Um dos melhores personagens do cartunista Angeli é o jornalista Benevides Paixão. Ultimamente esquecido, será que morreu? Benevides trabalha esquecido na seção de obituários de um jornal. Mas, criterioso, de certo não noticiaria da mesma forma que nossa imprensa em geral as mortes recentes do cientista político Carlos Nelson Coutinho, da apresentadora Hebe Camargo e do escritor Autran Dourado. Apenas Hebe foi realmente lembrada. Carlos Nelson Coutinho, um dos poucos cientistas políticos do país, além de ideólogo formador de partidos como o PT, mereceu aqui e ali um canto e rodapé de página de jornal. Autran Dourado, o último grande romancista clássico do país com inúmeras traduções e grandes prêmios literários internacionais, além de chefe de gabinete do presidente Juscelino Kubitscheck e seu principal redator de discursos, terminou saudado por outro remanescente, Carlos Heitor Cony, no mesmo jornal – Folha de S.Paulo – que, ao mesmo tempo, cometeu o erro lamentável de atribuir ao escritor uma falsa brincadeira de atropelamento do filósofo Jean-Paul Sartre. Coube ao filho de Autran Dourado escrever ao jornal desmentindo a barbaridade, já que Dourado como disse, sequer conheceu Sartre. Sem entrar no mérito da canonização de Hebe Camargo, o que já é norma midiática (perdão) quando da morte de personalidades mais em evidência. Como se viu com o vice-presidente José Alencar. O descaso da imprensa com brasileiros renomados fora dos seus manuais é um vício histórico. Mesmo em vida eles são ignorados. E a consequência é um país se memória (Zulcy Borges de Souza, jornalista, Itajubá, MG)
Abuso de poder ou vandalismo?
Na quinta-feira da semana passada (4/10) aconteceu em Porto Alegre um massacre a estudantes, professores e artistas que faziam um manifesto em “Defesa Pública da Alegria”. A mídia noticiou o ato como “os vândalos, baderneiros que depredaram o boneco da Copa”. No entanto, quando se lê as notícias e relatos completos, se percebe um abuso de poder por parte da Brigada Militar e da Guarda Municipal. É importante assistir aos vídeos e ver as imagens e relatos da Brigada Militar correndo atrás de pessoas que fugiam, agredindo mulheres e pessoas que registravam os atos. A seguir, diversos links sobre o assunto: este vídeo mostra a ação da Brigada. Minuto 3:08 aparece 4 policiais agredindo uma mulher que filmava outra agressão: http://www.youtube.com/watch?v=4N6L8pXlR3g&feature=player_embedded O sul21 foi quem pareceu relatar os atos com mais consistência. http://sul21.com.br/jornal/2012/10/manifestacao-termina-em-batalha-campal-no-centro-de-porto-alegre/ http://sul21.com.br/jornal/2012/10/autoridades-divergem-sobre-repressao-da-bm-a-manifestacao-em-porto-alegre/ Um blog de relatos sobre o que aconteceu: http://coioteflores.wordpress.com/2012/10/05/porto-alegre-2/ Discussão sobre a ação da polícia: http://www.facebook.com/notes/bruno-graebin-de-farias/viol%C3%AAncia-policial-e-forma%C3%A7%C3%A3o-em-psicologia/369477999795107 Discussão sobre a privatização dos espaços públicos. Foco da manifestação: http://rsurgente.wordpress.com/2012/10/05/a-privatizacao-de-porto-alegre-e-a-verdadeira-face-do-vandalismo/ Relato de um ano atrás do vice prefeito: http://sul21.com.br/jornal/2011/11/sebastiao-melo-diz-que-democracia-as-vezes-precisa-de-cassetete/ Filme do manifesto antes da “briga”: http://www.youtube.com/watch?v=Ry3Kl6AIncw&feature=player_embedded Declaração de Tarso Genro após receber as notícias sobre o fato. http://www.estado.rs.gov.br/noticias/1/106631 Como a Zero Hora noticiou: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/esportes/copa-2014/noticia/2012/10/protesto-na-capital-termina-em-confronto-com-a-policia-e-ataque-a-mascote-da-copa-3907570.html Peço apoio deste Observatório para relatar o ocorrido de forma completa e ampla no sentido de contribuir para que a população gaúcha e brasileira conheça a verdade sobre os fatos. A informação que chegou para quem não esteve no local, ou não é amigo dos presentes, é de que foi apenas um grande ato de vandalismo. Ressalto que há anos as ruas de Porto Alegre passam por um processo de proibição. Já vimos espetáculos de teatro serem proibidos durante sua apresentação, poeta ser presa por fazer sarau em praça pública durante a feira do livro do ano passado, proibição de ações culturais em diversos locais da cidade, proibição de feiras ecológicas. No dia anterior ao manifesto, alguns espectadores de um show no Araújo Viana foram expulsos do gramado que fica próximo ao local. O Auditório é um espaço público que foi cedido para iniciativa privada tomar conta devido ao sucateamento que passava. O gramado ao redor é um parque em que durante toda história do auditório era ocupado pelos espectadores. Hoje a Zero Hora proporcionou um debate: “Você é favor do cercamento do Araújo Viana, para evitar atos de vandalismo?” É assim que se faz jornalismo? (Fernanda Pacini, produtora cultural, Brasília, DF)