Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O repórter das leis

Morreu por volta das 17h de quinta-feira (7/9), aos 70 anos de idade, o jornalista Thélio de Magalhães – um dos mais experientes e qualificados profissionais da imprensa jurídica do país. Thélio foi vencido por um câncer que o torturava havia um ano.

Thélio pavimentou sua carreira de quase cinqüenta anos no jornalismo com uma característica especial da sua biografia: sobriedade e discrição. Escolheu para si o papel de relatar fielmente os fatos do dia-a-dia forense, da advocacia e assuntos da área sem ceder à tentação de entronizar os temas clamorosos que nem sempre têm real importância na vida da comunidade.

Nos últimos anos atuou como repórter do jornal O Estado de S.Paulo, da TV Globo e da rádio Jovem Pan. Antes, trabalhou também nos jornais Última Hora, Diário Popular e Folha da Manhã.

Segundo o secretário de Negócios Jurídicos do município de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, ex-procurador-geral de Justiça do estado, Thélio “marcou época como poucos”, praticando um “jornalismo sério, competente, sempre fiel aos fatos”.

Para o presidente da OAB paulista, Luiz Flávio Borges D’Urso, a atuação do repórter “é um referencial para aqueles que querem trabalhar com informação na área jurídica”. Não por acaso, destaca o advogado, Thélio, como nenhum outro jornalista, “podia transitar livremente pelo Judiciário, pela magistratura e entre os advogados, graças ao respeito que conquistou”.

Outra liderança da advocacia, o ex-presidente da OAB-SP Antônio Cláudio Mariz de Oliveira fala da admiração que acumulou em 35 anos de relacionamento profissional com o repórter. “Sempre o reputei um dos mais competentes e éticos jornalistas forenses.” O criminalista reafirma um elogiável lugar-comum, quando se trata de jornalistas de forma geral: “Jamais uma declaração minha foi deturpada ou mesmo cortada por ele, que sempre reproduziu de forma absolutamente fiel o que ouvia. Tanto o jornalismo como o Fórum de São Paulo estão mais pobres sem ele’.

Depoimentos sobre Thélio

** Milton Rondas, jornalista e advogado, diretor do jornal Tribuna do Direito, um dos pioneiros do jornalismo jurídico nacional: ‘É duro falar sobre o Thélio. Era um grande amigo, um jornalista daqueles que não se acha mais. Nos velhos tempos, saía a qualquer instante com sua moto, quando era acionado, e trazia notícias 100% apuradas para o Estadão, Jovem Pan e Globo. Nos últimos tempos, apesar das dificuldades para enxergar, continuava a passar boletins para a Jovem Pan. Escrevia com letras enormes no papel para conseguir ler. Mas não parou. Tinha verdadeiro tesão pelo que fazia. E por ser quem é teve o apoio das três empresas para as quais trabalhava (Estadão, JP e Globo) até o fim’.

** Luiz Antonio Guimarães Marrey, secretário de Negócios Jurídicos do município de São Paulo, ex-procurador-geral de Justiça do estado: ‘Convivi com Thélio muitos anos, ele cobria justiça em seu cotidiano, ia muito ao 1º Tribunal do Júri, onde eu era promotor. Fazia jornalismo sério, competente, sempre fiel aos fatos em suas notícias, marcou época como poucos fizeram, grande perda para o jornalismo brasileiro, gostaria que outros se inspirassem nele e seguissem seus passos, o Brasil precisa de outros Thélios na justiça.’

** Ari Schneider, editor do jornal O Estado de S.Paulo: ‘Nas várias redações onde tive a oportunidade de cruzar com Thélio de Magalhães, só encontrei motivos para admirar sua competência, seriedade e dignidade profissional. Na fronteira jornalística que escolheu para sua militância, ninguém foi mais valoroso que ele’.

** Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB paulista: ‘Eu conheci o Thélio primeiro pelos seus textos quando eu era estudante, há muitos anos atrás. Ele fazia coluna forense no jornal do Estado de S.Paulo. Ele sempre escreveu de forma muito direta e própria para o público em geral abordando assuntos profundos de Direito. Depois que eu me formei ele me entrevistou muitas vezes. Ele é um referencial para aqueles que querem trabalhar com informação na área jurídica. Thélio podia transitar livremente pelo Judiciário, pela magistratura e entre os advogados, graças ao respeito que conquistou”.

** Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminalista, ex-presidente da OAB-SP: ‘Eu conheço o Thélio há 35 anos e sempre o reputei como um dos mais competentes e éticos jornalistas forenses. Jamais uma declaração minha foi deturpada ou mesmo cortada por ele, que sempre reproduziu de forma absolutamente fiel o que ouvia. Tanto o jornalismo como o Fórum de São Paulo estão mais pobres com o falecimento do Thélio.’

** Segurado Braz, desembargador do TJ-SP: ‘Como homem, jornalista e amigo sempre mereceu nossa admiração. Thélio sempre teve acolhida especial na Terceira Câmara Criminal do TJ-SP,onde acompanhou memoráveis casos, dentre eles o da Favela Naval, caso Celso Daniel e outros que relatamos com a fiel cobertura desse grande jornalista.’

Márcio Kayatt, secretário-geral da Aasp: ‘Nutria pelo Thélio primeiro uma relação de afeto, até porque ele teve uma passagem como assessor de imprensa da Aasp. Foi uma figura ímpar no jornalismo jurídico. Tinha uma particularidade: uma certa dificuldade na hora de entrevistar seu interlocutor, mas uma magia tomava conta quando ele ia ao ar pela Jovem Pan e ele transmitia o melhor boletim da rádio. Uma grande perda para o jornalismo. Da mesma forma que a Jovem Pan criou o Instituto Narciso Vernizzi, deverá criar o Instituto Thélio de Magalhães. Ouvintes da Jovem Pan, como eu, sempre paravam para prestar mais atenção quando o Narciso falava do tempo e o Thélio da Justiça’.

** Paulo Esteves, advogado criminalista: ‘Thélio será lembrado com saudades. Era uma referência no jornalismo jurídico. Percorria diariamente fóruns e tribunais para retratar com propriedade os assuntos do Judiciário. Perde o jornalismo, perde o Judiciário e perde a sociedade’.

** José de Sá, professor doutor da Escola de Jornalismo da Universidade Metodista, ex-assessor de imprensa do Ministério Público paulista e assessor do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor): ‘O jornalismo perde um grande símbolo. Thélio, durante décadas superou todas as dificuldades e adversidades para se tornar uma referência sem par na área da Justiça – muitíssimo, admirado por promotores juizes e advogados.’

** Sarah Bottos, advogada paulista: ‘Indiscutivel é a importância de Thelio de Magalhães, alguém que nos brindou pelo simples fato de sua existência. Homem de notável saber, que construiu sua vida sob a égide da justiça e da dignidade.’

** Luís da Velosa, bacharel: ‘É indizível a desolação que invade o nosso estado d´alma, ao tomarmos conhecimento da morte do notável e generoso jornalista Thélio de Magalhães’.