Uma denúncia incorreta feita pela BMJ, revista publicada pela Associação Médica Britânica, contra o fabricante de um antidepressivo pode ser um duro golpe para a credibilidade da publicação, segundo reportagem de Barry Meier para o New York Times [17/1/05].
No dia 1/1/05, a revista trazia uma matéria da freelancer americana Jeanne Lenzer em que eram descritos documentos ‘desaparecidos’ de um processo de uma década atrás, obtidos de fonte anônima, em que a companhia farmacêutica Eli Lilly era acusada de ter amenizado os efeitos colaterais de um de seus medicamentos, o Prozac. A matéria foi repercutida mundo afora e a empresa chegou a gastar US$ 800 mil com anúncios de jornais tentando se defender. Segundo a Eli Lilly, a BMJ se recusou a mostrar os documentos incriminadores antes de publicar a reportagem. Após algum tempo, no entanto, veio à tona que pelo menos parte dos papéis já vinham circulando abertamente há anos, o que desmontava a teoria de que a empresa os teria feito ‘desaparecer’.
Agora, a BMJ, considerada uma das publicações mais respeitadas de seu ramo, está sujeita a ser processada pela indústria farmacêutica. O congressista democrata Maurice Hinchey, que recebeu com antecedência os documentos em que se baseia a matéria da revista, chegou a exigir que a Eli Lilly explicasse se tentou esconder do FDA, agência americana que controla o comércio de medicamentos, resultados de testes que apontariam que os usuários do Prozac poderiam ter reações violentas ou instintos suicidas ao tomá-lo. Porta-voz da agência disse que recebeu os documentos usados pela BMJ e que, até agora, nada de novo foi encontrado neles. A jornalista que escreveu o artigo não quis comentar o caso.