Programas de televisão com conteúdo que incitam o ódio e a violência são encarados como um grande problema para o governo francês. No momento, a maior preocupação das autoridades francesas é com o canal árabe Al Manar, dirigido pelo grupo Hezbollah. O canal transmite mensagens anti-americanas, anti-israelenses e anti-semitas todos os dias para milhares de televisores por toda a França.
Elaine Sciolino [The New York Times, 9/12/04] reportou que uma campanha para fechar o Al Manar, que já dura um ano, foi frustrada pela lei. Quando o governo francês pediu para que a Eutelsat, companhia de TV por satélite que transmite o canal, suspendesse suas transmissões, não havia base legal para tal. Em julho, a França modificou a lei para tornar mais fácil a suspensão de canais sem licença.
O Conselho de Estado, a maior autoridade judicial administrativa da França, recusou o pedido de suspensão e determinou que o Al Manar poderia continuar a transmitir sua programação desde que aderisse às regulamentações. O canal assinou um contrato com a instituição pública reguladora de televisão, o Alto Conselho de Áudio-Visual, concordando em ‘não incitar ódio, violência ou discriminação de raça, sexo, religião ou nacionalidade’. Sob estes termos, a comissão concedeu a licença ao Al Manar.
Contudo, quatro dias depois, o canal transmitiu uma reportagem dizendo que por anos os israelenses espalharam Aids e outras doenças pelo mundo árabe e uma outra matéria chamando para a guerra contra os judeus e pela destruição de Israel. As transmissões levaram a novos pedidos das autoridades francesas, parlamentares, acadêmicos e analistas pelo fechamento do canal.
O senador Ladislas Poniatowski disse publicamente, na presença do primeiro ministro, Jean-Pierre Raffarin, que o canal afeta ‘os interesses da França, o respeito aos direitos humanos e até a honra do país’. Ele ainda acrescentou: ‘nós temos que parar as transmissões da Al Manar logo. Eu exijo isso’. Poniatowski foi vigorosamente aplaudido. Raffarin concordou dizendo que ‘esses programas são incompatíveis com os nossos valores’, mas alertou que não tem os meios judiciais para intervir imediatamente. O conselho de Estado vai decidir se o canal vai ou não ser banido.
O Al Manar é transmitido via satélite e estima-se que seu alcance seja de 10 milhões de pessoas em 12 países. O governo da França ignorou o canal até outubro de 2003, quando o Al Manar transmitiu uma série de programas anti-semitas durante o Ramada, mês sagrado mulçumano.