Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Osvaldo Martins

‘A direção da TV Cultura está desenhando a nova grade de programação, que começa a ser alterada depois do carnaval. Paralelamente começam os contatos com as emissoras repetidoras regionais, espalhadas por todo o país, com o objetivo de transformá-las em afiliadas da nova Rede Cultura. O plano é dar à emissora da Fundação Padre Anchieta, ao longo de 2005, a condição de cabeça de rede, com sinal aberto, de uma programação via satélite de âmbito nacional. As afiliadas vão inserir programas locais em horários pré-determinados e seus conteúdos terão de ser aprovados pela Cultura.

Até hoje essa montagem não foi possível em virtude de compromissos assumidos pela Cultura com a Rede Pública de TV, os quais estão sendo cumpridos. A programação acordada com a Rede Pública deixa pouca margem de manobra para a emissora paulista mexer na sua própria grade, o que às vezes representa um problema. O pessoal da Cultura queixa-se desse ‘engessamento’ da grade de programação e sonha com o dia, no ano que vem, em que o comando será inteiramente seu.

Mas hoje ocorreu um fato novo: o presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, mandou quebrar o gesso. Determinou a substituição do programa O Poder do Cérebro, da série O Corpo Humano, às 20 horas, pelo especial Tom Jobim: As Nascentes, que lembra no dia 8 de dezembro o décimo aniversário da morte do grande compositor brasileiro. O especial com Jobim estava previsto só para depois da meia-noite (horário mantido), mas ganhou também um espaço no horário nobre.

A importância desse fato está na atitude de Marcos Mendonça. Ela emite alguns sinais positivos: 1 – compromissos estão aí para ser cumpridos, exceto por questão de força maior; 2 – a gestão de uma TV requer agilidade, flexibilidade e inteligência; 3 – o gesso da grade pode sim, e deve, ser quebrado, sempre que haja uma justificativa indiscutível.

E, se há neste 8 de dezembro uma justificativa indiscutível neste país, ultimamente tão pobre de grandes talentos, ela atende pelo nome de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. No horário nobre, que é o seu lugar. Além de músico e poeta inspiradíssimo e refinado, e de precursor do pensamento ecológico quando isso não era moda, Tom Jobim foi o maior compositor brasileiro de todos os tempos. Nada se iguala, em qualidade e quantidade, à sua obra magnífica. Seus conhecimentos da língua portuguesa bem mereciam um programa especial do professor Pasquale, tal a originalidade com que o nosso maestro mexia com as palavras (por exemplo, ‘amador’ – não como antônimo de profissional, mas como sinônimo de amante).

O especial Tom Jobim: As Nascentes não é inédito. Foi gravado em 1993, naquela famosa sala com dois pianos da casa em que morava, na rua Sara Vilela, no alto do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Tal como no endereço anterior, da rua Nascimento e Silva 107, da janela vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo…’

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‘Cheirando a mofo’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 7/12/04.

‘As chamadas de alguns programas produzidos pela TV-E, do Rio de Janeiro, e exibidos também pela TV Cultura, precisam urgentemente ser atualizadas. Aliás, essa atualização deveria ser obrigatoriamente semanal. É o caso de Observatório da Imprensa e de Conjuntura Econômica, dois programas com a mesma chamada no ar há seis meses. A repetição é não apenas um desrespeito ao telespectador, mas um convite a mudar de canal. Chamadas existem para rechear os intervalos da programação com sugestões atraentes, irresistíveis. Sem esses atributos acabam funcionando contra a sua finalidade.’