Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornal britânico consegue acesso a documentos

O julgamento de Chan U Seek, um executivo de Cingapura, e Alvis, um fabricante de carros de guerra, sobre o caso da cobrança de propina na venda de tanques Scorpion na Indonésia, está sendo coberto mais profundamente pela imprensa. O juiz Justice Park, que está à frente do julgamento na Alta Corte de Londres, concedeu ao jornal britânico The Guardian acesso a documentos que dão substância às acusações de suborno contra a Alvis.

Nikki Tait, Mark Odell e Shawn Donnan [The Financial Times, 9/12/04] noticiaram que o Guardian teve, ainda, acesso às declarações de seis testemunhas, e que o jornal baseou-se nos documentos para publicar as acusações de que a Alvis pagou 16,5 milhões de libras em benefício de Siti Hardiyanti ‘Tutut’ Rukmana, filha mais velha do ex-ditador da Indonésia, Suharto. A Alvis alegou que os pagamentos feitos por um agente local foram a razão pela qual a empresa firmou contrato com o governo indonésio em 1995 e 1996 para fornecer os veículos de guerra Scorpion. O juiz Park fez questão de ressaltar que, durante todo o julgamento, a empresa negou solenemente as acusações de suborno.

Na época, o acordo de 160 milhões de libras para vender os tanques Scorpion já era controverso. Preocupado com o procedimento contra os direitos humanos do regime de Suharto, o governo britânico procurou, e recebeu, garantias de Jacarta de que os Scorpions não seriam usados em operações de segurança interna. Porém, as forças armadas da Indonésia ignoraram essas restrições rapidamente e os tanques foram usados durante os conflitos de 1999 em Timor Leste, que deixaram 1.400 mortos. Mais recentemente, os tanques têm sido uma característica comum na paisagem da província de Aceh, onde Jacarta tenta acabar com um antigo movimento separatista.