Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

O pioneiro da mídia negra americana

O editor da primeira revista para o público negro dos EUA, John Johnson, morreu aos 87 anos na segunda-feira (8/8), de parada cardíaca provocada por uma longa doença, de acordo com um agente da sua editora. Suas revistas Ebony e Jet chocaram leitores ao divulgar imagens de negros sendo espancados pela polícia no sul e dos assassinatos de Martin Luther King e Malcolm X, mas ajudaram a incentivar o movimento pelos direitos civis nos anos 1950 e 1960.


Johnson começou seu grupo de mídia Johnson Publishing Co. penhorando por US$ 500 os móveis da mãe, em Arkansas, e tornou-se multimilionário, sendo o primeiro americano negro a entrar para a lista publicada pela Forbes das pessoas mais ricas do país em 1982.


Voz aos negros


Suas revistas foram lançadas logo após a Primeira Guerra Mundial, quando soldados negros retornavam para os EUA. Na época, não havia jogadores negros na liga de baseball e eram poucos os representantes negros políticos. Johnson dizia que a filosofia de suas revistas era divulgar o ‘lado mais alegre’ da vida dos negros americanos, na tentativa de dar esperanças às pessoas no fim do dia. Matérias com celebridades negras davam dicas à classe média emergente de como acumular dinheiro.


Como não conseguia convencer anunciantes para suas revistas na época – feitas por e para negros – Johnson começou a publicar anúncios de produtos da sua empresa de cosméticos especializados para negros. Uma revista dirigida ao público negro, Ebony Man, foi lançada em 1985. Ele também foi dono de emissoras de rádio. A tiragem da Ebony, lançada em 1942, atualmente é de aproximadamente dois milhões de exemplares e a da Jet, lançada em 1951, hoje chega a um milhão.


O Reverendo Jesse Jackson afirmou que as revistas de Johnson deram aos afro-americanos o primeiro espelho para se verem como ‘pessoas de dignidade, inteligência e beleza’. Quando recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade em 1996, o então presidente Bill Clinton afirmou que Johnson deu voz aos negros e um novo sentido de quem eles são e o que poderiam fazer, no momento em que eles eram invisíveis à cultura americana. Informações de Andrew Stern, da Reuters [8/8/05], da BBC [9/8/05] e da CBS News [9/8/05].