Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Regina Lima

“Com a decisão de publicar, no último dia 15 de outubro, data que comemora o Dia do Professor, cinco matérias que mostram o significado simbólico da data, a Agência Brasil retoma uma prática de vários anos, interrompida em 2011, quando a ausência de matérias sobre o tema foi reclamada por um leitor que chamou a atenção para a omissão: ‘Notei com tristeza que a Agência Brasil não fez nenhuma matéria especial sobre o Dia dos Professores. Estaria aí um lapso da equipe, que subestimou data tão importante? Ou será que não há muito o quê comemorar nessa classe ainda tão pouco valorizada em nosso país? Ou foi por outro motivo que se esqueceram de mostrar os avanços e gargalos na área? Enfim, gostaria de entender a ausência. Um abraço e parabéns pela qualidade das matérias disponíveis.’

Na época, a observação do leitor foi, inclusive, pauta para esta coluna: ‘Alunos digitais, escola analógica e agência ausente’[1]. Da coluna, vale a pena destacar dois dos vários argumentos usados: o próprio título, que chama a atenção para a importância da relação professor (a)/ aluno(a), e o papel especial da agência pública na cobertura do assunto.

Quanto ao título, a coluna observou: ‘Quem formulou a comparação entre as categorias tecnológicas de desenvolvimento de alunos e escolas foi o historiador e professor da Universidade de Campinas [Unicamp], Jaime Pinsky, na matéria da Agência Brasil CNTE aponta envelhecimento dos professores, publicada em 15/10/2009, Dia do Professor’. O objetivo daquela matéria e de mais quatro publicadas no mesmo dia de 2009 não era apenas o de comemorar a efeméride e sim fazer um balanço do processo histórico da educação em nosso país, resumindo os principais fatos ocorridos, ouvindo especialistas, entidades de classe e principalmente os protagonistas da educação no Brasil: autoridades, alunos, professores e dirigentes, ou seja, a comunidade escolar.

Em relação ao papel especial da agência pública na cobertura do tema, a coluna constatou: ‘A consolidação da agência pública como espaço democrático de debate passa pelo agendamento das discussões que contribuem para a avaliação do rumo das políticas públicas. Para isso, mais importante do que 'fato novo ou informação inédita' é pautar o debate sobre assuntos que outros veículos de comunicação normalmente desprezam. Espera-se que a Agência Brasil, justamente por ser pública, dispense o sensacionalismo produzindo um material diferenciado e aprofundado para aquela data. Só ela tem condições de fazer isso’.

Nas cinco matérias publicadas pela ABr no último dia 15 de outubro, a tônica foi o trabalho de inovação, ouvindo professores e alunos. Foi evidenciado o fato de que atualmente os professores têm um papel social maior, estão mais envolvidos e engajados no exercício da profissão e são reconhecidos como instrumentos que proporcionam a circulação do conhecimento dentro da sala de aula e não mais como o ‘todo-poderoso’, detentor do saber. Isso acontece em razão de utilizar uma metodologia diferenciada, a maneira como conduz as aulas e por considerar os conhecimentos que os alunos levam consigo, fazendo com que cada um manifeste a sua opinião acerca dos assuntos discutidos.

Ilustrando a original dinâmica psicológica e a pedagogia da interatividade, uma matéria, em particular, fez uma abordagem interessante – Com criatividade e tecnologia, professor desperta interesse de alunos pela física e matemática – que falou sobre o professor que ensinou os alunos a criar jogos. Isso é um exemplo de adequação do professor à sala de aula cheia de alunos ‘digitais’. Foi o caminho encontrado para despertar interesse nas disciplinas de matemática e física. ‘Quando joga, ele 'morre' na mesma fase 100 vezes e continua tentando. Quando ensino matemática e o aluno erra o exercício, fica frustrado e não que mais fazer. Outra coisa é a concentração, quando o adolescente joga está muito focado, o que não acontece na aula. Tem também o desafio, a próxima fase precisa ser mais difícil do que a anterior. Na aula, se você dá um exemplo fácil para entender a mecânica primeira e dá exemplos mais difíceis, dizem 'está complicando a nossa vida'‘, explicou o professor Guilherme Erwin Hartung.

Outro aspecto importante desse exemplo é que a matéria publicou o link do site para os leitores terem acesso aos jogos. Como a própria atuação do professor com seus alunos na sala de aula, essa atitude da ABr é de abertura à interatividade, transcendendo o papel ‘analógico’ do cidadão como consumidor. A mídia privada poderia tomar a mesma atitude, mas pararia para pensar duas vezes, para não contrariar os anunciantes que têm interesses comerciais na distribuição de jogos [2].

Outras matérias publicadas pela ABr no Dia do Professor demonstram o papel da agência pública de noticiar ações que estimulam e contribuem o desenvolvimento do exercício da cidadania, como a que fala sobre a professora de São Paulo que criou um ‘remédio’ para combater o bullying na escola [3] e a matéria sobre a utilização de material reciclável na escola do Distrito Federal para fabricar brinquedos para a área de recreio das crianças [4]. Além disso, as referências à utilização dos softwares livres e à finalidade educativa dos jogos são outros aspectos nos quais o papel especial da ABr se confirma por meio da participação e da interatividade.

Boa leitura.

1- http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-10-21/coluna-da-ouvidoria-alunos-digitais-escola-analogica-e-agencia-ausente

2- http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-15/com-criatividade-e-tecnologia-professor-desperta-interesse-de-alunos-pela-fisica-e-matematica

3- http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-15/professora-cria-remedio-contra-bullying-em-escola-da-periferia-de-sao-paulo

4- http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-15/educadores-vencem-dificuldades-e-transformam-processo-de-ensino