‘BRASÍLIA – Quanto mais alto o galho, maior o tombo. Quanto mais ostentação, maior o espalhafato das buscas, apreensões e prisões da Polícia Federal. Antes, falava-se no ‘caráter educativo’. Agora, suspeita-se de ‘intenção ideológica’.
Helicópteros, cães, armas e dezenas de soldados em ação. Foi assim, ontem, que a Daslu entrou na mira da PF e foi parar em todos os telejornais. No Congresso, recheado de clientes, não se falava em outra coisa.
O PFL fez fila no plenário do Senado para condenar a ação policial com teorias das mais críveis às mais incríveis: o governo do PT estaria atiçando a ‘luta de classes’, ou desviando o foco dos escândalos, ou, ainda, indo à forra contra o PSDB (Alckmin foi à inauguração da nova loja, onde sua filha trabalha).
Nos demais partidos, divisões. Para uns, se a polícia prende, bate e arrebenta o pé-rapado, tem mais é que partir para cima da turma de salto alto. Para outros, é preciso investigar os poderosos, mas prender uma empresária tão conhecida em cima só de suspeitas é demais. Para mais uns tantos, ‘todo mundo sonega, por que pegar a Daslu para ‘cristo’?’.
E tome de ligar (principalmente a oposição) para o ministro Márcio Thomaz Bastos, ele próprio muito chique, com o maior jeitão de cliente vip da Daslu. Conforme explicou, a PF apenas cumpriu a decisão de uma juíza. Ou seja, cumpriu a lei.
Ele, porém, foi um pouco mais longe para a advogada e deputada tucana Zulaiê Cobra (SP), admitindo que, segundo as pesquisas, cerca de 80% das pessoas aprovam essas ações pirotécnicas da PF num país tão desigual. E concluiu: ‘O povo gosta!’.
Envolvido em tantos problemas com amigos, Valérios, malas, PT, PTB e aliados, é isso que interessa ao governo em ano pré-eleitoral: o povo.
Em resumo: a ação na Daslu tem uma justificação técnico-jurídica e pode ter, de quebra, uma motivação político-ideológica. No mínimo, vem bem a calhar no meio de tanta crise.’
Gilberto Dimenstein
‘Euforia equivocada’, copyright Folha de S. Paulo, 14/7/05
‘A operação da Polícia Federal contra a Daslu produziu uma euforia em determinados segmentos da sociedade como se, enfim, os ricos estivessem sentindo o rigor da lei.
A Daslu, afinal, é menos uma loja e mais um ícone da desigualdade social; todos os endinheirados parecem ter ido para a cadeia com a prisão de Eliana Tranchesi. A euforia está, porém, focando o alvo errado.
Nada contra, óbvio, a polícia punir aqueles que infringem a lei. É bom mesmo que ninguém, muito menos a elite, sinta-se impune; para o trabalhador, a mordida dos impostos já vem no salário.
O que me incomoda é a ilusão movida pelo misto de ressentimento e inveja com ideologia supostamente progressista. Desconfio que, embalado na preocupação legal (o que é elogiável), está embutido um jogo de marketing policial -e, quem sabe, uma dose de narcisismo.
A Daslu não é causadora da desigualdade. É apenas a sua conseqüência. Se nós fôssemos condenar os empresários usando como critério o acesso de seus produtos entre os mais pobres teríamos de colocar na lista teatros, cinemas, restaurantes, salas de concerto, hotéis de cinco estrelas.
E até mesmo segmentos da imprensa escrita, cujos produtos estão longe de chegar a todos. Editoras que fazem livros de arte produzem desigualdade?
Qual é, essência, a diferença da Daslu dos demais shopping centers, levando em conta o tamanho da periferia da cidade de São Paulo. As lojas dos Jardins seriam, por acaso, símbolos de inclusão social?
São todos empresários que, em vez de colocar o dinheiro rendendo num banco, estão gerando empregos e impostos. Isso deveria ser valorizado numa sociedade de especuladores e em que faltam empregos.
Se a Daslu fraudou, sonegou, corrompeu, deve pagar, sem piedade, pelos seus erros.
Mas transformar isso em bode expiatório é mais ignorância do que ideologia.’
Ancelmo Gois
‘Xeques brasileiros’, copyright O Globo, 14/7/05
‘A Daslu está mesmo na berlinda. Na véspera desta ação da PF, ganhou reportagem no ‘Christian Science Monitor’, dos EUA.
O jornal diz que a loja grã-fina é prova da nossa desigualdade. ‘Há uma quantidade de brasileiros ricos como xeques árabes.’’
CRISE POLÍTICA
Eduardo Scolese
‘Diretor da Abin cai após atacar integrantes da CPI’, copyright Folha de S. Paulo, 14/7/05
‘O delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, 45, pediu demissão no início da noite de ontem da direção geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O motivo foi a divulgação de uma mensagem de sua autoria, na qual ataca e ironiza os integrantes da CPI dos Correios. Mauro Marcelo estava no cargo havia um ano.
Em mensagem a servidores da Abin, enviada no dia 6 de julho, Mauro Marcelo chamou os integrantes da CPI de ‘bestas-feras em pleno picadeiro’, numa crítica à forma como a comissão colheu o depoimento de Edgard Lange, agente do órgão.
Ontem, por volta das 22h, Mauro Marcelo chegou ao Palácio do Planalto para formalmente tratar de seu pedido de demissão com o presidente interino, José Alencar, e com o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, general Jorge Armando Félix.
Ontem à tarde, o diretor da Abin estava trabalhando em São Paulo, mas retornou a Brasília assim que soube da repercussão de sua mensagem no Congresso.
Às 23h, o Planalto divulgou nota na qual informa que Mauro Marcelo, ‘alegando razões pessoais’, apresentou seu pedido de demissão, ‘o que foi aceito’. José Milton Campana, até ontem diretor-geral-adjunto, assumirá o comando do órgão interinamente.
Sessão da CPI
Ontem, durante sessão da comissão mista dos Correios, o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), apresentou aos demais parlamentares a mensagem interna da Abin na qual Mauro Marcelo atacou os integrantes da comissão.
‘Neste exato momento, o que devo fazer é elogiar a conduta profissional de Lange, como um verdadeiro herói ao enfrentar as bestas-feras em pleno picadeiro’, diz um dos trechos da mensagem.
No texto, ele ainda critica a atuação da AGU (Advocacia Geral da União). ‘Estou, pessoalmente, tentando entender a falta de empenho da AGU na proteção do nosso servidor. Isso poderia ter acontecido com qualquer um de nós.’
Ontem, ao ser abordado por jornalistas no quarto andar do Planalto, Mauro Marcelo disse que não se arrepende do teor do informativo, mas afirmou que não teve a intenção de ofender deputados e senadores que integram a comissão.
‘Já saí. Eu pedi pra sair. O presidente [Lula] não está aí, então pedi para sair’, afirmou. Em rápida entrevista, o delegado voltou a atacar a forma como o agente da Abin foi exposto durante o depoimento à comissão. ‘É uma mensagem interna aos funcionários [da Abin]. E se vocês [jornalistas] procurarem no dicionário Houaiss, aí, bestas-feras é situação humilhante, e picadeiro é o palco onde ele foi exposto’, justificou o delegado.
Afirmou, a seguir, que sua intenção era apontar uma ‘execração pública’. ‘A mensagem não era [para] ofender os deputados nem o Congresso, mas [para] dizer que ele foi humilhado e [colocado em] execração pública.’
Internet
Antes de assumir a Abin, em julho do ano passado, Mauro Marcelo ficou conhecido por sua atuação no combate a crimes cometidos pela internet na Polícia Civil paulista, onde foi o responsável pela criação do Setor de Crimes pela Internet.
Mauro Marcelo, ao formalizar seu pedido de demissão, apenas antecipou o que ocorreria em seguida em encontro com Alencar e o general Félix. O Planalto já havia definido sua saída do cargo, após pressão do Congresso, principalmente de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado (leia texto na pág. A5). Da França, por telefone, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado da repercussão do caso e determinou a demissão.
A crise política pela qual passa o governo surgiu justamente pela atuação de ex-agentes da Abin, que gravaram imagens de um funcionário dos Correios no momento em que recebia propina.’
Rubens Valente e Marta Salomon
‘Ofício liga Secom a empresa de Valério’, copyright Folha de S. Paulo, 14/7/05
‘Ofício enviado pelos Correios para a SMPB Comunicação, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, revela que a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) tem participação direta na contratação de outra empresa do publicitário, a MultiAction, em eventos promovidos pelos Correios.
Outros ofícios em poder da CPI dos Correios mostram que uma auditoria da empresa detectou a ausência de comprovantes de gastos da SMPB em evento bancado pelos Correios no primeiro semestre de 2004 e ‘inconsistência das propostas’ para escolha de empresas terceirizadas.
A contratação da MultiAction, com recursos públicos, é feita pela SMPB, que terceiriza os serviços de eventos para outra empresa do próprio grupo de Valério.
O ofício que cita a Secom, de março de 2004, desmonta a tese defendida pela secretaria em nota oficial divulgada no último dia 22, que dizia: ‘A licitação, a assinatura, a execução e o acompanhamento dos contratos são processos de responsabilidade exclusiva do órgão ou entidade licitante’.
A MultiAction Entretenimentos Ltda., sediada em Belo Horizonte e com filial em Brasília, é a empresa de Valério especializada em eventos e movimentou, segundo a Receita Federal, R$ 40,2 milhões entre 2000 e maio de 2005.
Um dos funcionários da MultiAction em Brasília é Telma Silva, mulher do diretor de eventos da Secom Marco Antônio da Silva. Ele foi, por 20 dias, representante da Secom da comissão de licitação dos Correios que escolheu a SMPB e mais duas empresas de publicidade dos Correios.
Na agenda de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, há pelo menos cinco registros de almoços e jantares entre o publicitário e o segundo servidor mais graduado da Secom, Marcus Vinicius di Flora.
O ofício foi expedido pelo chefe do Departamento de Comunicação e Marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, em referência a um evento, a Paixão de Cristo, realizado em 2004.
‘Sobre a possibilidade de contratação da empresa MultiAction, caso tenha os melhores preços e condições para a realização da ação promocional no evento Paixão de Cristo, informamos que não há contestação de nossa parte, desde que também haja a aprovação da Secom’, diz o ofício.
Outro ofício enviado pelos Correios à CPI, assinado também por Otaviano Pereira, mostra que a SMPB não vinha cumprindo um princípio básico na escolha dos fornecedores para realização de eventos e ações.
‘Em auditoria interna dos Correios constatou-se que nos orçamentos solicitados a fornecedores constam especificações diferentes para uma mesma ação, bem como a falta dos três orçamentos, conforme previsto’, diz o ofício, de 9 de setembro de 2004.
Ontem, a assessoria de imprensa da secretaria afirmou que o órgão ‘só aprova a planilha de custos’ das empresas terceirizadas, mas não considera isso ‘participar da escolha’. Segundo a Secom, ‘quem escolhe o fornecedor é o órgão, via agência’.
A assessoria dos Correios informou que 2% ou 3% do total de gastos não costumam ser comprovados pelas agências de publicidade, mas são ‘regularizados após cobranças’. Sobre a participação da Secom na escolha da MultiAction, os Correios confirmaram que o aval da secretaria para escolha dos fornecedores é um impositivo legal.
A SMPB afirmou que as notas fiscais ausentes ‘já foram providenciadas’.’
Denise Madue
‘Severino vai à TV culpar governo pela crise’, copyright O Estado de S. Paulo, 14/7/05
‘O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), vai ocupar horário na TV, amanhã à noite, na tentativa de defender o Legislativo e transferir para o Executivo a responsabilidade da crise política. ‘Até agora estamos sem falar nada. Estamos levando a culpa sem ter’, afirmou Severino, após a reunião da Mesa que decidiu pelo pronunciamento.
O discurso de quatro minutos, em rede nacional, será no tom de que a crise partiu do governo federal e atingiu a Câmara, assim como chegou a outros segmentos, como empresas privadas e públicas.
O terceiro secretário da Mesa, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), citou o fato de que, à exceção do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), os principais nomes citados nos escândalos não são de parlamentares. Ele lembrou que o deputado José Dirceu (PT-SP), que reassumiu o mandato na Câmara, era ministro da Casa Civil quando as denúncias sobre corrupção começaram. Gomes também lembrou que nenhum petista afastado da direção do partido tem mandato parlamentar: o ex-presidente José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
‘Os fatos indicam que a crise foi gerada no Poder Executivo e manteve relações com segmentos da sociedade, como empresas e o Congresso’, afirmou Gomes. ‘Todo mundo sabe onde nasceu a crise e a sociedade quer uma resposta da Câmara.’
O terceiro secretário da Câmara ressaltou ainda que, no pronunciamento, Severino deverá falar das frentes de investigação criadas no Legislativo, como as comissões parlamentares de inquérito dos Correios, do Mensalão e dos Bingos e a apuração do Conselho de Ética e da Comissão de Sindicância.
‘Vamos fazer uma prestação de contas’, explicou o presidente da Câmara. ‘É um momento de crise e os 513 deputados estão preocupados não apenas com a imagem do Congresso, mas também com a credibilidade do político’, afirmou Eduardo Gomes.’
Cora Rónai
‘Uma república de bananas’, copyright O Globo, 14/7/05
‘Entrei no táxi que é meu conhecido e, antes mesmo que pudesse dizer boa noite, ele pediu: ‘Dona Cora, a senhora me faz um favor, vamos conversar sobre a sua mãe’. O taxista conhece Mamãe e é fã dos seus feitos esportivos, mas ainda assim estranhei e perguntei por quê. ‘Porque eu acho que ela é uma lição de vida e fico feliz quando falo em gente assim; mas há uma semana, todo mundo que entra neste táxi só quer falar da roubalheira do governo, e eu não agüento mais falar nisso, perco o humor, chego em casa e saio gritando com os meninos.’ Achei o pedido perfeitamente compreensível e, dessa forma, conversando sobre a minha Mãe, campeã de natação aos 81 anos, pessoa sob todos os aspectos admirável e exemplar, percorremos, reconfortados, o trajeto entre o jornal e a Lagoa.
A verdade é que ninguém agüenta mais o noticiário político. Ninguém agüenta mais tanta sujeira, tanta pouca vergonha, tão pouco caso com o dinheiro e a inteligência dos contribuintes. Até os aspectos cômicos da chanchada são nojentos. Habeas corpus preventivo, cem mil dólares na cueca, empresa de games a cinco milhões, malas de dinheiro que a Polícia Federal leva onze horas (onze horas!!!) para contar — mas que mundo é esse?! Que gente é essa?! Como é que consegue se olhar no espelho, dormir, encarar os familiares?!
Como é que ainda estão soltos?!
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Parte do problema, acho eu, está em Brasília. Não a metáfora política, mas o ponto geográfico: para convencer o funcionalismo a se mudar para a então inóspita capital, Juscelino Kubistchek corrompeu toda a estrutura do serviço público. Quem estivesse disposto a fazer o sacrifício da mudança ganhava casa, ajuda de custo e salário em dobro. A partir daí, a cidade perdeu qualquer noção real de dinheiro — aquele dinheirinho honesto e suado, com o qual temos que viver você, eu e o taxista revoltado. Daqueles tempos para cá, Brasília recebeu muita gente direita, que foi para lá de livre e espontânea vontade e vive, a duras penas, à sombra dos palácios milionários; mas aí o estrago moral já estava feito.
Nunca mais político algum precisou pôr a mão no bolso para pagar o que quer que fosse. Todos têm habitação de alto luxo, comida e roupa lavada. Nós, contribuintes otários, trabalhamos para pagar aluguel ou prestação da casa, contas de água, luz e telefone, empregada, escola, roupa, comida, médico, dentista, viagens, transporte; eles trabalham para… para que mesmo, hein?
A casa e as contas deles são pagas por nós; no Congresso há ótimo atendimento médico e odontológico, na cidade há clubes grátis para todos e cada deputado ou senador tem mais empregados do que ocupação para eles. No primeiro escalão, despesas de todo e qualquer tipo podem ser debitadas na famigerada ‘representação’, de lençóis de linho egípcio a sites pornô.
Além disso, como Brasília é longe de tudo, todos têm direito a passagens, correio, telefone e transporte, para não falar naquelas férias obscenas conhecidas por ‘recesso parlamentar’.
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Qualquer um que seja alguém em Brasília perdeu, há tempos, a idéia do que é viver do seu próprio dinheiro. Para a politicalha, a cidade é uma espécie de jogo de monopólio, bancado por terceiros, onde circula uma moeda sem qualquer lastro na realidade.
É por isso que eles falam em milhões com tamanha desfaçatez, por isso não se envergonham de ganhar mensalões ou de andar com alguns trocados na cueca; por isso o presidente Lula acha perfeitamente normal o filho receber cinco milhões de reais da Telemar a título de parceria numa empresa de games que nem página na internet tem. Afinal, o que é isso, cinco milhões de reais? Eu confesso que não sei: minha imaginação de assalariada não chega até lá.
Mas em Brasília, pelo visto, não é nada, apenas uma abstração, tão irrelevante para efeitos práticos e morais quanto os R$ 300 do salário mínimo ou os 27,5% de imposto descontados em folha dos ricaços que, neste país, ousam ganhar mais de R$ 2.326 (ou seja: menos de um décimo de mensalão).
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Enquanto escrevo, terça-feira à noite, as últimas notícias dão conta de que o deputado João Batista Ramos da Silva, aquele que foi pego com dez milhões (quase duas Gamecorps!), teria sido expulso do PFL por ‘sujar a imagem do partido’.
Como é que é?! Sujar a imagem do PFL?!
Mas não estou dizendo?! Brasília vive, definitivamente, numa realidade paralela.
Só pode ter sido lá, nesta outra realidade, que a CNT/Sensus fez a pesquisa que indica que a popularidade do presidente Lula não foi afetada pela crise.
O pior é que ele é capaz de acreditar.’