Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Luiz Carlos Merten

‘Plin-plin – a Globo inicia o ano com um Festival Nacional, com certeza para se redimir do anterior, no semestre passado, quando a emissora atirou um punhado de filmes brasileiros na madrugada, onde eles, compreensivelmente, não obtiveram audiência alguma. O novo Festival Nacional vai para o horário nobre, na faixa das 10 da noite, com ligeiras variações. Xuxa e os Duendes, que abre hoje a programação, passa às 21h55. Bellini e a Esfinge, que a encerra, na sexta, às 22h50. Entre esses extremos você poderá ver Avassaladoras (amanhã, às 21h55); Bufo & Spallanzani (quarta, às 21h45); e Bicho de Sete Cabeças (quinta, de novo às 21h55).

Houve um aumento substancial de público nos cinemas brasileiros em 2004, mas ele favoreceu a produção estrangeira (leia-se Hollywood). A Warner encerrou o ano trombeteando que teve mais espectadores, batendo a rival Columbia. O cinema brasileiro, que vinha num ritmo ascendente, caiu. Dos 22% de 2003, a participação no mercado caiu para 15%. A questão é saber como será o desempenho em 2005. Filmes nacionais não faltam para ser lançados, alguns já candidatos a êxitos. O casamento cinema-TV encerrou 2004 com a estréia do ótimo Meu Tio Matou Um Cara, de Jorge Furtado, parceria da Casa de Cinema de Porto Alegre com a Globo e a Columbia. O filme brasileiro mais visto em 2003 – o mais visto desde a retomada – foi Carandiru, de Hector Babenco, também Globo-Columbia, com quase 5 milhões de espectadores. Carandiru vai virar série no ano que se inicia, seguindo o exemplo de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, parceria da O2 com a Globo e a Lumière, que virou Cidade dos Homens na telinha.

GOSTO DO PÚBLICO

O próprio Babenco vai dirigir o primeiro episódio da primeira temporada de Carandiru, que poderá ser renovada. Os demais episódios, já previstos, terão direção do fotógrafo Walter Carvalho – que investe para valer na nova carreira, após o êxito das co-direções de Janela da Alma e Cazuza – e Paulo Morelli. Tudo isso promete mais do que o filme que abre hoje o Festival Nacional. Xuxa e os Duendes, de Paulo Sérgio Almeida, só não merece o silêncio porque, afinal, teve mais de 2 milhões de espectadores e um público desses não pode ser ignorado. Avassaladoras tem cara de sitcom e, apesar dos cuidados de produção – que se manifestam no uso esmerado da cor e da cenografia -, é outra nulidade. Reynaldo Gianecchini, de qualquer maneira, diverte no papel de cafajeste e Giovana Antonelli é linda. O festival inclui dois policiais adaptados de livros. Bufo & Spallanzani, de Flávio Tambellini, baseia-se no original de Rubem Fonseca e também capricha na produção, mas o cuidado é ineficiente diante da artificialidade das situações e dos diálogos e do tom gélido da narrativa. Bellini e a Esfinge é melhor. O policial que Roberto Santucci Filho adaptou do livro do titã Tony Bellotto também pode ter seu lado artificial (na trama), mas a pintura sórdida do submundo convence e Fábio Assunção e Malu Mader dão conta de seus personagens. Ela merece ser considerada a musa do Festival Nacional por seu papel de garota de programa.

O muso, comparativamente, seria Rodrigo Santoro, por Bicho de Sete Cabeças. O tempo passa e o filme que Laís Bodanski adaptou do livro de Austregésilo Carrano, com roteiro de seu marido, Luiz Bolognesi, segue sendo o melhor desde a retomada, no começo dos anos 1990 – embora o público tenha preferido o poderoso Cidade de Deus na enquete promovida pelo Estado. Bicho possui uma qualidade especial de emoção. É pungente e forte e a história de Neto e sua via-crúcis pelo sistema manicomial do País beneficia-se enormemente da entrega de Santoro ao seu personagem. Ele é apaixonado e sincero. E quando você confronta a história e o tratamento plástico-dramático com a letra da música de Arnaldo Antunes – ‘O seu olhar/melhora o meu…’ – só pode concluir que o olhar de Laís é absolutamente necessário no cinema brasileiro.’



Laura Mattos

‘Globo põe série de Erico Verissimo em DVD’, copyright Folha de S. Paulo, 29/12/04

‘Em 2005, quando o escritor Erico Verissimo (1905-1975) completaria cem anos, a Globo lança em DVD duas minisséries baseadas em suas obras: ‘Incidente em Antares’ e ‘O Tempo e o Vento’.

Outro clássico da teledramaturgia a ser transformado em DVD pela emissora no próximo ano é ‘O Bem Amado’, de Dias Gomes. Falta ainda definir se será uma reedição da novela, exibida em 1973, do seriado, levado ao ar de 1980 a 84, ou um ‘mix’ dos dois.

Sob o selo acervo, a ser lançado a partir do mês de março, saem também ‘TV Pirata’ (primeira fase de 1988 a 1990; segunda, em 1992) e ‘Viva o Gordo’, comandado por Jô Soares de 1981 a 1987.

A ‘fábrica de DVDs’ da emissora -considerada um dos negócios mais estratégicos e lucrativos dos último tempos- também coloca à venda programas novos da casa. Dentre os títulos recentes para 2005, estão o humorístico ‘A Diarista’, a temporada 2004 da série ‘Cidade dos Homens’ e um show do grupo Camisa de Vênus para o Festival de Verão, veiculado no mês de janeiro deste ano.

Na Globo, 2005 é considerado estratégico para o lançamento de uma grande variedade de títulos em DVD: é o ano do 40º aniversário da emissora, que será cercado por campanhas de marketing e novidades na programação.

Verissimo

‘O Tempo e o Vento’, sobre a formação do Estado do Rio Grande do Sul, foi ao ar em comemoração dos 20 anos da Globo (1985). Adaptada por Doc Comparato e dirigida por Paulo José, a minissérie de 25 capítulos tinha como protagonistas Glória Pires (Ana Terra), Tarcísio Meira (capitão Rodrigo) e Lélia Abramo (Bibiana Terra Cambará). A trilha sonora foi composta por Tom Jobim.

‘Incidente em Antares’, de 1994, teve adaptação assinada por Nelson Nadotti e Charles Peixoto, direção-geral de Paulo José e artística de Carlos Manga.

Com tom de humor e realismo fantástico, conta a história de sete defuntos que não podem ser enterrados em razão de uma greve. Os sete foram interpretados por Fernanda Montenegro, Elias Gleizer, Diogo Vilela, Paulo Betti, Gianfrancesco Guarnieri, Rui Rezende e Marília Pêra. Regina Duarte também estava no elenco, como uma telefonista fofoqueira.’



TV / PUBLICIDADE EM ALTA
Keila Jimenez

‘TVs comemoram faturamento de 2004’, copyright O Estado de S. Paulo, 3/01/05

‘Desde 2000 a TV não via um crescimento em investimento publicitário tão bom. Segundo dados do Projeto Intermeios (que audita investimentos publicitários em todo o tipo de mídia), o mercado, no geral, cresceu em 2004 cerca de 15% em relação ao ano anterior. Já a TV aberta, que concentra cerca de 60% de tudo o que é investido em mídia, teve um crescimento de cerca de 26%, o que é muito comparado ao desanimado crescimento de 7% registrado de 2002 para 2003.

Entre as emissoras que engordaram mais o seu caixa em 2004 estão Globo e Record. A rede dos Marinhos fechou o ano comemorando crescimento acima da faixa dos 25%. Já a Record bateu seu recorde, com crescimento em faturamento comercial de 47% em relação ao ano anterior. Vale ressaltar que um crescimento de 25% da Globo representa um montante de dinheiro bem maior que o dos 47% da Record, pois a rede do plim-plim sozinha fatura 70% do que é investido em meios de comunicação.

Na Globo, boa parte dessa demanda é atribuída aos investimentos na transmissão de eventos esportivos – as Olimpíadas de Atenas atraíram muitos anunciantes – e à criação de novas oportunidades comerciais, como o aumento de espaços para merchandising em novelas. Celebridade e Senhora do Destino quebraram todos os recordes nesse tipo de ação.

Na Record, a aposta – acertada – em novos produtos, como A Escrava Isaura e O Aprendiz, foi o grande chamariz para investimentos comerciais. A transmissão de campeonatos de futebol – como o Brasileirão – foi outro item que pesou no faturamento da emissora.

Band e RedeTV! também fecharam o ano bem, seguindo a média de crescimento do mercado: cerca de 15%. No caso da Band, o caixa foi impulsionado igualmente pela transmissão das Olimpíadas. A RedeTV! se deu bem com a transmissão de campeonatos europeus de futebol e de jogos da liga profissional de basquete americana, a NBA.

O SBT também ficou nessa faixa de crescimento, o que é pouco, considerando o crescimento acima dos 20% que a rede obteve em 2002.’