Os grandes jornais americanos realizaram, na semana passada, conferências com seus acionistas, apresentando resultados de 2004 e projetos para 2005, como reporta nota da agência AP [8/12/04]. A diretora de operações do New York Times, Janet Robinson, disse aos investidores que o próximo ano será um desafio, devido ao aumento de custos para a produção do jornal, concomitantemente com o surgimento de novas mídias concorrentes e uma legislação recém-implantada que inibe o aumento da circulação através de ações de tele-marketing. Os resultados financeiros com o fechamento de 2004 deverão estar aquém do esperado por Wall Street.
Craig Moon, publisher do USA Today, jornal de maior tiragem dos EUA, admitiu que o diário sofreu uma queda acentuada na venda avulsa ao longo do último ano, mas que seu desempenho financeiro foi mantido com um aumento de preço adotado em setembro. Segundo noticia a Editor & Publisher [8/12/04], o diário teve venda avulsa 12,7% menor em outubro de 2004 que no mesmo mês do ano passado. Em novembro, a diferença chegou a 13% – o que equivale a 124 mil exemplares a menos. Graças ao aumento de venda de assinaturas, no entanto, neste mesmo mês, a tiragem total foi 1,2% maior que em novembro de 2003. Moon anunciou planos de elevar os preços dos anúncios no USA Today em 8%, em janeiro.
Peter Kann, presidente da Dow Jones, companhia que publica The Wall Street Journal, colocou para seus acionistas que a publicidade B2B – de negócio para negócio – continua volátil, principalmente no setor de tecnologia, o que afeta o diário de negócios. ‘Os setores de computadores e telecomunicações suficientemente grandes estão tão em baixa que conseguem trazer nossos números totais para baixo’, admitiu.
No entanto, Martha Graybow, em reportagem para a Reuters [6/12/04], noticia que a verba total obtida com publicidade pelos jornais americanos em 2005 deve ser 4,1% maior que neste ano, atingindo a cifra de US$ 48,6 bilhões. Os maiores responsáveis por esse crescimento devem ser os anúncios classificados, segundo a Newspaper Association of America.
O economista Miles Groves, da empresa de pesquisa de mercado MG Strategic, tem previsão ainda mais otimista, estimando o crescimento entre 4,5% e 4,7% no próximo ano. Ele aponta que os anúncios de alcance nacional devem crescer mais de 6%. De fato, a indústria de jornais tem o que comemorar com relação a este segmento: a gigante rede varejista Wal-Mart, que nunca anunciava em diários, resolveu comprar páginas duplas, em cidades como Dallas e Denver, para incrementar as vendas de Natal. Se os resultados forem positivos, a companhia pode querer investir em mais anúncios em mercados médios, onde possui muitas de suas lojas.