Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Veja prefere aplausos sem expressão

Lamentavelmente, a revista Veja optou por não publicar a carta da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, endossada por uma lista de varias dezenas de especialistas, e, em vez disso, publicou duas outras cartas individuais e desinformadas (ver abaixo). Nós fizemos a nossa parte. Mostramos nossa indignação com relação ao conteúdo da entrevista, colocando-nos à disposição para discutir os argumentos. Se a editoria da revista prefere desconhecer o julgamento da comunidade científica especializada, amplamente representada no abaixo-assinado (os nomes estão no site da Abep), preferindo apenas divulgar os aplausos sem qualquer expressão que recebe, não há muito o que possamos fazer.


O sucesso que foi a rápida mobilização em reação à entrevista, que nos mostra como a facilidade com que as informações hoje circulam pode se colocar a nosso favor. Para além deste episódio com a revista Veja e das opiniões divergentes quando se trata das relações entre população, economia e meio ambiente, o que é certo é que há ainda um inaceitavelmente alto nível de desinformação na sociedade brasileira com respeito a sua dinâmica populacional, e é nosso papel continuar encontrando espaços para esclarecer, informar e contestar, pelas evidências, os antigos falsos mitos que continuam a circular.


Do ponto de vista das relações internas da Abep, os últimos episódios criaram a oportunidade para grandes avanços. É cada vez maior o número de pessoas participando efetivamente da lista de População e Pobreza, que tem se mostrado um canal tão eficiente na nossa comunicação, e a discussão vai sendo enriquecida pela diversidade de opiniões, pelo debate de idéias, conceitos, pela divulgação de informações e pelo diálogo entre pessoas separadas por distancias geográficas, institucionais e hierárquicas.


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Cartas publicadas


Congratulo-me com a revista Veja pela importante e oportuna entrevista com o demógrafo Paul Ehrlich (Amarelas, 8 de fevereiro). Se entrevistarmos a população sobre as prioridades nacionais, as divergências serão enormes, variando entre educação, segurança, saúde, fome, justiça, emprego etc. Segundo projeções do IBGE, em 2020 seremos 220 milhões de brasileiros. Mais 33 milhões em ação, dos quais, acredito, pelo menos 20 milhões engrossarão as fileiras dos famintos, assaltantes, sem-terra, sem-teto. Para planejar o atendimento às verdadeiras prioridades nacionais teremos de limitar o universo a ser considerado e o controle da natalidade torna-se prioridade absoluta.


Ana Lucia Cunha Ferraz de Paiva, geógrafa da Secretaria Estadual de Educação, São Paulo, SP


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Fantástica a entrevista com o demógrafo Paul Ehrlich, que nos traz um alerta coerente e consistente sobre o crescimento da população mundial. Com o planeta cada vez mais desigual, onde as classes sociais se distanciam cada vez mais e a natureza é explorada sem limites, só existirá uma solução: o controle da população para que todos possam ter uma vida e um mundo melhores.


Marcelo Ribeiro Lisboa, Itajubá, MG

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Vice-presidente da Abep