O desaparecimento da jornalista francesa Florence Aubenas e de seu intérprete, o iraquiano Hussein Hanoun al-Saadi, continua sem esclarecimento. Os dois foram vistos pela última vez na manhã do dia 5/1, quando deixavam um hotel em Bagdá.
O presidente do governo interino do Iraque, Ghazi al-Yawer, afirmou, em pronunciamento na semana passada, que é provável que Florence e al-Saadi tenham sido seqüestrados por um grupo em busca de dinheiro, e não por motivos políticos. Al-Yawer disse ainda que, apesar de não ter informações sobre o desaparecimento, o governo iraquiano fará todo o possível para descobrir o paradeiro dos dois.
O primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, garantiu ao Libération, jornal onde trabalha Florence, que seu governo também está mobilizado na busca por informações. Segundo o jornal The Guardian [17/1/05], o governo da França, até agora, se recusa a rotular o desaparecimento da jornalista de seqüestro.
Profissão de risco
Intérpretes iraquianos, como al-Saadi, enfrentam o dilema de manter seus empregos e conviver com as ameaças e riscos de seqüestros ou assassinatos, ou abandoná-los num país onde oportunidades de trabalho são escassas. Saber línguas estrangeiras no Iraque é um diferencial que garante, muitas vezes, o sustento de famílias inteiras. Os riscos, porém, são elevados.
Não há um número correto de quantos tradutores morreram em virtude do seu trabalho desde o começo da ocupação americana no país, em março de 2003. Parentes e empregadores das vítimas se recusam a fornecer informações sobre as ameaças e assassinatos por medo de represália.
Segundo a AP [17/1/05], há rumores de que, desde o fim do ano passado, um verdadeiro mercado de mortes encomendadas teria sido montado na região conhecida como ‘triângulo da morte’, ao sul de Bagdá. Assassinos profissionais ganhariam US$ 1 mil pela morte de policiais, US$ 2 mil por membros da Guarda Nacional, e US$ 10 mil por intérpretes iraquianos ou jornalistas.