Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Uma guerra que não é notícia

A guerra na República Democrática do Congo não é coberta pela mídia ocidental, apesar de apresentar números assustadores: a cada dia, cerca de mil pessoas morrem de fome e doenças em conseqüência do conflito no país. Por que então isto não é notícia? É o que pergunta Andrew Stroehlein, em artigo no Christian Science Monitor [14/6/05].

Desde a 2ª Guerra Mundial, a guerra no Congo é o conflito com mais mortes no mundo: 3.8 milhões desde 1998. Depois de quatro anos de guerra civil, foi estabelecido um governo transicional na capital, Kinshasa, em 2003. Desde então, aqueles que fizeram parte do governo de transição, cada qual com sua própria milícia, vêm disputando vantagens políticas e acesso às fontes econômicas. Para ficar no poder e impedir a integração do país, estes grupos fazem uso da violência, e mostram-se cada vez mais agressivos na proximidade das eleições – tecnicamente planejadas para este mês, mas que serão certamente adiadas.

Um dos mais violentos grupos é o Forças Democráticas pela Liberação de Ruanda, formado por rebeldes do leste do Congo. Ele se originou com os extremistas de origem Hutu, que massacraram 800 mil pessoas no genocídio de Ruanda em 1994. Em represália, o Congo é constantemente invadido por ruandeses, o que piora a frágil situação do país e pode levar a mais uma guerra regional.

Diante desta situação, o jornalista Andrew Stroehlein afirma ser assustador que o Congo não esteja nas manchetes de jornais ou nos telejornais regularmente. Ao questionar seus colegas de profissão sobre o tema, o que ele recebe como respostas são suspiros e suposições de que não há interesse suficiente na África. No entanto, pesquisa conduzida pela organização independente International Crisis Group revelou que 53% dos americanos acham que os EUA não dão atenção suficiente aos problemas do continente africano.