anteriores, análises e opiniões. O site usa “nuvens” para destacar as palavras mais usadas pelo orador e as palavras mais repetidas pelos usuários do Twitter.
“Este projeto começou apenas há algumas semanas”, disse Cory Haik, produtora-executiva para informações digitais no Washington Post. “Tínhamos sete pessoas trabalhando nisto, assim como em outras coisas, mas veio tudo junto e muito rapidamente.” Cory disse que, quando está desenvolvendo novos projetos, tem três coisas na cabeça: “móvel, social e vídeo”. Como este projeto inclui mídias sociais e vídeo, é natural que seja uma atração. “Existem motivos administrativos e jornalísticos para que esta ideia seja atraente”, disse.
Motivo administrativo
O Post usa a cobertura política, como inaugurações, eleições e convenções, como plataformas de eventos, pois a cobertura política é fundamental à sua marca. Cory diz que a organização jornalística já está planejando usar esta ferramenta de vídeo interativo para a cobertura de debates.
A mensuração, no entanto, ainda é uma questão. “Sabemos que produções como esta representam um grande envolvimento”, explica. O leitor-usuário gasta mais tempo numa ferramenta interativa como esta e o “tempo gasto num site” é uma medida que interessa aos anunciantes. “Sabemos que as pessoas entram e saem de nossas páginas online o tempo todo”, afirmou. “Mas quando conseguimos envolvê-las, não só é bom para nossos anunciantes como leva o leitor a procurar outro conteúdo.”
Objetivo jornalístico
Cory diz que foi particularmente gratificante ver jornalistas do Post usando a ferramenta de busca no discurso para ajudá-los a produzirem suas matérias. “Para algumas inovações que fizemos, você dá um passo atrás e diz: ‘Foi divertido.’ Outros poderiam dizer: ‘Produzimos uma nova maneira de contar a matéria.’ Porém, desta vez acho que poderemos dizer ambas as coisas.” Informações de Al Tompkins [Poynter, 31/8/12]