Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falta graxa na imprensa

‘A gente ama, a gente odeia, mas nossa palavra é sim’, diria Raul Seixas, no começo dos anos 80. Esta é a visão do jornalismo hoje na cidade de São Paulo. Ora amados, tampouco odiados pela maioria, ou minoria insignificante. Seguem-se todos os profissionais que trabalham na imprensa, naquela chamada diária, que faz as folhas, os diários e periódicos estaduais por todo o Brasil. Mas, quão seria este ignóbil senhor, que protesta, que contesta, que noticia que cala e aprecia, em nome do que precisa ser dito. Não importa se à minoria que detesta os classificáveis, ou àqueles indicados pela massa como formadores de opinião.

Estamos noutro lado sendo traídos, não pela venda de espaços, minutos ou horas na imprensa brasileira, mas sim pela conjuntura de maneira integral. Fácil seria eleger mártires que ofuscam as lentes mais aguçadas, os microfones eternamente ouvidos ou ainda as malcheirosas páginas de uma publicação qualquer. Protestar também não cabe aos profissionais de comunicação, a necessidade é outra. Há que se reter os inesquecíveis focas para que nasçam novos cobras dentro do cenário politicamente incorreto que vemos hoje nas redações.

Não há notícia que não venha seguida de protestos ao governo. Enquanto nosso rei petista fecha as casas de jogos, não só os veículos de comunicação – juntamente com o terceiro setor, permanecem inertes à tal situação. O que fazer ? Há jornais brasileiros demitindo um profissional por dia, prédios inteiros sendo desativados, estações de rádio e televisão sendo dizimadas a cada novo amanhecer.

Até quando será impossível enxergar um novo arrebol dentro do protestantismo pragmático que se encontra a população brasileira? Será possível continuar da maneira que estamos, ou é necessário sorrir e ‘bater palmas com vontade, fingindo que é turista’ como diria Chico Buarque.

Perguntinha difícil

O cidadão não consegue nem mesmo assistir à televisão ou visitar um site na internet atualmente. Piadinhas circulam na rede sobre a catástrofe pluviométrica proposta pela prefeitura. Sim, proposta realmente, só está sendo colhido o que já cultivou-se há mais de duzentos anos. A selva de pedra não suporta nem mesmo algum tipo de enxurrada mais forte, são cada vez mais laboriosas as estratégias adotadas pelo pressuposto ecumênico do governo em exercício. As denominadas novas propostas, precisariam chamar-se de novas apostas pois o povo já está careca de saber que o proposto geralmente não é cumprido, talvez no que se aposte, o jogador tenha uma miúda chance de acerto.

Mas segue o povo mocambeiro diante das expectativas mais absolutistas e que nada têm a ver com a realidade propriamente dita: fome, desemprego, guerra interna, narcotráfico, crimes e saúde em cacarecos.

Do outro lado está a imprensa, que tenta noticiar e sequer está conseguindo pagar suas próprias contas. É a máquina fiscal que não funciona, a reforma da previdência que insiste em engasgar e o desemprego que assola à todos.

Visões paternalistas de membros dos sindicatos, não afrontam mais os empresários de fato. Não é de greve que se vive o trabalhador, temos hoje no poder o maior sindicalista que este povo conheceu, e o que ele tem feito para criar empregos e matar a fome desta gente? Perguntinha difícil, hein!

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Jornalista