Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Palestina urgente

Fiquei surpreso com a quantidade de contradições que descobri na Palestina quando lá estive. A mídia internacional não tem sido imparcial com os fatos históricos e contemporâneos que estão ocorrendo na Palestina, pois há nítida influência do sionismo nas matérias. Nos EUA, por exemplo, nada sai de positivo acerca da questão palestina e o New York Times somente prestigia com benevolência em seus comentários livros pró-Israel. Há anos, a Liga Israelense de Direitos Humanos divulga informações sobre a demolição de residências, a expropriação de terras, o tratamento dos trabalhadores, a tortura e a detenção ilegal de árabes e palestinos muçulmanos, mas quase nada é publicado sobre o tema.

Outra prova de boicote à questão palestina foi a divulgação do relatório “Insight” pelo jornal londrino Sunday Times, em 19 de junho de 1977, relatando as torturas aos árabes e as prisões ilegais e afirmando que o Estado de Israel sabia de tudo mas fazia vista grossa; bem como os relatórios da Anistia Internacional e da Cruz Vermelha, corroborando as atrocidades, mas, com exceção do Globe, de Boston, nada saiu nos EUA – artigos de opinião pró-palestinos nos jornais são quase inexistentes.

Não se veem na mídia debates acerca do descumprimento de Israel da Resolução nº 242, de 22 de novembro de 1967, da Organização das Nações Unidas – ONU –, que determina que Israel devolva aos palestinos as terras ocupadas na Guerra dos Seis Dias naquele ano. Esse descumprimento, inclusive, tem sido apontado como o principal obstáculo para a paz entre judeus, árabes e palestinos muçulmanos.

Sem voz e sem vez

Devido ao clima severo, a escassez de água potável e para agricultura na Palestina tem sido um problema sério, inclusive na Faixa de Gaza. Quase toda a água usada pelos palestinos é imprópria para o consumo humano — as nascentes e as fontes de água potável tornaram-se o bem mais precioso naquela desértica região.

O muro de segurança na Cisjordânia começou a ser construído por Israel em 14 de junho de 2002, alegando-se que é para evitar ataques terroristas. Porém, tem inviabilizado a vida social e econômica de várias comunidades palestinas, pois as terras deixaram de ser contíguas e a mídia tem sido omissa ao não mostrar essa realidade. Os sangrentos ataques contra os palestinos armados de pedras nas fronteiras limítrofes a Israel pelo Haganah – exército israelense – foram denunciados até por militares israelenses dissidentes e isso começou a mudar lentamente a visão da opinião pública em relação à questão palestina. Porém, os palestinos ainda estão sem voz e vez na mídia internacional…

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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]