Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A história da notícia

[do release da editora]

Fraude nas eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982. Entre as empresas de processamento de dados inscritas na licitação do serviço de computação dos votos, que apurariam o pleito, está a Proconsult. Esta acaba ganhando a concorrência, já que as outras duas concorrentes, Serpro e Datamec, desistiram por não concordarem com as condições de apuração. Na madrugada, Leonel Brizola (PDT) recebe uma ligação. Do outro lado da linha ‘uma voz de mulher’ revela que vão roubar dele no resultado. Surgem os primeiros contornos do episódio que ficou conhecido como o escândalo Proconsult. Esse é o enredo de Plim Plim, a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral, do jornalista Paulo Henrique Amorim, em parceria com a jornalista Maria Helena Passos.

‘Ainda naquela madrugada de domingo, véspera de eleição, O Globo chegava às bancas com um editorial de capa que recomendava voto em Moreira Franco’, lembram os jornalistas na obra. Amorim e Passos defendem que está mal contada a explicação da Globo nas investigações da fraude. Ambos argumentam que a emissora manipulou os resultados da eleição. Uma das fontes citadas pelos jornalistas no livro revela, inclusive, que houve pessoas que não apenas ‘distorcia o andamento da apuração, mas mentia’. Enquanto o jornal O Globo dava Moreira Franco na frente, no Jornal do Brasil, onde Paulo Henrique trabalhava na época, Brizola era quem vencia.

Ao mesmo tempo que enumera estatísticas das possíveis fraudes, Plim-Plim traça um pano de fundo que descreve o dia a dia das manchetes, os diálogos e os bastidores da apuração. Isso confere ao livro um ar de suspense policial, porque sua narrativa também investiga civis escoltados pela Polícia saindo, na madrugada, de prédio de zona eleitoral carregando sacolas; cédulas rasuradas encontradas nas ruas da periferia carioca; canetas de eleitores fazendo sua tinta apagar horas depois; e um caminhão tombando na av. Brasil, espalhando laranjas e… urnas eleitorais.

Os autores

Paulo Henrique Amorim nasceu na cidade do Rio de Janeiro, é formado em Sociologia e Política. Passou boa parte de sua carreira como correspondente internacional nos Estados Unidos. Foi pioneiro em diversos projetos em que esteve à frente: primeiro correspondente da Veja em Nova York; abriu o escritório da Globo, na Big Apple; iniciou as coberturas em tempo real para WebTV, no antigo ZAZ. Atualmente é apresentador do programa Tudo a Ver, da Rede Record e é diretor de jornalismo do Portal UOL. Não é por acaso que o jornalta está lançando Plim Plim. Sua primeira cobertura foi sobre o levante gaúcho, em 1961, quando o presidente Jânio Quadros renunciou e o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, mobilizou soldados e jornalistas para garantir a posse do vice, João Goulart.

Maria Helena Passos é jornalista. Já atuou como repórter e editora das revistas CartaCapital, Veja e IstoÉ – inclusive à época do caso Proconsult. Também integrou as redações de jornais como O Globo, Folha de S.Paulo e Gazeta Mercantil. Foi correspondente de publicações diversas em Paris e em Berlim. Cobriu o impeachment de Fernando Collor para a BBC de Londres. Atualmente dedica-se a projetos editorais em economia e investigação jornalística e escreve para a revista Conjuntura Econômica, da FGV-Rio.



O bolo que embatumou

Mino Carta (*)

O titular da mais contagiante risada da minha vida (ou seria o caso de dizer do país?) é um dos raros jornalistas confiáveis da mídia nativa, Paulo Henrique Amorim. A disponibilidade para o bom humor ajuda.

Castigat ridendo mores, diziam os antigos romanos. De fato, ao rir, ele castiga. Quem vai lê-lo neste livro, ou o leu em outras instâncias, ou o acompanha no vídeo, sabe que essa característica da personalidade de Paulo Henrique condimenta graciosamente a sua prática do jornalismo de inúmeros quilates. Fidelidade canina à verdade factual, exercício desabrido do espírito crítico, infatigável fiscalização do poder. Castigado, nestas páginas, nosso colega Roberto Marinho. Perdão, esqueci as aspas, enxerguem-nas, por favor, sem vê-las.

É do conhecimento até do mundo mineral que o doutor Roberto de nosso colega nada tinha. Não sei de colegas donos do poder, habilitados a influenciar a vida brasileira qual fossem castelões de terra e a arrancar lágrimas presidenciais à beira do túmulo, talvez precipitadas, no caso, pela decepção ao se verificar que nem mesmo o doutor Roberto era imortal, apesar do seu próprio vaticínio. Neste livro, resultado de meritória investigação, conta-se um capítulo da história do senhor da Globo, a provar que o bolo do castelão às vezes embatuma. Por mais escassas as vezes, valem largamente a risada de Paulo Henrique.

(*) Diretor de redação da CartaCapital; texto da ‘orelha’ de Plim Plim A Peleja de Brizola Contra a Fraude Eleitoral; título da redação do OI