O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi segue tentando minimizar os rumores de que estaria tentando assumir o controle do diário mais importante de seu país, o milanês Corriere Della Sera. Observadores locais começaram a ficar alertas quando o investidor romano Stefano Ricucci, que, afirma-se, tem ligações com o premiê, fez em junho compra agressiva de ações do grupo de mídia RCS, proprietário do jornal. O Corriere sempre foi porta-voz da burguesia industrial de Milão e, portanto, sua linha editorial é centro-direitista. No entanto, o jornalão não tem apoiado Berlusconi, criticando-o por seu duplo papel de político e empresário de comunicação. Seu governo será posto à prova em eleição nacional no ano que vem, o que reforça a idéia de que teria interesse em influenciar a linha editorial do diário.
Como informa The Independent [10/08/05], o primeiro-ministro já detém dois jornais, além de exercer amplo controle sobre a televisão italiana, pois é dono da maior rede privada e determina também os rumos da estatal RAI.
Em discurso, Berlusconi recentemente afirmou não ter relação com Ricucci, mas condenou a ‘inaceitável hostilidade’ contra o empresário que hoje detém 19% do Corriere. Em outro comunicado, chamou de ‘castelo de fantasias e mentiras’ a teoria de que estaria almejando o controle da RCS. Empresas acionistas, como Mediobanca, Fiat, Pirelli, Banca Intesa e Capitalia, detêm 58% da companhia e mantêm acordo de cavalheiros para não venderem sua participação, garantindo a independência do Corriere.