Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Clóvis Rossi


‘Se alguém lhe dissesse, dois ou três meses atrás, que um certo Roberto Jefferson estaria pautando o Brasil, você, pessoa séria, daria um sorrisinho de deboche e diria: ‘Tá me gozando, companheiro?’.


Ontem, no entanto, ao vivo e em cores, no plenário da CPMI dos Correios, um nobre representante do povo, Murilo Zauith (PFL-MS), não teve pejo de dizer essa frase diretamente a Roberto Jefferson, o que é profundamente ilustrativo do pântano que é o Brasil.


Não preciso repetir que Roberto Jefferson foi um dos líderes da tropa de choque de Fernando Collor de Mello, escorraçado do poder por falta de decoro. Quem assume gostosamente a defesa de um indecoroso boa gente dificilmente será. Mas não é só o passado que condena Jefferson.


No presente, ele assume coisas como ter recebido dinheiro não registrado de um partido aliado (no caso, o PT), ter tomado conhecimento da compra de deputados e se recusado a denunciá-la, o que também configura crime, ou, então, trata como coisinha menor uma propina de R$ 3 mil, como se corrupção fosse uma questão de montante, não de atitude.


Quando um cidadão com essa ficha pauta um país, você, que é uma pessoa séria, sentirá impulsos incontroláveis de fugir correndo para o mais longe possível.


Sim, porque, desgraçadamente, a frase dita pelo deputado pefelista e que soou como elogio é verdadeira. Jefferson grita ‘sai daí, Zé’, e José Dirceu sai (da Casa Civil). Jefferson denuncia corrupção em Furnas, e diretores de Furnas são afastados poucas horas depois.


Como sou obrigado, por motivos técnicos, a escrever relativamente cedo, não sei se algum parlamentar terá desmentido Jefferson no ponto em que ele disse que são ‘todos iguais’ (porque todas as campanhas teriam um caixa dois). Torço para que sim, mas temo que não.


Fujamos, porque quem pauta o Brasil é o pântano.’



Bernardo de la Peña e Francisco Leali


‘Agência de Valério pagava contas de procurador’, copyright O Globo, 01/07/2005


‘Apontado como o operador do esquema de pagamento de mesada de R$ 30 mil a deputados aliados de PP e PL, o publicitário mineiro Marcos Valério mantinha contatos freqüentes e pagava contas do procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes, integrante do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Guedes, que mora no Rio, teria a conta de seu telefone celular custeada pela SMP&B, agência de Valério.


A agenda de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário, registra entre maio e dezembro de 2003 mais de dez referências ao procurador. São compras de passagens aéreas, pagamentos de hotéis em Brasília e São Paulo e agendamento de encontros.


Responsável por julgar em segunda instância os recursos administrativos apresentados pelas instituições financeiras multadas ou punidas pelo Banco Central, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Secretaria de Comércio Exterior, o conselho recebe pareceres de Guedes sobre casos em julgamento. Ele e outro procurador atuam no órgão. Guedes foi indicado para o cargo em 1998, pelo Ministério da Fazenda.


Entre os processos analisados pelo conselho estão casos que envolviam o diretor do Banco Rural José Augusto Dumont. Marcos Valério também tinha ligações com o dirigente do Rural e chegou a acompanhá-lo numa visita ao BC.


No dia 18 de agosto de 2003, o conselho julgou um processo contra o Rural. O recurso apresentado pelo banco foi aprovado e a punição de afastar José Augusto Dumont por três anos das funções de dirigente foi arquivada. Glênio Guedes não estava no dia do julgamento. Segundo a agenda de Fernanda Karina Somaggio, neste dia Guedes estaria em São Paulo, hospedado no hotel Golden Tulip Plaza juntamente com Marcos Valério e seu advogado Rogério Tolentino. O conselho não informa se Glênio Guedes assinou o parecer que foi julgado ou se o documento foi produzido por outro procurador.


A PF apreendeu junto com a agenda da ex-secretária um voucher da Flytour Viagens Turismo em nome de Glênio Guedes. Dele consta reserva para hospedagem nos dias 10 e 11 de setembro de 2003 no Hotel Mercure Apartaments, em Brasília. O custo da diária, paga pela agência, seria de R$ 146. De acordo com registros na agenda, Guedes teria se hospedado também no mesmo hotel nos dias 26 e 27 de agosto de 2003.


Segundo Fernanda Karina, Guedes tinha a conta do seu telefone celular pago pela SMP&B.’



 


Regina Alvarez


‘Saia justa em prêmio de colunistas’, copyright O Globo, 01/07/2005


‘Os organizadores do 21 Prêmio Colunistas Brasília 2005 estão na maior saia justa desde que o escândalo dos Correios e do mensalão domina o noticiário político do país. A SMP&B, do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, foi escolhida a agência do ano e receberá o grande prêmio Colunistas, no próximo dia 8, em evento no Hotel Blue Tree. Para completar, o grande prêmio para anunciante do ano foi para os Correios, estatal que enfrenta uma CPI no Congresso por suspeita de corrupção nos seus contratos.


O Prêmio Colunistas é oferecido a profissionais da área de propaganda, agências e veículos de comunicação que se destacam. No meio publicitário, é visto com reservas por alguns profissionais, que põem em dúvida os critérios de escolha. Ainda assim, o evento conta com a presença de autoridades e pessoas de destaque da área.


Este ano, o constrangimento no meio publicitário é enorme com a premiação da agência de Marcos Valério e dos Correios. A SMP&B já recebera o prêmio máximo da propaganda no ano passado e este ano iria brilhar novamente, não fosse o escândalo que envolve um dos seus sócios.


– A SMP&B é uma agência muito criativa – diz Fernando Vasconcelos, organizador do evento.


A DNA Propaganda perdeu a exclusividade no atendimento do Banco Popular, subsidiária do Banco do Brasil voltada para a população de baixa renda. As três agências que atendem ao BB vão apresentar propostas para as campanhas publicitárias do Banco Popular de 2005. No ano passado, o banco gastou oficialmente com publicidade, em apenas cinco meses, R$ 24 milhões, embora fontes do banco garantam que esse gasto chegou a R$ 32 milhões. As campanhas de lançamento do BPB começaram em agosto.


A DNA foi escolhida para atender ao Banco Popular por decisão do ex-presidente Ivan Guimarães, que é amigo do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do publicitário Marcos Valério. Com a saída de Guimarães do banco, em abril deste ano, houve uma decisão da diretoria do BB e do novo presidente do Banco Popular, Geraldo Magela, de abrir espaço para as outras agências que atendem ao BB: a Ogilvy e a D + Brasil.’



 


FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Furnas ‘, copyright Folha de S. Paulo, 01/07/2005


‘‘Em relação ao texto ‘Caixa dois de Furnas engorda propinas do PT, diz Jefferson’ (Brasil, pág. A2, 30/6), afirmo que são falsas as declarações atribuídas a mim pelo deputado Roberto Jefferson. É lamentável também que o jornal tenha desrespeitado o direito democrático ao contraditório e se tenha limitado a ouvir uma só fonte. A reportagem não checou informações e, segundo se depreende da leitura, nem sequer tentou ouvir o ‘outro lado’ como manda o próprio ‘Manual da Redação’ dessa Folha. Entre tantas pessoas citadas -toda a diretoria da empresa estatal, vários deputados, um governador, dois ministros de Estado, um ex-presidente e o presidente da República-, a repórter procurou apenas uma delas, o suposto denunciante. No momento oportuno e no foro adequando, apresentarei os esclarecimentos necessários.’ José Dirceu, deputado federal PT-SP (Brasília, DF)


Globo


‘Em relação à coluna de Mônica Bergamo do dia 26/6, na qual a TV Globo foi citada e não foi ouvida (‘Zezé di Camargo & Caetano’, Ilustrada, pág. E2), gostaríamos de esclarecer que temos o maior respeito por Caetano Veloso tanto como artista quanto como cidadão. E, por isso, temos certeza de que ele está mal informado. Ninguém paga para se exibir na TV Globo. Aliás, a prova de que isso não faz o menor sentido é que até mesmo as campanhas para os shows dele nós temos veiculado gratuitamente, dentro do espírito de apoiar a cultura brasileira, da qual ele é um dos maiores expoentes.’ Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)’