Embora os egípcios pudessem escolher entre dez candidatos à presidência no primeiro pleito multipartidário da história do país, realizado em 7/9, o presidente Hosni Mubarak foi reeleito com 80% dos votos. Mubarak, que já está há quase 24 anos no poder de um governo que limita a liberdade de expressão e de atividade política, chegou ao fim de seu quarto mandato tendo que fazer campanha pela primeira vez na vida. Para isso, teve ajuda da imprensa. Segundo um relatório divulgado pelo Instituto para Estudos de Direitos Humanos do Cairo (CIHRS), a cobertura da mídia foi extremamente tendenciosa a favor de Murabak.
Desde o início da campanha eleitoral, em agosto, o Instituto monitorou a cobertura de quatro canais de TV estatais (canal 1, 2, 3 e Nile News), dois canais independentes (Dream 2 e al-Mehwer) e 17 jornais e revistas independentes e estatais. Na primeira semana de monitoramento, o CIHRS constatou que os canais estatais dedicaram muito mais tempo para a cobertura da campanha de Mubarak do que para os outros nove candidatos rivais, e o mesmo ocorreu nos canais privados.
Em relação à imprensa escrita, houve mais equilíbrio na cobertura. A grande maioria dos jornais apoiou Muraback e algumas vezes desafiou seus principais concorrentes. No entanto, vários jornais independentes, incluindo o El-Masri El-Youm e o Nahdet Masr, mostraram-se como um excelente serviço para informar e analisar as eleições presidenciais.
O coordenador do projeto de monitoramento, Moataz El Fegiery, disse que o relatório foi divulgado pela mídia egípcia: ‘A mídia estatal prestou atenção à divulgação dos dados do relatório. No entanto, ela divulgou as informações de maneira seletiva, transmitindo apenas o que era positivo para ela, sem fazer uma autocrítica.’ Membros do CIHRS também se encontraram com oficiais do governo para debater os dados do monitoramento. El Fegiery tinha a preocupação de que o Instituto e outras organizações não-governamentais fossem barrados de observar as eleições como monitores independentes.
No ranking de 2005 realizado pela Freedom House (organização com sede em Nova York que classifica os países de acordo com critérios políticos em ‘livres’, ‘não livres’ e ‘parcialmente livres’), o Egito foi considerado como ‘não livre’. O governo egípcio é proprietário e opera todas as estações de televisão terrestres; as poucas redes de televisão por satélite são de propriedade de pessoas ligadas ao governo. Algumas rádios privadas foram estabelecidas recentemente no país, mas sua programação é voltada para o entretenimento. Os três maiores jornais são controlados pelo governo e seus editores são escolhidos pelo presidente. Informações da Freedom of Expression Exchange [6/9/05].