Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Alberto Dines

‘Chega sempre atrasada, rigorosamente impontual, mas infalível. Culpa das ampulhetas, calendários, das agendas apressadas onde nunca sobra tempo para a prestação de contas, exames de consciência e o olhar no espelho.

A hora da verdade vem sempre depois, no desenlace. Inútil para os impacientes, prestimosa para os sensatos. A catarse e a purgação são arremates, imperioso encará-los.

O ministro Tarso Genro fez soar o despertador no solene e dolorido artigo publicado na sexta (‘Folha’, p. 3, ‘O PT, ele mesmo, como crise’). É uma convocação para a auto-critica, provocação para um mea-culpa coletivo. Exercício de flagelação, lúcido e sofrido, sem o qual as verdades parecerão meias-verdades, disfarçadas e incompletas.

A reunião do Campo Majoritário do PT, aparentemente, não conseguiu ultrapassar as decisões sobre pessoas e cargos. Faltou tempo e ânimo para uma revisão abrangente, faltou coragem para o balanço transcendental, não necessariamente metafísico, mas capaz de responder àquelas perguntinhas incômodas: ‘onde erramos ?’, ‘por que erramos ?’, ‘qual foi o erro ?’.

Há ingredientes anti-estóicos no nosso modo de ser que não favorecem as perplexidades. Estamos sempre seduzidos pelas soluções criativas, geniais, indolores. Quase sempre marotas. É por esta razão que a hora da verdade do PT não chega a soar na sua plenitude porque ela é necessária além das fronteiras do PT.

É o país inteiro que precisa enfrentar a sua realidade, não a realidade estatística, econométrica, mas a realidade moral. O PT talvez seja o mais premido pela necessidade de um reencontro consigo mesmo mas nossas instituições, elites, vanguardas, poderes e, sobretudo, demais partidos carecem da mesma e insubstituível revisão íntima. O PSDB, tão lépido e fagueiro, também precisa da sua hora da verdade, antes que os fados zangados se arrependam da descabida generosidade com que o tem presenteado.

A um passo do abismo não podemos ser convocados para rever o filme do casuísmo e do falso pragmatismo ensaiado pelo governo e setores da oposição. Esta idéia maluca de resolver uma crise desta dimensão mediante o recurso esperto de acabar com a reeleição é, simplesmente, indecente e delirante.

Estas soluções tópicas, paliativas, dirigidas aos sintomas e alheias às doenças, vem desgraçando sistematicamente nossa vida política. A idéia da reeleição foi infeliz mas a idéia de acabar com a reeleição apenas para aplacar o espetáculo escatológico é infelicíssima. Mais do que isso: é aldrabice.

O processo purgatório a que estamos assistindo não pode ser manipulado, deve ir até o fim, de modo a extirpar o núcleo infeccioso. A imprensa ligou o ventilador e nesta semana recebeu os primeiros respingos. Ela que reclamava contra a armação de uma pizza não pode, de repente, comandar a pizza-latria e a pizza-filia.

O presidente Lula está automaticamente preservado, não apenas por sua biografia mas porque demonstrou sua aversão ao maçante exercício do poder. A máquina palaciana montada para libertá-lo das chatices da gestão foi a responsável por esta promiscuidade. Lula é inimputável. Não fazem sentido os ensaios de malabarismo para blindá-lo até o fim do mandato – ele o terminará com todas as honrarias.

Qualquer cidadão que esteja sob a influência de uma figura deletéria como José Sarney está sujeito a cometer clamorosos erros de julgamento. A presença do chefão da Lunus que no início de 2002 introduziu o uso do dinheiro vivo como moeda política e agora comanda esta coisa imponderável chamada ‘governabilidade’ favorece a alegação de privação de sentidos.

Esta espera de nove meses para entregar mais três ministérios ao fragmentado PMDB em troca de um hipotético apoio no momento em que até o comando da CPI dos Correios submete-se à dinâmica das investigações, mostra quão longe está o governo e o partido do governo de um exercício introspectivo mais penetrante.

Humilhada pela extensão das revelações, a sociedade brasileira está pedindo para ser poupada da vergonhosa tomografia que se estende ao longo de oito semanas. Também ela precisa rever suas culpas, repensar sua alienação, desintoxicar-se das banalidades.

A hora da verdade pode ser um estalo, um gesto, um instante, algumas palavras. Mas não pode ser driblada: agosto vem aí.’



Fábio Zanini e Lilian Christofoletti

‘Genoino deixa presidência do PT; Tarso Genro assume’, copyright Folha de S. Paulo, 10/7/05

‘Apesar do esforço do Campo Majoritário, ala que comanda o partido, José Genoino deixou ontem a presidência do PT.

A detenção de José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de Genoino, com R$ 437 mil em notas, anteontem, foi o estopim da renúncia. Mas o ex-presidente já estava desgastado com as denúncias de seu suposto envolvimento no escândalo do ‘mensalão’.

Em seu lugar, assume o atual ministro da Educação, Tarso Genro. Seu nome foi apresentado pelo Campo Majoritário (ala que domina o partido, com cerca de 60% dos votos), ontem, durante reunião do Diretório Nacional, em São Paulo. Foi considerado ‘inegociável’.

Tarso deverá deixar o Ministério para assumir o partido. O mais cotado para assumir a pasta é o atual secretário-executivo, Fernando Haddad.

Outras modificações anunciadas ontem à noite são as escolhas do ministro demissionário do Trabalho, Ricardo Berzoini, para a Secretaria-Geral, do deputado federal José Pimentel (CE) para a tesouraria e do ex-ministro da Saúde Humberto Costa para a Secretaria de Comunicação.

Costa deve substituir Marcelo Sereno, que ontem à tarde também se afastou, tornando-se o quarto petista da cúpula partidária a cair em razão do escândalo do ‘mensalão’.

Os novos integrantes da Executiva petista foram referendados pelo diretório -uma mera formalidade, uma vez que foram apontados pela ala majoritária.

Genoino pediu seu afastamento do cargo logo no início da reunião, o que foi imediatamente acatado. Houve choro e palavras de solidariedade ao agora ex-presidente da legenda.

‘Dever cumprido’

‘Deixo o partido com o sentido de dever cumprido’, afirmou Genoino, olhos marejados, em um depoimento de oito minutos à imprensa, depois de anunciar sua decisão ao diretório.

Estava cercado pela cúpula do partido, como os líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP) e o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil).

‘Vamos dar a volta por cima’, declarou, esclarecendo que sua saída poderia fortalecer a unidade do partido e preservar a governabilidade do presidente Lula. Genoino disse que estes ‘valores’ estariam acima de sua carreira.

‘Temos que colocar minhas pretensões e minhas opções em segundo plano e em segundo lugar’, declarou.

Ele presidia o PT havia 30 meses, desde que Dirceu licenciou-se do cargo para ser ministro da Casa Civil. Era um dirigente próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sofreu críticas por atrelar excessivamente o partido ao Palácio do Planalto.

Imagem forte

A prisão do assessor parlamentar do irmão foi o que precipitou a saída. A imagem de notas de reais e dólares divulgadas pela imprensa foi avaliada como muito forte, independentemente da falta de responsabilidade pessoal de Genoino no episódio. Antes da prisão, a intenção era permanecer no cargo, mesmo debilitado.

Curiosamente, ele não citou o fato no discurso aos companheiros de partido. Emocionado, declarou que encarava a presidência do PT como uma ‘missão’, que lhe teria sido confiada por Lula. ‘Meu projeto político era outro.’

Também reconheceu que deveria ter feito do PT um partido mais presente no dia a dia do governo, uma crítica sobretudo da esquerda partidária, que diz que Lula virou refém de partidos da direita. ‘Talvez eu não tenha exercido o protagonismo necessário junto ao governo’, afirmou.

Em um momento particularmente emotivo, declarou que sentia-se ontem como se sentiu em 1972, ao ser preso durante a guerrilha do Araguaia.

Os afastamentos de Genoino e Sereno seguem as renúncias de Delúbio Soares e Silvio Pereira, que ocupavam os respectivos cargos de tesoureiro e secretário-geral do partido.

Todos tiveram seus nomes envolvidos com o escândalo do ‘mensalão’, suposto pagamento de mesada a parlamentares da base aliada em troca de apoio ao governo. As denúncias foram feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que apontou o publicitário Marcos Valério como operador do pagamento.

Recentemente, descobriu-se que Valério tinha sido avalista de dois empréstimos para o PT, estabelecendo um elo entre a legenda e o publicitário.

Genoino assinou os empréstimos obtidos pelo partido nos bancos Rural e BMG, tendo Valério como avalista.

‘Certamente cometemos erros, mas não praticamos atos ilícitos. O PT não paga nem compra deputados’, afirmou Genoino.

Uma questão em aberto é o futuro do próprio Genoino.

Ele é candidato a presidente do partido no processo de eleição interna, marcado para setembro, no qual votam 840 mil filiados. A decisão de permanecer ou não candidato terá de ser feita nesta semana, mas a tendência é que o nome escolhido para seu lugar o substitua também na eleição.

Ontem, o presidente demissionário respondeu a apenas uma pergunta a respeito de seu futuro. ‘A partir de agora serei José Genoino, ex-deputado federal, e tenho de cuidar da minha sobrevivência’, disse ele, que está sem mandato e agora sem emprego.’



Frederico Vasconcelos

‘Governo Aécio emprega ex-diretor da SMPB’, copyright Folha de S. Paulo, 10/7/05

‘O segundo homem da área de comunicação do governo Aécio Neves (PSDB), o publicitário e jornalista Sérgio Esser, 50, foi diretor da agência SMPB e diretor de marketing do Banco Rural antes de assumir a função de secretário-executivo na pasta encarregada da verba e das campanhas publicitárias do governo mineiro.

‘A minha presença no governo se deve ao trabalho profissional e à experiência na administração direta. Os que me conhecem sabem que minha conduta é profissional e ética’, diz Esser.

Ele admite que as suspeitas envolvendo as empresas onde trabalhou provoquem questionamentos sobre sua presença no governo. Seu caso evidencia que as denúncias do suposto ‘mensalão’ respingam no governo tucano.

Em 2004, as agências SMPB e DNA abiscoitaram mais de 50% da verba de R$ 30 milhões de publicidade do governo estadual. Esses contratos foram prorrogados, com aditamentos de 25%. A entrada de Esser, em dezembro, coincidiu com os preparativos da nova licitação, em curso, com verba ampliada para R$ 55 milhões, para promover um governo cujo titular poderá disputar a reeleição, o Senado ou a Presidência.

A SMPB e a DNA participam da nova disputa. Não há impedimento legal, apesar de as agências terem os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça Federal, suspeitas de lavagem de dinheiro.

‘Nós estamos investigando todos os contratos dessas agências com o Estado de Minas Gerais e com outros órgãos públicos’, diz Leonardo Barbabella, promotor do Patrimônio Público.

O ‘mensalão’ trouxe à tona uma ação civil pública que envolve, entre outros, o ex-governador Eduardo Azeredo (atual presidente do PSDB), dirigentes da SMPB, o vice-governador mineiro Clésio Andrade e o subsecretário estadual de Comunicação, Eduardo Pereira Guedes Neto.

Eles são acusados de improbidade administrativa por promoverem, em 1998, a transferência de R$ 3 milhões da Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais) e da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) para a SMPB, com o fim de patrocinar um evento, sem licitação. A SMPB participava da campanha eleitoral de Azeredo e de Clésio, candidatos a governador e vice.

Até vinte dias antes da operação, Clésio controlava a Holding Brasil S/A, que detinha a maior parte do capital da SMPB. O Ministério Público Federal suspeita de simulação na transferência das quotas da holding que, na semana passada, teve quebrados pela Justiça os sigilos fiscal e bancário.

A aplicação de R$ 1,5 milhão da Comig foi decidida em Assembléia Geral Extraordinária que colocou em votação ofício, com a data da assembléia, enviado por Guedes Neto, propondo o patrocínio do Enduro da Independência, a título de incrementar o turismo. No mesmo dia, a SMPB recebeu R$ 1,5 milhão da Copasa. O dinheiro foi depositado em conta da SMPB no Banco Rural. O MPF pede o rastreamento do dinheiro e o bloqueio cautelar de bens dos acusados em até R$ 12 milhões.’



Marcos Sá Corrêa

‘A única saída é o controle remoto’, copyright No Mínimo, 10/7/05

‘Passei os melhores dias desta crise às voltas com histórias de brasileiros que ainda acham isto aqui um lugar onde dá para fazer trabalho sério, mal pago e honrado. Pode não ser um programa tão bom como o que deixou ultimamente o Tutty Vasques rindo sozinho. Mas permite olhar o país oficial, senão com otimismo ou mesmo com indulgência, pelo menos com a leveza de quem vê a vida pública brasileira como sede de um país que aos poucos foi deixando de ser o nosso.

É dia de presidente Lula na TV? Se for para dizer que a transposição do São Francisco beneficiará ‘12 milhões de famílias’, sinal de que pretende fazer uma obra de R$ 4,5 bilhões e sacar água do rio sem se dar sequer ao trabalho de aprender que a região inteira não tem essa gente toda, é melhor negócio encarar na tela do computador o catarinense Germano Woehl, um órfão que se criou no cabo de enxada e entregou leite de porta em porta até subir na vida. Não, ele não fundou um partido, aposentou-se antes do tempo, elegeu-se presidente da República e foi passear de Airbus.

Germano perdeu todos esses atalhos que povoaram a nossa política com essa exuberante floração de carcomidos precoces. Deve ser um otário, porque gramou de cabo a rabo todo calvário do ensino público, varando concursos até a tese de doutorado sobre o comportamento do átomo de cálcio congelado num feixe de raio laser. O diploma lhe valeu um emprego no Departamento de Fotônica do Centro de Fotônica do Centro Técnico Aero-Espacial de São José dos Campos e um salário mensal de R$ 5 mil.

E agora, o que faz Germano com tanto dinheiro? Junta trocados para comprar terras em Santa Catarina, tirando das presas da motosserra a Mata Atlântica que lhe ficou como melhor lembrança da infância. Já gastou com esse vício R$ 47 mil. Parece pouco, mas esses caraminguás viraram em suas mãos 146 hectares de florestas, transformadas em reserva, e uma ONG chamada Instituto Rã-Bugio, onde mais de dez mil alunos de escolas públicas já foram conhecer a paisagem nativa antes que ela suma definitivamente do mapa.

Caiu o ministro José Dirceu? Já foi tarde, porque continua firme no timão do Projeto Baleia Franca o gaúcho José Palazzo Truda, que como ele um dia saiu de casa num surto de agitação estudantil e foi enfrentar a ditadura militar. No caso, Truda pegou um ônibus em Porto Alegre aos 17 anos para levar a Brasília um abaixo-assinado que acabara de autografar na saída de um protesto contra a caça de baleias em águas brasileiras. Depois de aderir, ele quis saber o que iriam fazer com o documento. Ninguém sabia. Truda pôs aquilo debaixo do braço e prometeu entregá-lo pessoalmente às autoridades.

No planalto, tirou a sorte grande. Não, ele não virou ministro. Mas ligou para o vice-chefe do Emfa, sem saber sequer que Emfa era o Estado-Maior das Forças Armadas. Só sabia que era ele o destinatário. O atrevimento de Truda deixou intrigado o vice-almirante Ibsen Gusmão Câmara, que marcou a audiência para o dia seguinte e meses mais tarde lhe telefonou, dizendo que tinha levantado uma doação internacional de dois mil dólares para um doido disposto a provar que ainda havia baleia franca na costa do Brasil.

Truda topou na hora. Mudou-se de saco de dormir e binóculo para o litoral de Santa Catarina, onde a armação de Imbituba havia esquartejado a última baleia em 1973. Passou 17 anos dormindo a maioria de suas noites em bancos traseiros de carros roídos de ferrugem. E na temporada de reprodução do ano passado, contou 91 baleias francas, passando pelo Brasil sem serem espetadas por arpões. Observá-las mudou o calendário turístico das praias catarinenses. Os hotéis começaram a encher também no inverno de gente que vai ver o desfile das baleias de Truda.

Lá se vai deputado José Genoíno? Ora, o que não falta é brasileiros que, como Genoíno no Araguaia, foram para o mato mas, ao contrário dele, voltaram com resultados para mostrar. É o caso do entomologista Paulo De Marco, da Universidade de Viçosa, que três anos atrás foi estudar libélulas na Mata Atlântica entre Minas Gerais e Bahia e descobriu nelas um termômetro natural para a avaliar a saúde dos lugares que habitam. Há espécies que proliferam em locais degradados. E outras que desaparecem ao primeiro sinal de degradação ambiental.

Germano, Truda e De Marco constam da lista de pesquisadores que, nos últimos 15 anos, ganharam patrocínio da Fundação O Boticário para projetos capazes de salvar alguma coisa do patrimônio nativo, antes que ele acabe. Porque convém não ter dúvidas: se depender da bagunça oficial, não sobrará muito espaço no velho berço esplêndido para contar a história do Brasil. Agora mesmo, sob este presidente que se comporta como um comediante que foi parar por engano no elenco de uma tragédia, a Amazônia começou a estocar antes da hora os índices de desmatamento que derrubarão o recorde do ano passado, o Incra está comprando até reserva registrada no Rio Grande do Norte para assentar famílias de sem-terra e madeireiras legais deram para ser invadidas por ladrões de árvores no Pará, sintoma de que ele nem eles mais se entendem.

E, quando o circo pega fogo em Brasília, o que queima mesmo é o resto. O biólogo americano John Terborgh, tutor das florestas tropicais, acha que elas estão com os dias contados (há quem preveja a queda da última árvore nativa nos trópicos em 2045, e até quem ache esse cálculo otimista), porque um irônico descompasso da geografia física com a política concentrou as maiores relíquias da vida selvagem em territórios infestados por governos ineptos e corruptos, parasitando sociedades pobres e desiguais, cujo maior denominador comum é a tradição histórica da rapina contra recursos naturais.

Soa mal? Espere para ver os exemplos que ele empilhou no livro Requiem for Nature – que significa isso mesmo que o nome em inglês está dizendo: o elogio fúnebre da natureza à beira da cova. Será que essa gente toda que faz fila há uma década e meia para pegar o patrocínio da Boticário nunca ouviu falar disso? Claro que ouviu. Mesmo porque Terborgh veio ao Brasil três anos atrás, trazido pela própria fundação para falar no 3º Congresso de Unidades de Conservação em Campo Grande.

Se ouviu, por que insiste em fazer o que a maioria não quer? Talvez para dar ao país a chance de falar de outros assuntos, quando a maioria anda deprimida com o mensalão de Lula. Essa minoria, que inscreveu 8 mil projetos no programa da Boticário, aprovou menos de mil propostas e prestou conta dos centavos de uma doação que raramente fura o teto dos R$ 30 mil, no fundo está cansada de saber que acabará sempre perdendo. Mas os heróis originais, os do teatro grego, também eram invariavelmente derrotados pelas conspirações do Olimpo. Deve ser por isso que suas histórias são eternas.’