O jornal de negócios russo Kommersant foi condenado a pagar US$ 10,8 milhões por danos ao banco Alfa Bank. A Corte de Apelação de Moscou considerou que matéria publicada em 7/7/04, que mostrava os clientes do banco fazendo fila em caixas eletrônicos para retirar dinheiro durante uma crise, foi financeiramente prejudicial à instituição.
Segundo o tribunal, o jornal violou o artigo 39 da lei de mídia russa, que proíbe a falsificação de informação de interesse público. A matéria foi publicada um dia depois de o banco anunciar que estava com dificuldades financeiras no mercado russo e dois dias depois de outros jornais terem feito reportagens sobre a crise, que também atingiu outros bancos. Segundo o diretor-geral da Kommersant Publishing House, Andrei Vasiliyev, todas as informações publicadas eram verdadeiras e os integrantes do Alfa Bank sabem disso.
A situação preocupa o Comitê de Proteção aos Jornalistas [4/1/05], principalmente pelo valor da multa, sem precedentes. A decisão contra o Kommersant foi criticada por defensores russos da liberdade de imprensa, que disseram que ela foi politicamente motivada, e pela Glasnost Defense Foundation, que afirmou que foi uma tentativa de quebrar o jornal.
Esta teoria é corroborada por Vasiliyev que, depois do veredicto, acusou o dono do Alfa Bank, Mikhail Fridman, de tentar levar o Kommersant à falência porque o dono do jornal, Boris Berezovsky, teria se recusado a vender-lhe a publicação.