Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sem a ferramenta, a imprensa brasileira irá sobreviver?

A maioria dos jornais brasileiros tomou, recentemente, a decisão de sair do Google Notícias, o que significa que o motor de buscas deixa de ter permissão para exibir as matérias dessas publicações. A Associação Nacional de Jornais (ANJ), representando 90% dos jornais em circulação no país, anunciou que seus membros concordaram por unanimidade em retirar seu material do Google, argumentando que o gigante de buscas estava beneficiando-se financeiramente dos 154 jornais, afastando o tráfego de seus sites.

O grupo ficou decepcionado quando a empresa se recusou a compensar sites de notícias por suas manchetes e vem recomendando a opção de abandonar aquele serviço há mais de um ano. Explicando a decisão, o presidente da ANJ, Carlos Fernando Lindenberg Neto, disse que o Google Notícias vinha tendo um impacto negativo sobre os números de audiência dos jornais. Ele disse ao Centro de Jornalismo Knight: “Ao divulgar as primeiras linhas de nossas matérias para os usuários da internet, o serviço reduz as possibilidades de que eles leiam as matérias por inteiro em nossos sites.”

“Estamos numa espécie de empate”

Robin Yapp, ex-correspondente do Daily Telegraph no Brasil, acredita que, embora a proposta pudesse não dar certo em muitos países, a imprensa brasileira poderia aceitá-la. “Não diria que é impossível porque, comparado ao seu peso em outros mercados – como o Reino Unido, os EUA e muitos outros –, o Google Notícias é um fator menos significativo”, disse. “Em outros lugares, provavelmente seria uma loucura os jornais assumirem essa posição, mas no Brasil o Google não tem a dominação global que às vezes parece ter em outros países.”

Yapp, que morava em São Paulo, acredita que talvez não seja intenção dos jornais ficarem permanentemente desligados do Google, mas poderiam usar a omissão como moeda de troca. “Ficaria surpreso se se eles optassem por voltar nas próximas semanas. Imagino que vão dar um tempo – talvez para estarem numa posição de regatear”, disse. “E como o Brasil continua crescendo e se torna importante em termos mundiais – um processo que já começou e provavelmente será acelerado nos próximos quatro anos, com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos – talvez o Google venha a reconsiderar sua relação com o Brasil”, disse Yapp. “Eu diria que, de momento, estamos numa espécie de empate e será fascinante ver como as coisas serão resolvidas. Mas é muito difícil fazer uma previsão precisa.”

Na França, o Google alertou que poderia excluir sites de mídia franceses de seus resultados de busca caso a França adote uma lei que obrigue ferramentas de busca a pagar por conteúdo. Informações de William Turvill [Press Gazette, 31/10/12]