Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Globo lança aplicativo e acirra disputa por TV na web

De olho no crescimento do consumo de conteúdo fora da TV, a Rede Globo lançou o seu novo aplicativo para vídeo on demand em smartphones e tablets: o Globo TV+. O software permite ao usuário escolher o que ver na programação e nos arquivos da emissora, na hora em que quiser. Ainda em fase de testes, em Minas Gerais, é um avanço em relação ao aplicativo Globo TV, disponível no iTunes há poucos meses e que segue entre os dez mais baixados na rede.

Para assistir aos vídeos, o assinante pagará R$ 12,90 mensais. Quem não quiser pagar a assinatura seguirá tendo acesso a trechos. “O aplicativo é um desenvolvimento natural dos produtos de internet da Globo, que quer que a experiência de consumir a sua programação seja cada vez mais plural”, diz Luiz Cláudio Latge, diretor-executivo de jornalismo e representante do comitê de internet da TV Globo.

Sobre os testes em Minas, Latge afirma que é um estado importante e representativo do cenário nacional. “As informações que vamos colher nessa praça, sobre a maneira de o público consumir este serviço, serão um indicativo do comportamento dos assinantes em todo o país.”

Tendência

O investimento da Globo na web segue uma tendência de crescimento desse mercado. Segundo levantamento do Ibope obtido pela Folha, o consumo de conteúdo on demand, em plataformas como Netflix, Netmovies e iTunes, subiu no país.

Em agosto deste ano, correspondeu a 8,5% dos usuários únicos da internet. Cerca de 4,3 milhões de pessoas, em um universo de 50,7 milhões. Em agosto de 2011, o número de usuários de serviços streaming era de 2,8 milhões.

Não é só a Globo que tenta abocanhar esse público ávido por conteúdo na web. O Grupo Bandeirantes já disponibiliza a programação das suas rádios e do canal de notícias Band News em aplicativos para celulares e tablets. No sábado, a Band fará um teste, transmitindo ao vivo o Miss Brasil 2012.

SBT e Record também estão desenvolvendo estudos sobre o tema. O aplicativo da Rede TV! para smartphones e tablets já recebeu mais de 13 mil downloads.

Produção nacional

Além de séries e filmes, a novidade é a chegada de produções nacionais em sites como a Netflix e o Netmovies. “Só neste ano incluímos em nosso catálogo on-line 137 novas produções nacionais entre longas metragens, curtas metragens e documentário”, afirma Claudia Woods, CEO do Netmovies. A partir de outubro, o Netflix vai incluir em seu catálogo todos os longas de Héctor Babenco.

Episódios de Cocoricó e do Roda Viva, ambos da TV Cultura, e do reality The Ultimate Fighter, da Globo, também estarão disponíveis pelo serviço.

“Estamos sempre em contato com estúdios de TV e distribuidores locais para oferecer aos nossos assinantes brasileiros títulos bons e novos”, afirma Nada Antoun, gerente global de Comunicação da Netflix.

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Conflito agora será pelo uso da rede das operadoras

Nelson de Sá

“A programação da Globo do jeito que você quiser.”

Com direito a bordão publicitário, a maior TV brasileira estreia no chamado conteúdo over-the-top – que passa por cima das operadoras e vai direto ao espectador de internet e aparelhos móveis, com programas que acabam de ser transmitidos.

Por enquanto, é somente para os mineiros. E só via computadores, smartphones ou tablets, nada de aplicativos para plataformas de games, como PlayStation 3 ou Wii, que servem de ponte mais comum para assistir aos programas no televisor. Também é só programação da rede aberta, como telenovelas, telejornais e reality shows, nada dos canais Globosat. Nada também de seleção e Campeonato Brasileiro, a não ser uns poucos jogos antigos, apenas um deste ano – e nada de filmes. Um ano depois, é a resposta ainda tateante da Globo à entrada do Netflix no Brasil. A concorrência será direta. Seu novo serviço custa R$ 12,90 por mês, com duas semanas de experiência grátis. Os filmes e as séries do Netflix saem hoje por R$ 14,99, com um mês grátis.

Em janeiro passado, Jonathan Friedland, vice-presidente global do Netflix, comentou à Folhaque “todos se movem nessa direção”, da internet, e “em dez anos todos vão estar lá, até a Globo”. A mudança veio muito antes do que se esperava. A aceleração é resultado, em parte ao menos, da adoção crescente de aparelhos móveis no país, com saltos de 77% na venda de smartphones e de 275% na de tablets, neste ano. Só no segundo trimestre, foram comercializados 606 mil tablets, segundo a consultoria IDC.

Com a entrada da Globo, deve crescer agora o conflito com as operadoras em torno da chamada “neutralidade”. Os serviços over-the-top consomem muito da capacidade de tráfego da Net e da Telefônica e, mais importante, canibalizam suas operações de TV paga. Elas querem cobrança diferenciada.

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[Alberto Pereira Jr., da Folha de S.Paulo]